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Mais Médicos: Programa chegará a 118 cidades no Pará

Programa tem atingido regiões mais remotas do Brasil. FOTO: MARCELO CAMARGO / AGÊNCIA BRASIL
Programa tem atingido regiões mais remotas do Brasil. FOTO: MARCELO CAMARGO / AGÊNCIA BRASIL

Luiza Mello

Os novos profissionais selecionados no primeiro ciclo do Mais Médicos começam a chegar nos municípios que serão atendidos nesta nova fase do programa, reeditado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No Pará, 291 médicos já estão se apresentando nas unidades básicas de saúde. São 590 vagas reservadas ao Pará do total de mil novos postos de trabalho inéditos destinados à região da Amazônia Legal. De acordo com o Ministério da Saúde, o objetivo é atender os vazios assistenciais do país nas regiões de alta vulnerabilidade, difícil fixação e com alto índice da população que depende unicamente do Sistema Único de Saúde (SUS).

A previsão é que o Mais Médicos chegue a 2.074 cidades brasileiras, entre elas 118 no Pará. Deste total, 25 municípios paraenses foram identificados com “muito alta vulnerabilidade” e outros 11 com “alta vulnerabilidade”. Essa avaliação em um município depende de critérios que tomam como base o Índice de Vulnerabilidade Social (IVS), elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e apontam maior carência e necessidade de reforço no atendimento à população.

Para esses municípios paraenses, o governo federal concentrou em nove a oferta de 118 vagas das 346 destinadas para as cidades com maiores índices de vulnerabilidade, o que equivale a 34%. São elas: Portel com 19 vagas); Viseu (16); Breves (15); Itupiranga (14); Afuá (12); Monte Alegre (11); Gurupá (11); Baião (10); e Abaetetuba (11 vagas), que embora não apresente tão baixos índices de vulnerabilidade, comprovou a necessidade de prover a população com mais médicos.

Os profissionais que começam a chegar nessas localidades vão atender nas unidades públicas municipais. O foco é a atenção primária, porta de entrada do SUS. A atenção primária é o primeiro atendimento ao cidadão. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) quando bem estruturado, esse primeiro atendimento consegue resolver cerca de 80% das queixas de saúde mais comuns.

“Reformulado e fortalecido, o programa cumpre um papel fundamental e estratégico para o SUS ao levar e formar profissionais especialistas e resolutivos para a Atenção Primária brasileira”, destaca o secretário da Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Nésio Fernandes.

“Estudos recentes, tanto nacionais quanto internacionais, demonstraram redução de até 25% da mortalidade infantil naquelas cidades que têm maior presença de profissionais do programa Mais Médicos em atuação”, informou a ministra.

FALTA

Levantamento divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) em fevereiro deste ano, portanto ainda sem ter impactos da nova gestão do presidente Lula, mostra que faltam médicos na atenção primária em uma em cada três cidades brasileiras, incluindo grandes centros urbanos. As regiões Norte e Nordeste são as mais prejudicadas no cenário nacional.

O levantamento alcançou 3.385 gestores municipais que responderam via call-center. Essas cidades, segundo a CNM, concentram cerca de 112 milhões de habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Como resposta, o Ministério da Saúde assumiu o desafio de fortalecer o atendimento primário à população. De acordo com a pasta, para fazer chegar o atendimento primário às localidades desassistidas, o programa estabeleceu estratégicas de incentivo, como indenização e o auxílio no pagamento da dívida do FIES, complemento do auxílio do INSS e entre outros benefícios.

Com o propósito de atender essa população vulnerável o programa ampliou o número de vagas para a contratação de novos médicos e lançou o edital do 28º ciclo, que prevê para 42 cidades paraenses a habilitação de mais 74 profissionais.

No primeiro ciclo, cujo edital disponibilizou 5.968 vagas, foram selecionados 4.107 profissionais que já se apresentaram nos municípios de todas as regiões do país, sendo a maior parte na região Norte. Para o preenchimento das vagas remanescentes providas por médicos que não conseguiram apresentar a documentação necessária.

No final de junho, o Ministério da Saúde publicou um novo edital para contratação de profissionais de saúde para os municípios brasileiros, desta vez propondo a coparticipação das prefeituras. Esse novo chamamento disponibiliza 10 mil vagas aos gestores locais, que devem indicar o número de profissionais necessários para a sua região. Após a análise dos pedidos pelo Ministério, será aberta a inscrição para os médicos interessados em participar do programa.

Com essa série de estratégias, a pasta trabalha para garantir a atuação dos médicos nas regiões mais difíceis do país, garantindo a resolutividade da atenção primária, e o atendimento qualificado à população com profissionais especializados em Saúde da Família e Comunidade.

Em Mosqueiro, médica já atende comunidade

Pryscila Soares

Os bairros Sucurijuquara e Carananduba, localizados no distrito de Mosqueiro, já estão sendo beneficiados pelo Programa Mais Médicos. A chegada da médica generalista recém-formada Hanna Kainã Rocha, de 25 anos, foi um alento para as comunidades que buscam atendimento na Unidade Básica de Saúde do Bairro Sucurijuquara, que estava há quatro meses sem médico.

Natural do município de Altamira, no sudoeste paraense, Hanna está atuando há uma semana no local. A médica recorda que precisou tomar a decisão de sair cedo de casa para estudar na capital paraense e realizar o sonho de ser médica. Em Belém, ela prestou vestibular e conseguiu se formar em medicina.

Iniciar a vida profissional atuando na Atenção Básica era um de seus objetivos. “A oportunidade surgiu após a divulgação do edital do Programa Mais Médicos e pela mobilização dos colegas de turma para a antecipação da formatura, para que os interessados pudessem se inscrever”, explica. “Estou orgulhosa disso. Sempre foram meus objetivos: trabalhar primeiramente na Atenção Primária em Saúde e ajudar as pessoas com o meu conhecimento e assistência”, assinala.

O incentivo da família foi fundamental para as conquistas que Hanna vêm alcançando. “Minha família sempre me apoiou e incentivou. Desde criança me incentivaram a estudar, a fazer cursos extracurriculares, além de ter contato com o público em geral, pois sou filha de professora e neta de comerciante”, disse.

Na UBS, Hanna está tendo a oportunidade de atender pessoas de comunidades quilombolas e a população em geral. “Com o Programa Mais Médicos é possível assistir às populações que mais precisam. Também os assentados e a população em geral. Inclusive, a territorialização também engloba o bairro do Carananduba. A comunidade e equipe da unidade estão muito felizes com a minha chegada para completar a equipe. São muito educados e gratos com a disponibilidade e atenção”, informou.


Hanna Kainã já está atendendo na unidade de saúde Sucurijuquara, no distrito de Mosqueiro foto: reprodução