Cintia Magno
As luzes que anunciam a chegada do Natal já estão espalhadas pelas ruas da cidade. A um mês da data que comemora o nascimento de Jesus Cristo, cresce a expectativa pelos festejos carregados de simbolismo que tanto caracterizam essa época do ano. No caso de quem vivencia na própria pele um dos símbolos do Natal, o Papai Noel, é tempo de emprestar a voz para dar a risada que faz a alegria não só de crianças, mas também de muitos adultos.
“Quando eu sinto que as pessoas estão sentidas com todos esses problemas globais que estamos vivendo, eu faço um Ho-ho-ho! e aquilo vai embora”. A experiência de ver o efeito que a magia do Natal é capaz de gerar nas pessoas é relatada por quem já dá vida ao personagem do Papai Noel há quase 30 anos. Desde 1994, Marcelo Vieira de Melo vivencia um final do ano diferente, recebendo o carinho e a visita de centenas de pessoas que ele nem conhece.
“Aqui nesse shopping que me acolheu, eu tenho a satisfação de encontrar crianças de um ano a até 14 anos. Tem alguns que vinham comigo quando eram crianças e que hoje já estão com quase 30 e eles não têm vergonha de tirar foto comigo porque foram acolhidos por mim quando eram pequenos, então eu me sinto lisonjeado e também agradeço a Deus de poder chegar a mais um Natal”.
Mesmo que os compromissos como Papai Noel iniciem ainda em novembro, é no mês de dezembro que a maratona se intensifica. As pessoas querem encontrar o ‘Bom Velhinho’, as filas aumentam, as fotos se multiplicam e tudo fica mais intenso. “O Natal é assim mesmo. Então, eu procuro fazer as minhas caminhadas, procuro melhorar a alimentação quando vai chegando perto, oração também sempre é bom para se conectar com o Divino e é isso. O Papai Noel é uma pessoa normal”, comenta Marcelo, ao falar da expectativa que já vivencia.
“As expectativas são um vulcão de esperança para as pessoas porque como nós estamos vivendo uma situação global de guerras, a gente tenta transmitir o máximo de alegria possível”.
Ele lembra, inclusive, que não são apenas as crianças que vão ao encontro do Papai Noel nessa época do ano, mas também muitos adultos fazem questão de manter essa tradição de reencontro com uma memória de infância ligada ao Natal. “Muitos adultos vêm até mim e dizem que ainda tem uma criança dentro deles e é verdade, a memória da gente fica lá na infância. Eu me sinto lisonjeado porque tem senhoras que dizem que nunca tiraram foto com o Papai Noel e vêm para tirar comigo. Isso é algo que me deixa muito feliz”.
“É uma experiência legal, eu me sinto muito bem fazendo isso”
A felicidade de poder transmitir um momento de alegria a alguém que nem se conhece também é sentida por Rui Martins, que há alguns anos passou a vivenciar a experiência de ser o Papai Noel de inúmeras crianças. Ele conta que a oportunidade chegou quase por acaso, mas logo foi abraçada por ele.
“Apesar de não ter filhos e nem netos, eu tenho muitos netos por afinidade, sempre trabalhei muito com criança, apesar da minha profissão não ter ligação nenhuma. Eu sou administrador e trabalho com TI, mas sempre tive muitos projetos sociais, há quase 20 anos”, introduz.
“Certa vez um amigo que é dono do restaurante me convidou para participar das apresentações que eles fazem para crianças carentes no Famiglia Sicilia. Como eu já tinha começado um trabalho social com ele, ele me chamou para participar dessa ação com as crianças e eu fui, só que eu já estava com a barba branca, embora ela ainda fosse curta, e a criançada começou a chegar e achou que eu era o Papai Noel”.
Nesse momento, o amigo de Rui perguntou se alguma vez na vida ele já tinha sido o Papai Noel e, diante da resposta negativa, fez o convite que foi prontamente aceito. “Ele perguntou se eu não queria ser o Papai Noel dele no show e eu aceitei. No primeiro ano acabou não dando certo, mas nos anos seguintes eu fiz. Foram quatro anos fazendo esse show lá com ele. Eu achei o maior barato”, conta.
“Foi por acaso que eu comecei a ser o Papai Noel e eu gostei muito. A minha família, na época, achou meio esquisito porque falavam que eu tinha sido executivo e agora ia virar Papai Noel, mas para mim estava sendo divertidíssimo, apesar de ser uma maratona grande”.
Ainda trabalhando, Rui fazia dois shows vestido como Papai Noel por noite, ao longo de quase dois meses, e pela manhã seguia a rotina de trabalho. O cansaço é inevitável, mas acaba sendo recompensado pela alegria que proporciona às pessoas.
“Como eu sempre brinco, o Papai Noel é fantasia, mas a minha velhice é de verdade. Então, eu tenho que me cuidar porque o corpo acaba pedindo arrego”, sorri. “Agora, nesses dois últimos anos eu não fiz mais os shows porque a minha esposa ficou doente e eu precisei acompanhá-la, mas de vez em quando eu me visto de Papai Noel e me apresento para algumas famílias que me ligam e pedem para eu ir em um almoço, distribuir presentes para as crianças. Então, quando as pessoas me ligam e pedem para fazer alguma festa eu vou, quando é alguma ação social eu não cobro nada, até porque o trabalho é mais colocar a roupa porque a cara de Papai Noel eu já tenho. É uma experiência legal, eu me sinto muito bem fazendo isso”.