Cintia Magno
Está chegando a hora dos quase 3,4 milhões de inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em todo o Brasil aplicarem os conhecimentos trabalhados ao longo do ano. As provas serão realizadas nos dias 13 e 20 de novembro e demandam calma e estratégia para assegurar um bom desempenho.
Somente no Estado do Pará, o exame que garante o acesso às principais instituições de ensino superior do país registrou quase 200 mil inscrições.
Depois de um longo período de preparação, o momento da prova é o de colocar em prática a estratégia traçada durante o ano. A conclusão parece óbvia, mas o professor de história no Colégio Acrópole, Jairo Agrassar, aponta que acontece de alguns candidatos resolverem mudar a estratégia na hora da prova, o que não favorece o bom desempenho.
“Eu sempre digo para os alunos que vêm se preparando e fazendo simulados ao longo do ano, que a estratégia que eles montaram ao longo do ano é aquela que ele vai ter que usar na hora da prova. Não adianta mudar, no dia da prova, uma estratégia que ele já vem elaborando e que vem dando certo o ano todo”, orienta.
“Então, ele precisa ter calma e colocar em prática o que ele elaborou durante a sua preparação e os simulados que ele vem fazendo e começar por aquela área de conhecimento que ele começou bem e depois partir com tranquilidade para as demais”.
Outro ponto fundamental, no momento da prova, segundo o professor, é controlar bem o tempo para não perder muitos minutos em questões que o candidato esteja apresentando maior dificuldade. Ele lembra que, dentro da prova não existe a identificação de qual questão é fácil, qual é média ou qual é difícil, portanto, quem vai determinar isso é o próprio aluno.
“Ele vai começar a fazer a questão e, se perceber que está com muita dificuldade naquela, deve passar para outra porque não pode perder tempo”, considera. “O tempo médio de cada questão é de 3 minutos. Se ele perde muito tempo em uma questão difícil, ele pode perder uma questão fácil lá na frente porque não teve tempo hábil de fazer aquela questão”.
Se o candidato fez a primeira leitura e não conseguiu visualizar o que a questão está pedindo ou está com dificuldade de encontrar a alterativa que melhor se adeque, o ideal é passar logo para outra questão para não perder um tempo que ele pode precisar lá na frente. Após resolver as questões que têm maior facilidade, poderá retornar com mais calma para as que ficaram travadas.
“Ele não pode perder nenhuma questão fácil. O TRI (Teoria de Resposta ao Item, modelo usado pelo Enem) tem essa proporcionalidade entre as questões fáceis, médias e difíceis. Então, o candidato tem que acertar todas as fáceis, a maior parte das médias que ele puder e as difíceis se ele acertar melhor, mas se não acertar tudo bem”, explica o professor. “Só que não pode errar nenhuma fácil, então, ele não pode perder tempo em questões que ele erraria para deixar de fazer aquelas que ele tem certeza que vai acertar”.
ESTRATÉGIAS
Ainda nas estratégias de gestão do tempo, Jairo Agrassar lembra que é importante reservar um período suficiente para o candidato marcar o cartão-resposta com calma, para evitar erros.
“Existem alunos que vão marcando o cartão resposta ao longo da prova, isso é uma estratégia que quem vai determinar é o aluno. O que ele precisa ter é muita calma. Se ele for marcar o cartão durante a prova, ótimo, mas faça com calma para não acabar marcando errado. Mas se for deixar para marcar depois da prova, tirar uns 20 minutos para não ter problemas depois”.
Em relação à disciplina de história, inserida na área de conhecimento de Ciências Humanas e suas Tecnologias, o professor lembra que as questões costumam ser contextualizadas, o que também demanda atenção redobrada. “É preciso ler o texto com calma, marcar as palavras chaves e ficar atento ao comando da questão porque é o comando que vai determinar a resposta”, alerta.
“Muitas vezes o aluno lê muito bem o texto, mas não lê com atenção o comando da questão e aí ele erra. As alternativas da prova do Enem, todas têm a ver com o assunto tratado no texto, mas só uma responde o comando, ao gabarito. Então, se o aluno não lê o comando direito, se ele não souber exatamente o que a questão está pedindo, ele pode correr o grande risco de errar a questão porque todas as alternativas têm a ver com o assunto, só que só uma responde o comando”.
Redação também demanda cuidados
Elemento que costuma ter um peso significativo na nota final do Enem, a redação também demanda cuidados. A professora de redação no Colégio Acrópole, Maira Neves, destaca que o primeiro cuidado essencial é com a frase temática.
“O aluno precisa ler com calma a proposta de redação, grifando as informações principais, e ler com bastante calma a frase temática porque ele precisa tirar da frase temática os pontos centrais, as palavras-chave para que ele não corra o risco nem de tangenciar e nem de fugir ao tema”.
Para isso, a professora lembra que o candidato deve reunir ideias para depois organizar um brainstorm e colocar na estrutura dissertativa-argumentativa, com a introdução, os dois parágrafos de desenvolvimento e a proposta de intervenção.
“Ele precisa se lembrar que a redação do Enem parte de uma situação-problema, exige análise dessa situação-problema em relação às suas causas e consequências e pede a solução dela a partir de cinco elementos”, orienta.
“Esses cinco elementos são fundamentais para a nota, eles compõem a última competência da redação, que é a proposta de intervenção e o aluno precisa colocar o agente, a ação, o meio, o detalhamento e a finalidade”.
ESTRUTURA
A professora reforça que essa é uma estrutura fixa que deve ser bem observada porque é essencial para ter uma nota acima da média dentro da redação. Sobre o melhor período para fazer a redação, se no início ou no final da prova, a professora esclarece que depende de cada aluno. “Se ele se sentir confortável com a temática que for oferecida pela prova, ele deve fazer logo no início. Se ele tiver alguma dificuldade, ele precisa observar”, considera.
“Se por acaso o tema for difícil, surpreendente é interessante ele fazer o mesmo movimento – ler com atenção a frase temática e os textos motivadores, fazer um esqueleto do texto, colocar as ideias principais – e se não se sentir seguro suficiente para já começar a escrever, ficar com aquela sensação de ‘branco’, ele deve partir para a prova de linguagens”.
Maira lembra que a prova de linguagens vai trazer poemas e textos que vão suscitar no candidato algum tipo de informação que vai ser útil para a produção do texto e, aí, ele poderá voltar, produzir o rascunho e passar a redação a limpo.
“É interessante que o aluno tenha uma hora e meia de tempo para produzir a redação, isso significa ler a proposta, fazer o brainstorm, fazer o esqueleto, produzir o rascunho, corrigir o rascunho, que é muito importante, passar a redação a limpo com todo o cuidado porque ele não pode repetir palavras ou pular alguma palavra que dê sentido à frase porque, se não, ele vai incorrer em desvio de norma culta, ele precisa colocar todos os conectivos, então, isso tem que ser feito com o máximo de atenção”, alerta. “Então, uma hora e meia é o tempo adequado para ele produzir o texto sem se prejudicar nas demais áreas do conhecimento”.
RECOMENDAÇÃO
Para evitar erros que poderiam ser evitados, a recomendação é ler com atenção o texto base e também o comando da questão para poder marcar a alternativa correta. “Muitos alunos perdem questões não porque não sabem, mas porque, muitas vezes, o vocabulário está limitado. Às vezes vem na alternativa uma expressão, uma palavra que ele não sabe o significado e ele acaba perdendo aquela questão por causa disso. Então, é apurar mais o seu vocabulário e dominar os conceitos porque a prova do Enem, na parte de ciências humanas, é bem conceitual. Esse é um dos eixos cognitivos da prova do Enem. Então, dominar conceitos, expressões e apurar o seu vocabulário ajuda bastante na hora da prova, justamente na interpretação do texto, na interpretação do comando e na assertiva da resposta correta”.