Brasil enfrenta uma dificuldade permanente com o ensino da matemática, já que 95% dos estudantes terminam o ensino nas escolas públicas sem o conhecimento adequado na disciplina e apenas 5% dos estudantes do 3° ano do ensino médio conseguem resolver cálculos usando recursos como a probabilidade ou o Teorema de Pitágoras. Os dados são de 2021 do Sistema de Avaliação do Ensino Básico (Saeb), o termômetro da educação brasileira, que avalia a qualidade da educação oferecida aos estudantes.
Para tornar o ensino de matemática mais acessível, melhorar os índices de aprendizado e mostrar que a disciplina está presente no dia a dia dos alunos, a Escola Estadual Severiano Benedito de Souza, em Santa Maria do Pará, na região de integração do Guamá, implementa o projeto “Ler para aprender Matemática”, que será desenvolvido durante todo o ano letivo de 2023.
“Ao longo desses anos de ensino, percebemos que os alunos têm dificuldade em aprender matemática, principalmente na leitura e compreensão dos enunciados, as situações problemas. Mas todas as avaliações, tanto estadual quanto nacional, perpassam pela resolução de problemas, que exigem do aluno muita leitura e compreensão. Então, para tentar contornar as dificuldades foi pensado o projeto, acreditando que a leitura é o caminho que ajudará nossos alunos a se tornarem leitores competentes e aptos a aprenderem melhor”, explica o criador da iniciativa, o professor de matemática Vandey Trajano Soares.
A aluna Daiana Lopes da Silva, do 1° ano, pretende se dedicar durante o projeto para melhorar o aprendizado, evoluir no aprendizado e desmistificar que a disciplina seja difícil. “O projeto vai contribuir para a formação porque tenho muita dificuldade com a disciplina, principalmente em matemática básica, como continhas de vezes e MMC e MDC”, revela.
Método – O projeto é baseado no livro “Ler, escrever e resolver problemas: habilidades básicas para aprender Matemática” das autoras Kátia Stocco e Maria Ignez Diniz, que traz orientações para utilizar a leitura como objeto de conhecimento matemático no ensino fundamental 1, mas que pode ser adaptado para o ensino médio. A leitura nas aulas de matemática desenvolve nos estudantes a competência da comunicação, contemplada na Base Nacional Comum Curricular (BNCC ) e Documento Curricular do Estado do Pará (DCEPA).
As práticas de leitura serão feitas em diversos textos, como poemas, livros didáticos, tabelas, gráficos, artigos de jornais e revistas, além dos exemplos do cotidiano, como as faturas de energia elétrica e água. As dinâmicas serão feitas em grupos ou de forma individual.
“Sempre após a leitura e socialização do texto lido, eles responderão questões sobre o texto. Orientarei para que busquem nos dicionários termos matemáticos que eles não saibam o significado e anotem no caderno para aumentar o vocabulário matemático. Só então partiremos para o processo de resolução e socialização das respostas”, resume Vandey.
A matemática é desafiadora e difícil para a estudante Maria Rita da Silva, do primeiro ano do ensino médio. “A expectativa é de conseguir entender a matemática, superar dificuldades e entender certos problemas. Vai contribuir com minha formação porque usamos a matemática no cotidiano”, contou.
O público do projeto é composto por alunos da primeira série e do ensino médio integral, tanto na Formação Geral Básica (FGB), quanto no Projeto Integrado de Ensino (PIE). O “Ler para aprender Matemática” integrará as itinerâncias da Formação para o Mundo do Trabalho (FMT).
“Essa é a parte flexível do nosso currículo, pois acreditamos que a leitura não é responsabilidade somente dos professores de Língua Portuguesa, mas sim de todos os professores de todas as áreas do conhecimento”, afirma o professor Vandey.
Segundo o diretor Odair dos Santos Medeiros, a escola está com uma grande expectativa em relação ao projeto. “Já que é essencial formar leitores competentes em matemática, que possam aprender a decodificar de maneira correta as proposições textuais, principalmente nesse pós-pandemia, em que a recuperação da aprendizagem se faz extremamente necessária. Sabemos o quanto desafiador é aprender matemática, por isso, ficamos felizes, apoiando todas as iniciativas que, norteadas pelo Projeto Político Pedagógico da escola, bem como o planejamento anual pedagógico, visem a melhoria do ensino/aprendizagem”, comentou.
A escola Severiano Benedito de Souza possui 960 alunos matriculados em 27 turmas, nos turnos manhã, tarde e noite, no ensino fundamental, médio regular, médio integral e Educação de Jovens Adultos (EJA) médio. A unidade escolar foi entregue reconstruída pelo Governo do Pará, em dezembro de 2020.
Fonte: Agência Pará