Ana Laura Costa e Trayce Melo
Ontem (5) foi o primeiro dia das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), neste domingo (5). Em Belém, muitos resolveram chegar até uma hora antes da abertura dos portões para evitar o risco de perder o exame. Cerca de 40 minutos antes da abertura dos portões de uma faculdade particular na rua Municipalidade, no bairro do Reduto, havia uma imensa fila de candidatos. Os portões foram abertos às 12h (horário de Brasília), em todo o país.
A estudante Monique Karen, de 18 anos, chegou no local às 10h30. A preocupação era evitar problemas e imprevistos. Ela disse que mora no bairro da Terra Firme e vai prestar vestibular para fisioterapia. “Eu não moro tão longe, mas é melhor chegar cedo do que não entrar. Eu vim de uber com a minha irmã, ela está me dando forças aqui. Tinha tanto colégio lá por perto, mas me colocaram para fazer prova aqui para o centro da cidade”, contou. “Estou um pouco nervosa, mas eu me preparei o ano todo para esse momento. Eu estudo na rede pública, mas qualquer curso preparatório para o Enem que me indicaram eu estava fazendo”, disse.
Também na Universidade do Estado do Pará (UEPA – CCSE), na travessa Djalma Dutra, no bairro do Telégrafo, estudantes faziam filas para aguardar a abertura dos portões. A fila chegou a dobrar o quarteirão, motoristas faziam fila dupla de carro e o trânsito era lento no local.
Ana Alice Caldas, 27, também não arriscou um atraso. “Eu sou do bairro da Terra Firme e cheguei por volta das 10h para não perder o horário. Eu vim de moto uber, foi bem tranquilo o trânsito”, avalia Ana Alice. “Eu sou estudante de enfermagem em uma faculdade particular, mas eu quero tentar cursar biomedicina na UFPA. Eu me interessei muito pelo curso nos últimos meses”, afirmou.
Ana Dulce, 55, levou a neta Andressa até o local de prova. “O sonho dela é passar em enfermagem. Como eu sou uma avó babona, eu trouxe ela até aqui, vou esperar mais um tempinho até o fechamento dos portões e depois volto para buscar. A gente mora na Pedreira, pegamos um uber e conseguimos chegar bem antes do horário previsto”, explica.
A Universidade Federal do Pará (UFPA), no bairro do Guamá, tem o maior número de salas para a aplicação do exame. No portão da universidade onde está o terminal de ônibus, muitos pais aguardavam ansiosamente pelos seus filhos. Foi o caso da enfermeira Alexandra Pantoja, 45, que trouxe o filho Arthur, 17. O filho quer cursar medicina e a mãe fez questão de acompanhar ele até o local e esperou até sua saída da prova. “Ele se preparou bastante, estudou muito para esse momento e eu creio que ele fará uma boa prova. É um menino muito esforçado. Ele almoçou aqui pela frente mesmo, mas fiz um sanduíche natural para ele comer durante a prova. Antes de vir prá cá, fomos até a igreja agradecer ao senhor. Agora é confiar nos planos do nosso Deus”, completou.
Na Universidade Federal do Pará, dezenas de pessoas também ficaram do lado de fora estimulando os candidatos a correrem antes do fechamento do portão. No entanto, alguns candidatos não conseguiram chegar a tempo.
SAÍDA
No Pará, 229.179 alunos estão inscritos para o exame, nos 144 municípios paraenses. Em Belém, após quatro horas de prova, o estudante Iuri Almeida, 21saiu bem satisfeito com o próprio desempenho no exame, feito na Escola de Aplicação da UFPA. Iuri, que já é formado em Educação Física, agora tenta uma vaga na universidade em cursos da área da tecnologia e está otimista.
“Vou escolher o curso conforme for a minha nota. Mas a prova de hoje foi excelente, me considero bom em ciências humanas e sempre fui muito bom em português, então fazer uma prova que reúne as disciplinas que tenho afinidade, foi excelente! Apesar de não estar esperando pelo tema da redação, acredito que me saí bem”, afirmou.
No caso de Erick Martins, 26, que realizou a prova pela primeira vez, o jeito vai ser compensar o desempenho no próximo domingo (12), quando serão aplicadas questões de ciências da natureza e suas tecnologias, e matemática e suas tecnologias. “Pensei que o tema da redação seria sobre as guerras atuais, então fui surpreendido. Considero meu desempenho na prova de hoje razoável, mas acredito que no segundo dia de prova será melhor, já que é mais minha área, estou tentando vaga para os cursos de Analista de sistemas e Contabilidade”, explica.
Já o candidato João Victor, 20, gostou do tema mas avalia que a primeira prova foi cansativa em função da quantidade de textos. No entanto, o estudante que já cursa a faculdade de Direito, considera positivo o desempenho no exame e afirma que está indo atrás do que realmente gosta. “Estou indo atrás do que realmente quero para minha vida, quero fazer computação e passar na UFPA”, disse.
segurança
operação
A “Operação Enem 2023”, coordenada pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), iniciou às 6h da manhã, com a escolta das provas, realizada pela Polícia Militar do Pará, até os locais onde foram aplicadas. Às 10h da manhã todas as provas já haviam sido entregues. Cerca de 4.600 policiais estiveram envolvidos nesse processo.
“Não tivemos registros maiores de situações graves referentes à abertura do portão e fechamento. A aplicação da prova em si, foi dentro do esperado. Não tivemos flagrantes, por exemplo, de cola eletrônica, nenhum fato grave. As eliminações que tivemos foi decorrente da ‘cola tradicional’, em Bragança. O aplicador pega o aluno e desclassifica, mas é uma questão mais administrativa do que criminal, não teve ninguém de fora interferindo. Fora isso, não houve incidente”, afirma o secretário Ualame Machado.
Segundo o secretário, a operação terminou perto da meia-noite, após a “escolta reversa”, ou seja, quando os agentes acompanharam o deslocamento das provas do local onde foram aplicadas, até onde foram guardadas.