Pará

Prefeito de Ananindeua dá calote em aluguel de unidade de saúde

Segundo a denunciante, em entrevista à RBTV nesta quarta-feira, 19, há nove meses que ocorre o atraso no repasse do aluguel.
Segundo a denunciante, em entrevista à RBTV nesta quarta-feira, 19, há nove meses que ocorre o atraso no repasse do aluguel.

Em meio às mais de 50 Unidades Básicas de Saúde em Ananindeua, uma se destaca pelo descaso: a UBS 28 de agosto, que fica localizada no bairro do 40 Horas. O prédio onde funciona a Unidade pertence a uma costureira que decidiu romper o silêncio e denunciar a prefeitura e o prefeito Daniel Santos, que é médico, pelo atraso no pagamento do aluguel. Segundo ela, o débito soma R$ 15.300,00.

Em meio às mais de 50 Unidades Básicas de Saúde em Ananindeua, uma se destaca pelo descaso: a UBS 28 de agosto, que fica localizada no bairro do 40 Horas.

 

Segundo a denunciante, em entrevista à RBTV nesta quarta-feira, 19, há nove meses que ocorre o atraso no repasse do aluguel. O valor mensal é de R$ 1,7 mil por mês, segundo extrato publicado no Diário Oficial do município. A dona do imóvel, que não quis se identificar na reportagem por medo de represálias, disse que depende desse dinheiro para pagar suas contas. Ela informou que aluga o imóvel há 13 anos e que se sente prejudicada financeiramente pelo calote.

‘MAU PAGADOR’
Os calotes do prefeito de Ananindeua, Daniel Barbosa Santos, atingem também hospitais no município, segundo denúncias publicadas pelo DIÁRIO nos últimos meses.

Daniel Santos, prefeito de Ananindeua

Em 20 de março deste ano, os donos do hospital Camilo Salgado, no bairro do Coqueiro, entraram na Justiça contra a Prefeitura de Ananindeua. Segundo eles, a Prefeitura desapropriou o hospital em 2021, mas até hoje não pagou parte da indenização de desapropriação acertada. Ela seria de R$ 14 milhões. E seria paga em parcelas, ao longo de 2022. Mas o prefeito Daniel Barbosa Santos ainda lhes deve R$ 4,335 milhões, já com os juros e correção monetária pelo atraso.

Além do pagamento da dívida, eles também querem uma indenização de R$ 1 milhão, por danos morais. É que os constantes atrasos das parcelas e o calote milionário teriam impedido que reabrissem o hospital em outro local. Na ação, eles chegam a pedir que o Camilo Salgado lhes seja devolvido. Se forem vitoriosos, o caso pode gerar um prejuízo de R$ 2 milhões aos cofres públicos, somadas a indenização, as custas judiciais e os honorários dos advogados. Isso sem falar na possível devolução do hospital, no qual a Prefeitura já realizou várias obras.

Mas o Camilo Salgado não é o único a sofrer com os calotes do prefeito. O Anita Gerosa, que é até um hospital sem fins lucrativos (filantrópico), também ficou sem receber quase R$ 3,7 milhões, por serviços realizados no ano passado (janeiro a junho e outubro a dezembro), e neste ano (janeiro a março). Um problema que gerou, inclusive, preocupação quanto à possibilidade de suspensão do atendimento, que se destina à população mais carente da cidade.

O antigo hospital Camilo Salgado abrigaria o primeiro hospital público de Ananindeua. Mas até hoje não saiu da promessa. Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Em maio, o Hospital de Clínicas de Ananindeua suspendeu os serviços prestados ao município em função de uma dívida que soma mais de R$ 6,6 milhões iniciada ainda em 2021. A interrupção foi comunicada em ofício e assinado pela direção clínica do complexo hospitalar – que é da iniciativa privada porém possui convênio com a prefeitura -, endereçada à Secretaria Municipal de Saúde.

A falta de pagamento no Hospital de Clínicas de Ananindeua se refere a serviços de hemodinâmica, no valor de R$ 3.183.920,04 milhões, prestados em setembro, outubro, novembro e dezembro de 2021 e ainda janeiro de 2022. Também abrange dívidas relacionadas a atendimentos hospitalares (R$ 1.265.567,28 milhão), ambulatoriais (R$ 1.086.078,90 milhão) e Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE – R$ 2.934.432,72 milhões) realizados entre novembro de 2023 a abril de 2024, totalizando então um rombo por parte da prefeitura de Ananindeua de R$ 6.612.712,25 milhões.

SANTA MARIA EM DIA
A agonia desses hospitais, porém, contrasta com a abundância de dinheiro público direcionado para o Hospital Santa Maria de Ananindeua.

Hospital Santa Maria. Foto: Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

O Santa Maria, que pertenceu ao prefeito Daniel Barbosa Santos, recebeu da Prefeitura, entre 2021 e o último 24 de maio, mais que o dobro do que receberam outros hospitais da cidade, segundo o portal da Transparência, com números que o DIÁRIO atualizou pelo IPCA de janeiro deste ano. Nesse período, o Anita Gerosa recebeu apenas R$ 26,879 milhões. Já o Hospital de Clínicas de Ananindeua (HCA), R$ 33,780 milhões. O hospital Modelo, que pertence à esposa do deputado Erick Monteiro, ex-vice-prefeito de Daniel, R$ 41,5 milhões. E o campeoníssimo Santa Maria, R$ 73,2 milhões.