DRAMA DIÁRIO

População de Ananindeua sofre diariamente com poucos ônibus

Saiba mais sobre as dificuldades do transporte coletivo em Ananindeua e as iniciativas para solucionar os problemas.

População de Ananindeua sofre diariamente com poucos ônibus População de Ananindeua sofre diariamente com poucos ônibus População de Ananindeua sofre diariamente com poucos ônibus População de Ananindeua sofre diariamente com poucos ônibus
Segundo moradores, principalmente da Cidade Nova, há poucos coletivos e muita demora. Enquanto isso, a Prefeitura prometeu nova frota e nada...
Segundo moradores, principalmente da Cidade Nova, há poucos coletivos e muita demora. Enquanto isso, a Prefeitura prometeu nova frota e nada... foto celso Rodrigues/ diário do Pará.

Atraso, frotas reduzidas, longo tempo de espera e falta de paradas de ônibus são as principais situações enfrentadas pelos moradores de Ananindeua em relação ao transporte coletivo. Os relatos ainda envolvem a superlotação dos veículos e ausência de horário fixo, problemas que comprometem a pontualidade e o desempenho no trabalho. Por isso, para chegar aos compromissos, os passageiros têm que se “espremer” nos horários de pico, tanto na ida quanto na volta.

Em 2023, a Prefeitura de Ananindeua anunciou a licitação da concessão do serviço de transporte público do município, que previa a reestruturação e modernização dos ônibus intramunicipais, promessa de campanha do prefeito Daniel, para o primeiro mandato. Em outubro de 2024, 10 novos micro-ônibus com ar-condicionado, da linha “Distrito Industrial – Cidade Nova Castanheira” foram entregues. Porém, os coletivos não atendem a uma grande parcela da população, já que o percurso segue apenas até o Shopping Castanheira.

A Cidade Nova é um dos pontos mais críticos em relação aos ônibus. Com uma grande população de trabalhadores que saem do município rumo a Belém, os moradores das Cidade Nova 8 e 5 convivem diariamente com as condições precárias dos ônibus.

“Todo dia é uma complicação. É ônibus quebrado, que dá prego, é horrível. Sem falar no calor dentro e fora do ônibus porque a gente fica exposto no sol aqui na rua, não tem uma parada decente. O prefeito agora colocou um micro-ônibus ‘fresquinho’, mas não serve para mim porque só vai até o Castanheira e o meu emprego é no centro de Belém. Tem gente que não tem condições de pagar dois ônibus de ida todo dia”, relatou a moradora Caly Ferreira, de 50 anos, funcionária pública.

Desde as primeiras horas da manhã, uma grande fila se forma à espera do ônibus “Cidade Nova 8 – Presidente Vargas”, próximo ao Ginásio “Abacatão”. Mesmo estando antes das 7h no ponto de ônibus, a entrevistada chega constantemente uma hora após o horário de trabalho, às 8h. Outros moradores relatam a existência de apenas três veículos da linha.

Os relatos ainda envolvem a superlotação dos veículos e ausência de horário fixo, problemas que comprometem a pontualidade e o desempenho no trabalho.
Os relatos ainda envolvem a superlotação dos veículos e ausência de horário fixo, problemas que comprometem a pontualidade e o desempenho no trabalho. foto celso Rodrigues/ diário do Pará.

“O meu horário é oito horas, mas eu só chego quase às nove da manhã, quase todos os dias é esse atraso. Já ouvi reclamação, mas não tenho muito o que fazer, tenho que esperar porque dependo do ônibus. Na volta é a mesma coisa. Se saio às uma da tarde, chego na Cidade Nova quase três horas. A gente sempre fica mais de meia hora esperando ônibus. Quando chega, vem cheio. É uma situação difícil porque a minha única opção é essa linha”, relatou Caly.

A solução seria desmembrar a administração do transporte público do município, segundo a servidora pública e moradora de Ananindeua, Claudia Santiago. Isso porque com uma frota reduzida, os ônibus têm que percorrer as duas cidades, Belém e Ananindeua, em um percurso extenso até voltar ao município de origem. Portanto, a espera exaustiva pelos veículos, que já não tem um horário definido, se transforma em cansaço físico e mental, comprometendo até o desempenho laboral.

“É sempre um sufoco, só saem lotados e não têm horário fixo. Antes tinha ônibus de 6h30, 6h45, 7h e 7h15. Agora sai um às 6h30 e outro só às 7h15. Quem depende de um ônibus aqui corre o risco de perder o emprego e tem muita gente que perde porque o chefe não aceita uma desculpa todo dia. Eu venho pra cá às 6h40 pra chegar na Presidente Vargas só 9h e tem dias que eu chego 9h30. Se eu não chegar no ponto cedo, eu não pego lugar sentada e vou em pé da Cidade Nova até a José Malcher”, conta a servidora pública.

Desorganização dá o tom

A situação também se repete no final da linha do “Cidade Nova 5 – Ver-O-Peso”, situada na travessa WE.31. Por lá, a parada de ônibus não possui estrutura alguma para abrigar os passageiros, que esperam enfileirados, desde a madrugada, embaixo do telhado de uma casa também. Segundo alguns moradores, a desorganização é tanta no ponto do único coletivo que atende a população do bairro que nem sequer o fiscal sabe dizer os horários de parada dos veículos. A situação os obriga a chegar cedo no local para esperar, em pé, a boa sorte dos ônibus aparecerem.

Segundo o morador Inácio Lima, 68 anos, a redução da frota do Cidade Nova 5 se intensifica nos finais de semana. A saída é andar mais ou pagar aplicativo para ir até outro ponto que tenha mais opções de ônibus, comprometendo ainda mais a renda mensal.

“Sábado, domingo e feriado não tem ônibus, é lamentável. Durante a semana só tem transporte de manhã, e olhe lá, depois de 11h até às duas da tarde não tem ônibus, eles não seguem horário, tem que contar com a sorte. Moro há 25 anos aqui e é essa mesma situação. Às vezes a gente tem que pegar mototáxi para ir para outra parada de ônibus, senão se atrasa mais ainda”, lamenta o estilista.

Márcia Emília, 46, que mora no bairro do Guajará I, relata que a dificuldade é grande, principalmente em relação aos ônibus intermunicipais. “Eu costumo resolver tudo pela Cidade Nova porque para ir em Belém a gente leva de uma a duas horas só pra chegar. Mesmo trabalhando aqui, é comum me atrasar porque são poucos ônibus. De seis às sete da manhã, eles passam de 15 em 15 minutos, mas passou disso começa a demorar mais de 40 minutos”, revela a cuidadora de idosos.

A reportagem tentou contato com a Prefeitura de Ananindeua, mas até o fechamento desta edição, não teve resposta.

O QUE DIZ O SETRANSBEL

  • O SETRANSBEL informa que a oferta de transporte coletivo na Região Metropolitana de Belém é dimensionada de acordo com a demanda de passageiros ao longo do dia, buscando atender as necessidades da população de forma eficiente.
  • A limpeza dos veículos é realizada diariamente, assegurando condições adequadas para a circulação dos mesmos.
  • “Atualmente, a frota em operação em Belém e região metropolitana conta com cerca de 1.100 ônibus, que percorrem aproximadamente 250.000 quilômetros por dia. O índice de incidentes técnicos está em torno de 1,5%, considerado adequado para a dimensão da operação”, informou.
  • “Esclarecemos que não há redução de frota ou falta de horários fixos. No entanto, as obras de infraestrutura em andamento, como na BR-316, Avenida Mário Covas e Independência, têm ocasionado atrasos nas viagens e comprometido a carga horária dos rodoviários, impactando a frequência dos ônibus nos pontos de origem e destino”.
  • O SETRANSBEL diz ainda que reafirma seu compromisso com a qualidade do serviço e permanece à disposição para colaborar com as autoridades e a população, visando o contínuo aprimoramento do sistema de transporte coletivo.