Pará

Plenária debate intolerância contra religiões de matrizes africanas

Crédito: Divulgação Bancada Mulheres Amazônidas
Crédito: Divulgação Bancada Mulheres Amazônidas

Alexandre Nascimento

A Bancada Mulheres Amazônidas (BMA), coletivo de mulheres vereadoras de Belém pelo PSOL, promoveu, na noite de ontem (24), uma plenária contra a intolerância religiosa. O evento contou com a participação do pai Denilson D’Oxaguiãn, gerente de Promoção da Igualdade Racial, da Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEIRDH), do Governo do Estado, membros de religiões de matrizes africanas, autoridades políticas que debateram sobre políticas públicas que garantam os direitos ao culto aos povos de terreiro.

A iniciativa da plenária foi feita a partir da visita da BMA em terreiros de Belém durante janeiro, alusivo ao Dia de Combate à Intolerância Religiosa, celebrada no último dia 21, onde foram ouvidas as demandas dos religiosos. “Fizemos várias visitas e a maioria dos líderes dos terreiros denunciaram o medo de praticar sua religiosidade, devido à violência que tem aumentado contra eles, com registros de depredação de terreiros, atos discriminatórios. Por isso essa discussão, para que o poder público municipal elabore essas políticas que deem a segurança para as religiões de matrizes africanas”, disse Gizelle Freitas, membro da Bancada.

A dirigente espiritual Lauriene Cunha, a Mãe Laura, citou a necessidade da criação de políticas públicas aos povos de terreiro em função dos constantes casos de intolerância vividos no terreiro que lidera, no bairro da Cremação. “São 10 anos que convivemos com a perseguição de uma vizinha, onde somos chamados de aberração, que não somos de Deus e outras coisas. Mas, não desistimos de nossa fé e seguimos firmes, principalmente porque confiamos que a lei nos dá direito ao nosso culto de terreiro”, declarou Mãe Laura.

A lei em questão se refere ao crime de intolerância religiosa, que ficou ainda mais grave, uma vez que o racismo religioso se equipara aos crimes de injúria racial e racismo. “Isso se dá porque a maioria desses crimes está relacionado com a origem africana, ou seja, devido a negritude. Por isso, políticas públicas devem existir para que pessoas que tiverem seu direito ao culto de terreiro violado possam ser assistidas. E, nesse sentido, o Governo do Estado, por meio da secretaria, se mostra disposto a atuar nesses casos, uma vez que está em conjunto com os órgãos de segurança pública para combater esses crimes”, disse o Pai Denilson D’Oxaguiãn, gerente de Promoção da Igualdade Racial, da SEIRDH.

Dessa forma, a BMA vai formular uma carta de reivindicações para o prefeito Edmilson Rodrigues, para que seja elaborado um plano municipal que garanta o direito ao culto das religiões de matrizes africanas. “Essa carta será elaborada junto com todas as entidades, pois esses direitos dos povos de terreiro precisam ser respeitados. Isso se dará a partir de um plano de execução da Prefeitura, para atuar junto aos órgãos de segurança”, concluiu Gizelle Freitas.