O pistache, uma pequena noz de coloração esverdeada e sabor marcante, tem conquistado os paraenses e se tornado ingrediente de destaque em diversas sobremesas. Tradicional do Oriente Médio e atualmente produzida em maior quantidade nos Estados Unidos, essa oleaginosa começa a ganhar espaço na culinária local, aparecendo em doces, bolos e, mais recentemente, em um sorvete que mistura o fruto com ingredientes regionais.
Em Belém, o fruto é usado em bolos, tortas e bombons, além de protagonizar uma criação especial da tradicional sorveteria Cairu: o sabor COP 30, que mistura o sorvete de pistache com pedaços castanha-do-pará e doce de cupuaçu.
Quem decidiu apostar nesse ingrediente diferenciado foi a confeiteira Karine Cavalcanti, de 32 anos. Formada em direito, ela encontrou na ‘Doce Laura’, há cinco anos, uma paixão e um refúgio após um período difícil. Aliando o gosto por cozinhar e o incentivo da família e amigos, as produções começaram com os sabores tradicionais no cardápio. Já o primeiro contato com o pistache ocorreu há cerca de três anos, quando introduziu o ingrediente em uma torta e em bombons recheados. Na época, o fruto ainda não era tão conhecido entre os clientes.
“Muita gente não sabia o que era, eu explicava e percebia que quem já conhecia, geralmente, tinha experimentado fora do Brasil”, relembra. Com o aumento da popularidade do pistache nas redes sociais e no mercado, Karine ampliou o cardápio, criando ovos de Páscoa, panetones e, mais recentemente, cookies e bolos exclusivos com o ingrediente. “Fiz um bolo de pistache com brigadeiro meio amargo e esgotou rapidinho. Além do sabor, o apelo visual chama atenção. Ele tem uma cor esverdeada que se destaca”, afirma.
Apesar do sabor requintado da noz, por outro lado, Karine conta que um dos desafios é o custo do produto. Um quilo de pistache, de boa qualidade, custa em torno de R$290 a R$300, o que impacta diretamente o preço dos produtos finais. Contudo, o diferencial e a exclusividade do ingrediente justificam o investimento. “As pessoas cada vez mais curiosas para experimentar o pistache, e muitos clientes já pedem especificamente esse sabor nos pedidos. Ele tem uma cremosidade e um toque amanteigado que combina muito bem com chocolates e frutas”.
COP 30
A onda do pistache inspirou a tradicional sorveteria Cairu a criar uma novidade para o mercado: o sorvete “COP 30”, produto criado em homenagem à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. O novo sabor, que mescla a oleaginosa com ingredientes amazônicos, foi liberado para consumo em novembro de 2024 nas 14 unidades da empresa espalhadas pelo Estado paraense. Combina a cremosidade do sorvete de pistache, com pedaços de castanha-do-pará e doce de cupuaçu, a novidade já caiu no gosto dos clientes.
“A ideia era criar algo que tivesse um apelo global, que unisse um ingrediente sofisticado com os sabores regionais. O pistache tem um público fiel, já é muito apreciado internacionalmente, e a mistura com a castanha e o cupuaçu equilibra muito bem os sabores”, destaca Armando Laiun, proprietário da sorveteria.
A produção de sorvetes da marca é diária, alternando os sabores, mas a do sabor COP 30 é feita várias vezes na semana, a depender do estoque das sorveterias. Além dele, outros sabores tradicionais que lembram a região e são verdadeiras joias amazônicas são os sorvetes de açaí, o carimbó – um sorvete cremoso feito com castanha-do-pará e geleia de cupuaçu –, ou simples só o de cupuaçu, além de bacuri e tapioca.
Mas a aposta no pistache foi certeira: o sabor tem sido um dos mais pedidos nas lojas, dos 50 sabores do cardápio, e é responsável por um aumento em torno de 40% nas vendas. “É um sorvete que agrada tanto a quem já conhece o pistache quanto a quem quer experimentar algo novo. A combinação com os ingredientes amazônicos trouxe um toque especial”, afirma.
VALOR NUTRICIONAL
A nutricionista Valéria Santos explica que o pistache faz parte do grupo das oleaginosas, assim como amêndoas, castanhas e avelãs, e se destaca pelo alto valor nutricional, especialmente no fornecimento de energia. “Os principais benefícios que encontramos nele são as vitaminas, fibras e gorduras boas, tornando-o rico em nutrientes. Em 100g conseguimos ter uma boa quantidade de calorias, além de potássio, cálcio, proteína e gorduras benéficas para quem tem problemas com o colesterol ruim (LDL)”, afirma.
A noz também pode ser consumida por diferentes públicos, mas com moderação. “Ele pode ser um aliado no emagrecimento, pois promove saciedade devido à quantidade de fibras. Para diabéticos, o consumo precisa ser equilibrado, já que é uma oleaginosa calórica. Já para quem tem colesterol elevado, ele é excelente, pois ajuda a aumentar o colesterol bom (HDL) e a reduzir o ruim (LDL)”, detalha. Além das sobremesas, ela indica que o pistache pode ser consumido in natura, torrado como petisco, moído em forma de farinha ou incorporado a receitas como patês e lanches.