Pará

Pesquisa de estudante da Ufra avalia as condições de arborização em Marituba

Marituba é o menor município em extensão territorial no Pará, mas possui uma população de aproximadamente 112 mil habitantes Foto: Prefeitura de Marituba/divulgação
Marituba é o menor município em extensão territorial no Pará, mas possui uma população de aproximadamente 112 mil habitantes Foto: Prefeitura de Marituba/divulgação

A arborização urbana é um componente fundamental para a qualidade de vida das populações nas cidades. Com o objetivo de contribuir nesse sentido, a aluna Aline Façanha, do curso de Agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), desenvolveu uma pesquisa inédita para estimar os índices espaciais de arborização urbana na cidade de Marituba, na Região Metropolitana de Belém.

A pesquisa é fruto de seu Trabalho de Conclusão de Curso, sob orientação do professor Marcos Antônio dos Santos e do engenheiro ambiental Caio Cézar de Souza, da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Pará (Semas).

Aline diz que a escolha de Marituba para a sua pesquisa foi uma sugestão do seu orientador, o professor Marcos dos Santos, que mora no município há 50 anos. A escolha também passou por uma questão técnica levando em conta a expansão do município nas últimas três décadas. “Desde a sua emancipação para a condição de município, em 1994, Marituba tem sido um dos municípios com maior crescimento populacional no estado do Pará. Esse intenso crescimento demográfico associado ao avanço das atividades econômicas, torna esse município interessante para analisar essa dinâmica da arborização urbana, inclusive para orientar pesquisas em outros municípios”, disse.

 

pesquisadora aline
Aline Façanha, do curso de Agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra)

 

Marituba é o menor município em extensão territorial no Pará, mas possui uma população de aproximadamente 112 mil habitantes, o que corresponde a uma densidade demográfica de 1.083 habitantes por km², a terceira maior densidade demográfica entre os 144 municípios paraenses. Desde a sua emancipação, em 1994, tem exibido um intenso crescimento populacional o que tem contribuído para mudanças substanciais na paisagem urbana.

O trabalho foi desenvolvido a partir do uso de tecnologias de geoprocessamento para estimar o Percentual de Cobertura Vegetal (PCV) e o Índice de Cobertura Vegetal por Habitante (ICVH) dos 20 bairros do município.

O Percentual de Cobertura Vegetal médio do município foi de 54,15%, o que permite uma classificação como de condição muito boa, segundo os critérios definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). Porém, essa classificação não é homogênea em toda a cidade. Nos bairros de Nova Marituba, Bairro Novo, Centro, Boa Vista, Decouville e Mirizal, apresentam PCV mais baixos, variando de 14,88% a 29,40%, indicando uma condição apenas regular para os residentes nessas áreas.

O Índice de Cobertura Vegetal por Habitante da cidade foi de 66,45 m² de área de copa de árvores por habitante. Essa métrica, utilizada para avaliar a quantidade de áreas verdes públicas destinadas ao lazer e recreação, é superior à recomendação mínima estabelecida pela Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, que sugere 15 m² por habitante. “Esse resultado positivo deve-se, principalmente, à presença da área de preservação ambiental Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia, maior fragmento remanescente de Floresta Amazônica na Região Metropolitana de Belém”, comentou Aline.

“Esses insights são importantes, pois permitem orientar o planejamento urbano e a tomada de decisão quanto às estratégias de melhorias na arborização urbana da cidade. Pesquisas futuras devem centrar esforços na qualidade da arborização, riscos associados à queda de árvores em praças e vias públicas e educação ambiental e valorização de espaços verdes urbanos”, comentou o professor Marcos Antônio dos Santos, orientador do TCC.

 

 

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A análise intertemporal entre os anos de 1994 e 2023, evidencia uma intensa urbanização. Em 1994, a região central da cidade apresentava tonalidades mais claras, indicativas de uma cobertura vegetal mais significativa. Porém, em 2023, as cores mais intensas sugerem uma maior urbanização, especialmente no centro da cidade e também nas áreas onde foram construídos os conjuntos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal.

A estudante explica que não existe estudo como esse no município e “através dessa pesquisa é possível analisar a arborização e conduzir o poder público para um planejamento urbanístico”, concluiu.

Fonte: Ascom/Ufra