EXEMPLOS PARA INSPIRAR

PCD - Feliz Dia das Pessoas Com Determinação! 

Neste sábado se celebra o Dia Nacional de Luta da Pessoa Com Deficiência, uma oportunidade para conhecer o universo de influenciadores que têm quebrado padrões como influenciadores.

Fernanda Yara, medalhista paralímpica
Fernanda Yara, medalhista paralímpica

No último dia 8 de setembro, o Brasil encerrou os Jogos Paralímpicos 2024, em Paris, com um recorde: 89 medalhas, sendo 25 de ouro, 26 de prata e 38 de bronze. O quinto lugar geral no ranking da competição mundial mostra bem que uma pessoa PCD é tão capaz quanto qualquer outra pessoa sem deficiência. 

Neste sábado, 21 de setembro, o país celebra o Dia Nacional de Luta da Pessoa Com Deficiência, uma data para refletir sobre inclusão e normalização das diferenças. Um levantamento do IBGE (2022) aponta que a nação tem hoje cerca de 18,6 milhões de PCDs, o que representa quase 9% da população total.

Gente como a gente! Com histórias de vida que envolvem alegrias, tristezas, dificuldades e vitórias, como as que você vai conhecer a seguir e que rendem admiradores aos montes nas redes sociais! 

Fernanda Yara (@fernandayara_t47) é paraense, tem 38 anos e uma má-formação congênita no braço esquerdo, logo abaixo do cotovelo, o que não a impediu de conquistar uma medalha paralímpica de ouro nos 400 metros classe T47, para atletas com deficiência nos membros superiores. “Venho de jogos escolares, minha vida nunca foi muito fácil, nunca tive apoio, nunca tive um tênis adequado, uma alimentação adequada. Pra chegar onde cheguei hoje já levei muitos nãos, mas fui em busca de um sonho. Abri mão da minha família para ir em busca desse ouro”, destaca. 

Fernanda Yara

A atleta conta que começou no esporte aos 14 anos, na Escola Antônio Padilha. “Participava de futebol, futsal e handebol. Eu vim saber de competição paralímpica bem depois, de 2006 para 2007. Comecei no atletismo no ano 2000. Competia com pessoas que não tinham deficiência. Depois de um tempo já, nessa caminhada, que vim conhecer o movimento paralímpico e competir com pessoas iguais a mim. Foi assim que comecei, nunca teve entrave, pelo contrário, sempre gostei de competir com pessoas que não tinham deficiência”. 

O ouro olímpico pode ser o ápice para muitos, mas não para Fernanda Yara. “Quero o recorde mundial. Um recorde que dure por muitos anos e que quando alguém quebrar eu já esteja velhinhaaaa”, brinca. “Eu me inspirei na Rosinha, na Jennifer, na época elas tinham vindo do Panamericano, com medalhas, cheias de glória, aí pensei: ‘um dia quero isso pra mim’. É bom ser exemplo para outras pessoas, como elas foram pra mim”, cita.

A paraense fala sobre ser a primeira mulher do Estado a conquistar o lugar mais alto no pódio olímpico. “É muito bom, gratificante saber que posso inspirar outras crianças a conquistarem medalhas”. Inspiração que exige treinos diários. “Tem uma competição no fim do ano, mais para cumprir tabela, vou estar em período de base, corpo pesado, é mais para cumprir tabela. O calendário só vai sair ano que vem. Em 2025 ou 2026 teremos Mundial novamente”, planeja.  

O 21 de setembro é um marco, segundo Fernanda. “Essa luta continua, temos que lutar mais para conseguir mais espaços. Cada história merece ser contada, que nos tratem com mais carinho, somos pessoas incríveis”, afirma a atleta, que destaca seus maiores sacrifícios. “Ficar longe da minha filha, minha família, marido. E como a idade vem chegando tem aparecido alguns problemas: dor na coluna, joelho, mas o maior desafio é ficar longe da minha família”. 

Seja como for, o status de estrela paralímpica atraiu admiradores, ou melhor, seguidores! São 20 mil até o fechamento desta edição. Um contingente interessado em conhecer um pouco mais do dia a dia da atleta de ouro; “Ainda estou aprendendo a trabalhar isso. A ficha não caiu. Ainda estou tentando atender todos, e peço que continuem a me seguir”, clama com um sorriso tímido. 

BOM HUMOR 

O policial militar Carlos Henrique de Alfaia Rocha, mais conhecido como Ricky Alfaia, tem 36 anos e 26 mil seguidores no perfil do Instagram @ricky_alfaia. A amputação transtibial em uma das pernas, devido a um acidente de trânsito, não o impediu de seguir uma rotina de trabalho normal e também como atleta e humorista nas redes sociais, onde compartilha posts motivacionais variados. 

Ricky Alfaia

“O bom humor melhora nossa vida a qualquer parte do dia. Mesmo você estando chateado, triste, um bom conteúdo humorístico pode melhorar o humor de muitas pessoas”, acredita, ao justificar as postagens. “Começou com criação para motivar os portadores de deficiência, gravava na academia, praticando esportes e logo depois passei a criar conteúdos engraçados usando minha deficiência, minha prótese”, explica. 

“Como todo criador, temos que sempre estar reinventando os conteúdos. Comecei com conteúdos malhando, passando pra humor de pai com meus filhos, em seguida comecei a gravar com amigos conteúdos engraçados”, destaca. “Hoje estou em alta com esses conteúdos, usando meu Clube do Remo, na tristeza e na alegria, sempre tentando incorporar minha deficiência”.

A cada postagem, Alfaia tem um objetivo de levar incentivo para outras pessoas com deficiência. “Podemos sempre passar por cima das adversidades, podemos nos adaptar a tudo, sempre rindo, pois a vida continua e temos que vivê-la da melhor maneira”, afirma.

A vida de Ricky é até mais agitada de que qualquer outra pessoa. “Trabalho pela manhã arquitetando, estou me formando em Arquitetura e Urbanismo na UFPA. Pela tarde, divido meu tempo entre academia, treinos de vôlei sentado, tiro com arco. Pela madrugada eu faço canoagem também. Nos fins de semana, fico com meus dois filhos, Vinícius e Rebecca”, descreve.

A vida sem parte de uma das pernas, conta Ricky, nunca o fez desistir de lutar. “Toda batalha pode ser vencida se você tiver a coragem e se agarrar nas pessoas mais próximas, que estão ali pra você: família, amigos e Deus. E sempre lembrar que temos nossos direitos, e lutar sempre para que possamos obtê-los”, deixa claro.

“Creio que o maior desafio de todos é sempre a acessibilidade, até porque todo deficiente físico tem suas particularidades e dificuldades próprias. Mas manter o mínimo para todos nós já ajuda, e muitas vezes não temos nem as mínimas condições de um bom acesso a eventos, locais públicos e particulares”, denuncia.

Como todo influenciador digital que se preze, Ricky Alfaia se diz pronto a ajudar quem precise. “Sempre temos que encontrar nossa força para viver nossa vida de uma maneira melhor, e assim fica o convite para quem quiser entrar em contato comigo. Posso dar dicas dos lugares para tirar documentos PCD, e até mesmo sobre inclusão ao esporte”, se prontifica.

INFLUENCER MODELO

Felype Leal (@felipeleal_) tem 27 anos, é portador de síndrome de Down e tem se destacado nas redes sociais com postagens sobre sua rotina de exercícios físicos, o hobby dos games adaptados que apresenta em escolas e o trabalho como modelo. O corpo sarado, fruto de muitas horas na academia, mostra que o “corre” do influenciador digital é bem comum ao de qualquer outra pessoa que rala para ter saúde e qualidade de vida. 

Felype Leal

“Gosto de postar motivação, sobre a Apae Belém e a academia que frequento”, confirma. “As pessoas com deficiência podem acreditar nos seus sonhos e podem fazer tudo. A pessoa com deficiência pode ser uma vencedora também”, pontua Felype, que frequenta a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais desde criança e tem evoluído para ser cada vez mais independente. 

Quem acessa seu perfil no Instagram, se depara com um rapaz que anda de bike; torce pelo Remo, seu time de coração; atua; testa games e até apresenta programas da Apae. “Meu primeiro salário eu comprei um notebook”, conta em um dos vídeos, sobre suas conquistas do dia a dia. 

PARA SEGUIR

Quebrando padrões, os influenciadores digitais PCDs movimentam as redes sociais com conteúdos diferenciados, que só contribuem para atestar que são muito capazes. Confira alguns deles no Instagram! 

  • @jaksonfollmann O perfil do ex-jogador da Chapecoense, Jakson Follmann, é seguido por 932 mil internautas. Após o acidente aéreo, que lhe custou uma perna, Follmann passou a se reinventar como cantor e palestrante motivacional. Suas postagens são marcadas pelo bom humor de quem sabe que renasceu após a tragédia. 
  • @_pequenalo O perfil de Lorrane Silva, a Pequena Lo é outro que atrai 4,4 milhões de seguidores. O segredo? Muito bom humor para compartilhar esquetes engraçadíssimas que rendem memes e muitas participações em programas de TV. A pequena, que é psicóloga, nasceu com os membros curtos, e aproveita a visibilidade para defender a causa dos PCDs. 
  • @blogueirapcd O perfil de Lelê Martins é seguido por 41,1 mil pessoas. Ela se define como PCD – Preta Com Deficiência, e faz postagens sobre moda, reflexões e humor. Entre seus seguidores, famosos como o apresentador Luciano Huck e a atriz Paolla Oliveira.