Pará

Passageiros da agonia: Belenenses enfrentam crise no transporte público

Todos os dias, é o mesmo cenário: poucos ônibus e os que aparecem estão lotados, os veículos são velhos e sujos, e nem o BRT da Almirante Barroso funciona direito. Sem contar a falta de acessibilidade nos coletivos Foto Celso Rodrigues/ Diário do Pará.
Todos os dias, é o mesmo cenário: poucos ônibus e os que aparecem estão lotados, os veículos são velhos e sujos, e nem o BRT da Almirante Barroso funciona direito. Sem contar a falta de acessibilidade nos coletivos Foto Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Gilberto Moura

Paradas lotadas, ônibus cheios e falta de acessibilidade. Em Belém, essa é a rotina dos usuários de transporte público da cidade. Basta percorrer as vias da cidade, como a avenida Almirante Barroso para ouvir as reclamações da população.

“A frota é escassa, então eu preciso esperar cerca de uma hora até o ônibus chegar e, quando chega, é uma verdadeira briga para conseguir ir sentado nesse lixão, todo sujo e sem nenhuma manutenção à vista”, expõe Alessandra Xavier, engenheira química.

De acordo com a profissional, que toda semana vem de Mosqueiro para Belém com as suas duas filhas, a problemática é antiga e constante. “Tem dias que é desmotivante vir para Belém, justamente porque eu já sei o que me aguarda. Mas, infelizmente, é um trajeto que eu preciso fazer todos os dias. O descaso com o nosso transporte é visível, não tem ônibus suficiente para todos”, relata.

“Estou há cerca de duas horas esperando o meu ônibus, mas quando chegou eu desisti. Aqui, todos os dias, você tem uma cena diferente de desrespeito. Quando não é a superlotação, é a falta de acessibilidade. Tem um pai subindo com a sua filha deficiente ali, e eles dificultam até a entrada pela porta do meio, certeza de que nem deve estar funcionando”, afirma Isabel Lopes, estudante de psicologia.

Foto: Wagner Almeida / Doário do Pará.
 Foto: Wagner Almeida / Doário do Pará.

Foto Celso Rodrigues/ Diário do Pará.

“Esse transporte que temos aqui é ruim demais. Infelizmente, eu preciso utilizar ele todos os dias, para me locomover, para ir ao trabalho. Mas tem dias que é impossível ir. Eu só não fui demitido porque os meus chefes compreendem que a precariedade da nossa locomoção. Precisamos desses novos ônibus para ontem. Cansada de passar sufoco e calor”, completa.

Em nota, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) diz que realiza regularmente a fiscalização das empresas que possuem garagem e terminais de linha em Belém, e garante que todas possuem a ordem de serviços e cumprem os requisitos para circular pelo município. A Semob informou ainda que as primeiras remessas dos novos ônibus com wi-fi e ar-condicionado chegaram a Belém no dia 18 de junho, mas, devido ao processo de regularização junto aos órgãos competentes, ainda não possuem permissão para rodar.