O Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi completa 129 anos de existência nesta quinta (15), no feriado de Adesão do Pará à Independência do Brasil. Para celebrar a data, foi realizada uma programação especial durante a manhã para os visitantes. O aniversário do Parque dá início às celebrações pelos 158 anos de atividades do Museu Goeldi, que foi criado em 6 de outubro de 1866.
Neste ano, com o tema “As memórias contam histórias”, a programação de aniversário do Parque Zoobotânico, o mais antigo do gênero no Brasil, contou com recursos do Setor de Educação do Museu Goeldi. As atividades educativas buscaram dialogar sobre a preservação da memória, seus significados e a relevância para a sociedade. Entre os recursos selecionados e exibidos ao público, destacam-se o Baú de Memórias, a Coleção Didática Emília Snethlage, as Pranchas Didáticas e o kit Os Maiorais do Parque Zoobotânico.
O coordenador de Museologia do Museu Goeldi, Emanoel Fernandes Júnior, ressalta que o Parque Zoobotânico é um patrimônio para todas as pessoas e um importante espaço de conhecimento que resiste há mais de um século. “É muito importante que as pessoas entendam qual é a necessidade e a utilidade desse espaço para a divulgação científica e a divulgação da nossa cultura, e principalmente para que elas entendam que isso é um patrimônio que precisa ser mantido para que as outras gerações também possam usufruir dele”.
Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará.
O ponto de encontro para as celebrações do aniversário foi na área da Samaumeira Jovem, próximo ao portão da Travessa Nove de Janeiro. Sob os galhos da árvore, os visitantes tiveram contato com o Baú de Memórias, kit educativo elaborado pelo Clube do Pesquisador Mirim, que conta a história do Museu Goeldi por meio de fotos, objetos históricos e depoimentos. Também para promover a preservação da memória e sensibilização ambiental, a coleção didática Emília Snethlage trouxe para exibição alguns animais taxidermizados e que já foram moradores ícones do Parque, como o jacaré-açu Alcino e a onça preta Bemp.
Luiz Videira, coordenador do projeto Clube do Pesquisador Mirim, ressalta que os projetos em exibição ontem no aniversário são produtos desenvolvidos pelas turmas do clube, compostas por 100 estudantes do ensino fundamental e médio, divididos em quatro turmas. Para o coordenador, além do momento festivo de aniversário, os produtos educativos são uma forma de “estimular o interesse pela ciência e também construir uma formação intelectual dos jovens estudantes”.
Os visitantes apreciaram, ainda, as Pranchas Didáticas, normalmente utilizadas em atendimentos de grupos que visitam o Parque. Denominado “Visita Animal ao Parque Zoobotânico”, este kit educativo ilustrado apresenta conteúdos sobre alguns dos animais moradores do local, com detalhes de alimentação, apelidos e como chegaram ao Parque. Já o kit Os Maiorais apresentou ícones da fauna e da flora existentes na base do Museu Goeldi. As informações destacam a força, tamanho, peso ou outras características que os distinguem de outras espécies, ressaltando estruturas anatômicas com o auxílio de animais taxidermizados, ossos ou sementes.
Rose Marry Goes, estudante de Direito, 58 anos, é apaixonada pelo Parque Zoobotânico. Desde a época de criança, ela visita o local sempre com a mesma curiosidade. “Tenho uma relação afetuosa com esse espaço que me traz muitas lembranças de quando eu brincava aqui na infância”, revela. Para a visitante do Parque, o local é uma fonte valiosa de conhecimento sobre animais e plantas. “Que venham mais 100 anos de existência e vida longa ao Parque Zoobotânico”, festeja a universitária.
O servidor público Thiago Lacerda, de 40 anos, também possui uma relação afetuosa de décadas com o Parque Zoobotânico. Quando pequeno, o servidor público visitava o local com os pais ou por meio de excursões da escola. No aniversário dos 129 anos do Parque, ele aproveitou para trazer o filho Heitor, de 5 anos. “Foi passando de geração em geração na minha família essa paixão. Aprendemos muito sobre a natureza e a Amazônia aqui”.
O momento mais aguardado foi quando os visitantes se reuniram para cantar parabéns ao Parque, ao redor do tradicional bolo de flores em frente a Samaumeira Jovem, formado por mudas de várias espécies de plantas e que foram distribuídas aos visitantes presentes.
Um Parque cheio de histórias
O Parque Zoobotânico do Museu Goeldi foi criado em 1895, com o intuito de abrigar o jardim zoológico e o horto botânico do então Museu Paraense de História Natural e Etnographia, fundado em 1866. Por décadas, sua estrutura foi se expandindo até ocupar um quarteirão inteiro ao redor das Avenidas Magalhães Barata, Alcindo Cacela, Gentil Bittencourt e Travessa Nove de Janeiro, no bairro de São Brás, totalizando uma área de 5,4 hectares.
Abriga hoje quase três mil árvores de grande, médio e pequeno porte, arbustos e cipós; além de cerca de 100 espécies animais, com mais de 1.600 mamíferos, aves e répteis, incluindo 200 peixes. Em seu circuito, os visitantes encontram espécies da fauna e flora ameaçadas de extinção e também 14 edificações históricas, entre prédios e monumentos. O Parque conta múltiplas histórias sobre a Ciência, Amazônia, Culturas, patrimônio arquitetônico, paisagismo, evolução e adaptação de formas de vida.
