Pará

Paraenses fazem 'planos' com novo salário mínimo

Mariano considera que aumento pode impactar positivamente as vendas no ano que vem. Foto: Antonio Melo
Mariano considera que aumento pode impactar positivamente as vendas no ano que vem. Foto: Antonio Melo

Cintia Magno

A chegada de 2023 deve vir acompanhada por um incremento na renda dos trabalhadores. No último dia 22 de dezembro, o Congresso Nacional aprovou o Orçamento Geral da União para o ano que vem com a previsão do novo valor proposto para o salário mínimo, que passará a ser de R$1.320,00.

Com um reajuste de quase 9% diante de uma inflação estimada para este ano de 5,8%, a perspectiva de ganho real já gera expectativa entre os trabalhadores. Agora, a confirmação do novo valor depende apenas da sanção presidencial.

Manter todas as despesas de uma família com um salário mínimo demanda muito ‘malabarismo’, na avaliação da assistente administrativa Nazaré Santos. Entre os trabalhadores que deverão ser beneficiados caso o aumento seja confirmado, ela espera usar o valor a mais para ter um respiro a mais no orçamento.

“Eu ouvi falar do aumento, mas eu estou esperando chegar no final do mês. Só assim eu vou ter certeza mesmo porque sempre corre o risco de acabarem dando um aumento menor”, acredita. “Com certeza esse aumento para R$1.300 é pouco diante do preço que estão as coisas, mas qualquer coisa ajuda. Nem que seja R$10 a mais, é sempre bem-vindo”.

Entre as despesas que ela pretende priorizar está o gasto com a alimentação. “A cesta básica está muito alta. Para quem vive com um salário mínimo é muito difícil, tem que ter muito jogo de cintura”.

Apesar de autônomo, um possível aumento na renda dos trabalhadores assalariados pode impactar diretamente as vendas do Mariano Madson, que trabalha com a comercialização de frutas no Centro Comercial de Belém. Apesar disso, ele também acredita que o aumento ainda é pequeno para suprir as necessidades.

“O aumento acaba sendo muito fraco para o comerciante. Recentemente a gente viu o aumento do preço do combustível, que impactou em tudo, inclusive nas frutas. A uva que eu comprava a R$80 a caixa de 22 kg, agora tô comprando a R$180”, considera. “Então, precisaria de um aumento maior no salário mínimo para ter um impacto no comércio”.

A expectativa do artesão Sebastião Freitas é de um respiro a mais no orçamento dos trabalhadores. Ainda que insuficiente para suprir todas as despesas, o aumento de pouco mais de R$100 é melhor do que não receber ganho real. “Qualquer aumento é sempre melhor do que não ter nenhum, então, a expectativa é boa. O custo de vida está muito alto, qualquer aumento é válido, mesmo que não seja o que a gente gostaria”.

Apesar de não estar entre os trabalhadores que recebem um salário mínimo, o técnico de enfermagem Odailson Correia considera que o aumento real no salário mínimo impacta positivamente a economia de uma maneira geral.

“Quando o salário mínimo aumenta, acaba impactando no todo porque movimenta a economia. Agora, com as despesas com energia, combustível e alimentação do jeito que estão, esse aumento acaba sendo muito pouco”, avalia. “O que eu estou esperando mesmo, para 2023, é o cumprimento do piso salarial da enfermagem, que foi aprovado agora”.