Carol Menezes
Basta uma rápida passeada nas ideias e não é difícil lembrar de um amigo ou amigo de um amigo que resolveu deixar Belém para morar em Santa Catarina nos últimos meses ou anos. O tema até virou objeto de análise de três pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) que resolveram se debruçar sobre essa realidade.
No levantamento sobre a força de trabalho paraense em SC, Andréa Bittencourt Pires Chaves, Alessandra Viviane Vasconcelos Bezerra e Silviane dos Santos Silva Nascimento concluem que além da busca pela superação do desemprego, há aqueles que saem também em busca de maior valorização, melhores salários e mais qualidade de vida.
A jornalista Rachel Oliveira, de 28 anos, não foi ouvida pelos pesquisadores, mas bem que poderia ter sido, já que se enquadra no perfil visualizado na análise. Apesar de apaixonada pela capital paraense, ela sempre quis sair em busca de novas experiências de vida pessoal e profissional.
“Me mudei tem 4 meses e amo ‘Floripa’”, confirma, já devidamente íntima da capital catarinense. “Aqui tem muita qualidade de vida, segurança, opções de lazer e com certeza minha rotina mudou para melhor depois que cheguei pela facilidade de viver bem aqui” justifica.
Rachel se adaptou fácil às belas praias, à temperatura amena e ao bem estar que a cidade proporciona. “Todo lugar tem seus prós e contras e aqui, por exemplo, senti que o custo de vida é mais caro, moradia principalmente, então estou em uma fase de adaptação financeira, já que em Belém eu tinha família como apoio”, contrapõe ela, contando que paga R$ 1,5 mil mensais por uma quitinete, porém com a vantagem de estar apenas a 15 minutos do centro de Florianópolis.
Foram apenas 15 dias entre o dia da mudança e o dia em que conseguiu seu primeiro emprego na cidade, um acontecimento que a jornalista recebeu com muita surpresa. “A valorização profissional aqui é muito mais avançada com certeza. As pessoas respeitam muito o teu trabalho, teus horários, tua experiência. Meu portifólio e currículo contaram muito. Os investimentos que fazem nos profissionais aqui é surreal”, afirma ela, que hoje é servidora da prefeitura municipal e faz cursos voltados para o marketing e comunicação política e redes sociais .
O quesito segurança também pesa muito na balança para ela. “O nível de criminalidade aqui é baixíssimo, é muito difícil você ver assalto recorrente, assassinatos ou algo do tipo. Ando nas ruas a hora que for e me sinto segura mesmo sendo mulher”, revela, relatando também que ainda não sentiu necessidade de aderir a um plano de saúde, preferindo pagar ou recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS) quando precisa.
EXPERIÊNCIA
Mentora e estrategista digital, Dani Walendorff resolveu junto com marido, Cesar Modesto, que é jornalista e redator SEO, deixar a capital paraense em 2020 rumo a Florianópolis, onde morou por um ano próximo das praias e da natureza. Foram quatro anos que eles passaram fazendo economias para pegar a estrada de carro junto de quatro animais de estimação.
“Viramos nômades digitais em Santa Catarina, saímos de Florianópolis e vivemos também em Bombinhas e São Francisco do Sul. Hoje estamos em São José dos Pinhais (PR), mas pretendemos voltar para a capital de SC em algum momento de novo”, revela.
Assim como Rachel, Dani tem como pontos altos do local a boa organização urbana próxima da natureza, estrutura, segurança e possibilidade de andar à noite e com o telefone celular na bolsa sem sobressaltos.
“A dificuldade seria o custo de vida. Por ser uma capital turística os valores são mais altos. O aluguel, alimentação, por exemplo”, corrobora. “Os aluguéis variam bastante por lá, principalmente em alta temporada, na época do verão. Tudo fico muito mais caro. Esse é um desafio para quem quer alugar imóvel anual. A dica é ir fora de alta temporada, no período do outono até o inverno, ou seja entre março e agosto”, recomenda.
Dani conta que lidou com uma média de aluguéis de R$ 1,6 mil a casa mais simples, e imóveis de R$ 10 mil, R$ 15 mil. Mas o que a incomodou mesmo foi o excesso de regras para alugar o imóvel. “A maioria dos locais não aceitam pets, alguns não aceitam crianças”.