A paraense Karina Raiol, de 29 anos, está presa desde 2016 em um campo de refugiados na Síria, após ser manipulada a se casar com um membro do Estado Islâmico (EI). Junto com ela está seu filho Abdullah, de seis anos, que nasceu prematuro no campo. O destino de Karina permanece incerto, enquanto sua família em Belém (PA) luta incansavelmente para trazê-la de volta ao Brasil. Recentemente, a família fez um apelo às autoridades brasileiras, em uma reportagem veiculada na RBATV nesta quinta, 23.
Karina Raiol no Campo de Refugiados Al-Hol: A Trágica História de uma Brasileira na Síria
A brasileira Karina chegou a ser mantida no Al-Hol, o maior campo de refugiados da Síria, com cerca de 55 mil pessoas, das quais mais de 80% são mulheres e crianças. Aproximadamente 10 mil detidos no local são familiares de combatentes estrangeiros do EI que viajaram para a Síria com o objetivo de participar da jihad. Estes indivíduos foram levados ao campo após a derrota do Estado Islâmico pelas Forças Democráticas Sírias (FDS), uma milícia curda apoiada pelos EUA, em 2019. Hoje, Karina estaria em outro campo, sob controle das milícias curdas no norte da Síria, conforme reportado pela Record no mês passado.
O Passado de Karina: Como a Jovem Brasileira Foi Manipulada pelo Estado Islâmico
Em 2016, Karina, com apenas 21 anos, deixou Belém sem saber dos reais interesses de seu futuro marido, um homem que dizia trabalhar para organizações humanitárias na Síria. Após aprender árabe e se converter ao islamismo, ela viajou para Istambul, na Turquia, com destino final a Idlib, uma região marcada por intensos conflitos. O que Karina desconhecia é que seu marido era, na verdade, um soldado do Estado Islâmico. Ela foi provavelmente aliciada, assim como outras jovens de diferentes países, entre 2014 e 2019, por membros do grupo extremista.
O Apelo da Família de Karina Raiol: A Luta Pela Repatriação
Até agora, a repatriação de Karina e Abdullah não avançou. A Defensoria Pública da União afirmou que o governo brasileiro não tomou as medidas necessárias para trazer a mãe e o filho de volta ao Brasil, gerando indignação entre seus familiares. O Ministério das Relações Exteriores informou que está acompanhando o caso e mantendo contato com o governo sírio, mas não se posicionou oficialmente sobre a alegação das autoridades curdas de que a repatriação depende exclusivamente de negociações diplomáticas.
Desafios nos Campos de Refugiados: Condições Precárias e Violência Contínua
Os campos de refugiados na Síria, como o Al-Hol, enfrentam condições precárias, com falta de higiene e cuidados médicos adequados. Os moradores vivem sob constante ameaça de violência, com grupos armados tentando invadir os campos para libertar os detidos. A ONU alertou, em 2021, sobre a exposição desses indivíduos a abusos, exploração e condições que podem ser consideradas tortura, de acordo com o direito internacional.
Atualmente, pelo menos 57 países têm cidadãos detidos em campos sírios, com destaque para os campos de Al-Hol e Al-Roj, que abrigam mulheres e crianças, muitas delas vítimas do extremismo. A repatriação desses indivíduos permanece um desafio político e diplomático, com o risco constante de radicalização e violência.