Pará

Pará tem vacinação contra a Covid abaixo da média do país

 Foto: Ricardo Amanajás / Diario do Pará.
Foto: Ricardo Amanajás / Diario do Pará.

Carol Menezes

O Pará segue acumulando percentuais abaixo da média nacional quando o assunto é vacinação contra a Covid-19. No primeiro trimestre de 2023, estima-se que 188,3 milhões de pessoas de cinco anos ou mais de idade tinham tomado pelo menos uma dose de vacina, o que representa 93,9% da população dessa faixa etária no Brasil.

A região Norte foi a que obteve a menor cobertura de imunização, com 88,2%. E o estado obteve um percentual ainda menor: 87,6%. Quem trabalha na área da Saúde afirma que o negacionismo ainda tem grande peso em dados tão preocupantes.

Os dados são do módulo sobre a doença contidas na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – PNAD Contínua, realizada em convênio com o Ministério da Saúde e divulgada hoje na sexta, 24, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), até 23 de maio, 19.261 pessoas morreram de Covid, e foram registrados quase 900 mil casos.

“O maior risco, no caso da Covid-19 é, perante a emergência de nova cepa de preocupação, e se esse ‘caso’ tiver passagem pelo Pará, é provável que despontemos como um território com aumento de casos mais rapidamente e com casos graves igualmente mais acentuados do que outras capitais ou estados em que a população esteja mais bem protegida”, alerta o infectologista Alessandre Guimarães.

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) considera como indivíduo vacinado aquele que tem o esquema primário de duas doses de vacina contra a Covid-19 e define que a meta de cobertura vacinal é de 90%.

No Pará, 37,2% das pessoas com cinco anos de idade ou mais declararam ter tomado todas as doses recomendadas até o momento da entrevista, isso equivale a 2,6 milhões de paraenses.

Com isso, o estado fica em segundo no ranking nacional dos menos vacinados, atrás apenas de Roraima (35,5%).

“Esse dado preocupante denota o resultado de um movimento ‘antivacina’ que surgiu durante a pandemia e fez com que houvesse queda dramática da cobertura vacinal em todos para praticamente todas as vacinas, como nunca se vivenciou antes, desde a criação do Programa Nacional de Imunização, no ano de 1973, há mais de 40 anos portanto”, atenta o médico.

Alessandre critica duramente colocações sem comprovação alguma, como por exemplo, a de que vacina da Covid transmite HIV, e avalia que a insistência nesse tipo de fala acabou gerando um modelo mental coletivo de temor.

“Cabe aos profissionais da saúde, em especial aos infectologistas, aos governos e à parceria da imprensa em tentar resgatar o que tínhamos antes, no ano de 2015 por exemplo, quando todas as vacinas estavam com cobertura na população acima de 95%, o que tornava o PNI um exemplo para o mundo”, compara.

O infectologista insiste que ainda é tempo de atualizar o cartão de vacinação, e que as prioridades devem sempre ser os “60plus” e as crianças abaixo de cinco anos. Ele lembra que estudo recente da Fiocruz mostrou que estes indivíduos são os que apresentam maior propensão de adoecer e morrer.

“Eu diria que o negacionismo tem atrapalhado bastante. Vivemos uma época de infodemia, ou seja a pulverização de notícias fake de modo muito rápido. A informação ruim se combate com informação boa”, reforça.

A Sociedade Brasileira de Infectologia (www.infectologia.org.br) lançou este mês a campanha “Tá Vacinado?”, que está em ampla divulgação nos meios de comunicação. A ideia é mesmo um trabalho de “formiguinha”, ir atrás dos atrasados, algo como foi feito no inico do PNI, em que os vacinadores iam nas escolas vacinar as crianças.

“O que salva vidas não são as vacinas e sim a vacinação. Vacina no braço! Na década de 40 a expectativa de vida do brasileiro era em torno de 40-50 anos, hoje estamos em 70-80 anos, graças à água potável, aos antimicrobianos e às vacinas! Vamos viver mais! Vacina sim!”, defende Alessandre Guimarães.