Even Oliveira
Na sexta-feira (21), foi publicada no Diário Oficial do Estado do Pará (DOE-PA) uma importante novidade para milhares de trabalhadores: a instituição da Lei Estadual nº 10.604 que dispõe o Dia Estadual do Camelô e Vendedor Ambulante, que será celebrado anualmente no dia 14 de novembro. Este reconhecimento oficial destaca a história e a luta diária desses profissionais.
Em Belém, especialmente no Centro Comercial, esses trabalhadores se espalham pelas principais vias, em busca de seus espaços e sustento. O vendedor ambulante de lanches Josivan Araújo, de 36 anos, tem seu carrinho estacionado na rua Santo Antônio com a avenida Presidente Vargas.
Natural do município de Bujaru, ele veio para Belém há mais de 15 anos, incentivado por seu irmão. Josivan lembra que a mudança foi difícil, mas hoje ele se sente realizado. “No início foi complicado, mas consegui me adaptar e fazer do meu trabalho uma forma de sustento. Moro perto daqui e, apesar das dificuldades, consigo me manter”, conta.
Socorro Ferreira, 64, vende roupas femininas na rua Conselheiro João Alfredo, em frente a praça Visconde do Rio Branco. O trabalho começa às 8h e depende do fluxo de clientes. Ela começou sua jornada como ambulante aos 22 anos de idade, quando viu na venda de peças de relógio uma oportunidade de trabalho e, ao longo dos anos, trocou para venda de roupas íntimas até que decidiu vender apenas roupas femininas.
“Quando comecei, morava no bairro das Águas Lindas e com a distância até o trabalho, resolvi alugar uma casa para ficar mais próximo. Logo depois, vendi a minha casa de lá e com a renda que eu tive aqui, pude acrescentar e financiar uma nova casa”, compartilha, sobre uma das conquistas através do trabalho.
Com duas funcionárias, Socorro acredita que o bom atendimento é a estratégia perfeita para atrair clientes. “Tratar bem o cliente é essencial. É isso que faz a diferença”, afirma. Sobre o reconhecimento dado aos camelôs e vendedores ambulantes, embora Socorro não soubesse da novidade, ela expressa: “é um avanço significativo. Muitas vezes somos invisíveis para a sociedade, mas desempenhamos um papel crucial na economia local e no sustento de nossas famílias”.
BRINQUEDOS
Ainda nessa rua, a vendedora de brinquedos Cleide Quaresma, 56, está no ramo há 30 anos. Ela que mora no bairro Guajará II, precisa sair cedo de casa até o trabalho. “Comecei vendendo relógios, mas a venda caiu e passei a vender brinquedos. Foi a melhor decisão. Consegui reformar minha casa e comprei uma moto”, diz.
Cleide destaca que a organização da barraca é sua principal tática para atrair clientes. “Arrumo tudo de forma que chame atenção. Quando o cliente vê, acaba parando para olhar e comprar”, explica. “É bom saber que finalmente fomos lembrados. Todo mundo merece reconhecimento pelo seu trabalho”, complementa Cleide sobre o Dia Estadual do Camelô e Vendedor Ambulante.
Hélio Santos, 54 anos, vende roupas infantis também na João Alfredo , entre a travessa Sete de Setembro e a travessa Padre Eutíquio. Com 25 anos de experiência no ramo das roupas, ele conta que começou a trabalhar aos 12 anos na construção civil, mas devido a problemas de saúde, migrou para o comércio ambulante. “Foi um amigo que me deu a oportunidade de ficar com a barraca dele e desde então estou aqui. Consegui comprar minha casa, um carro e meus filhos estudaram em escolas particulares até certo ponto”, relata.
Hélio também não sabia da nova Lei, mas comemora o reconhecimento. “Ter um dia dedicado a nós é uma forma de valorizar nosso esforço e dedicação. Espero que essa data traga mais visibilidade e respeito ao nosso trabalho”, conclui.