Dr. Responde

Pará tem 20 mil crianças obesas; veja os riscos para a saúde

Segundo a Sespa, 20 mil crianças de zero a cinco anos foram diagnosticadas com obesidade no Estado entre janeiro e novembro de 2023, um problema que exige mudanças de hábitos diários pelos pais. Saiba mais
Segundo a Sespa, 20 mil crianças de zero a cinco anos foram diagnosticadas com obesidade no Estado entre janeiro e novembro de 2023, um problema que exige mudanças de hábitos diários pelos pais. Saiba mais

Carol Menezes

De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), obtidos junto ao Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), de janeiro a novembro de 2023, 20,4 mil crianças na faixa etária entre zero e cinco anos de idade foram diagnosticada com obesidade. No Brasil, obesidade infantil tem atingido mais de 9% das crianças.

A obesidade infantil é uma doença que precisa de tratamento relacionado a mudança de vida. Isto porque, quando ocorre o emagrecimento, o número de células adiposas não diminui; elas murcham, mas continuam ali. E por isso, não havendo a mudança nos hábitos, aquela criança pode se tornar um adulto que volta a engordar com facilidade.

Vale reforçar que a obesidade é fator de risco para doenças cardiovasculares como hipertensão, colesterol alto, diabetes – condições que estão começando a ser diagnosticadas, inclusive ainda na infância.

PROGRAMA

Na rede de saúde pública do Pará, o tratamento para a doença é realizado na Atenção Primária, ou seja, pelos municípios, mas o Estado possui o Programa “Crescer Saudável”, recentemente incorporado ao Programa Saúde na Escola (PSE). Profissionais da saúde infantil e da saúde nutricional concordam que a obesidade e o sobrepeso infantil são realidades mundiais pré-existentes à pandemia da Covid-19, mas que acabaram amplificadas pela necessidade do isolamento social, o que levou à redução de atividades ao ar livre ao mesmo tempo em que houve o aumento do uso de telas.

“Some-se a isto ao descuido do consumo alimentar na infância e idade escolar e temos um cenário alarmante e péssimo prognóstico”, alerta a nutricionista, fisioterapeuta e personal diet Jamile Khaled. No entendimento da especialista, o ideal era que toda criança, desde a introdução alimentar, tivesse acompanhamento nutricional periódico, fosse nos serviços públicos de saúde ou na iniciativa privada.

A pediatra Mariena Pedroza relata que a situação é preocupante e que de fato houve uma piora nos índices: uma a cada três crianças é considerada como tendo sobrepeso ou obesidade no Brasil. Ela associa o necessário isolamento social por conta da pandemia com a aquisição de hábitos como mais tempo de consumo de telas, comer por ansiedade ou de forma abusiva e outras atividades mais sedentárias, de menos movimento e menos gasto de energia.

“A obesidade é ligada a vários fatores: genética, hábitos de vida, dieta rica em calorias, gorduras e carboidratos, sedentarismo, falta de atividade física. O fator emocional e a ansiedade também influenciam. As crianças, assim como os adultos, comem por compulsão para aliviar a ansiedade e isso piorou muito por conta da pandemia. Combater a obesidade infantil envolve a adoção de uma alimentação saudável, prática de atividades físicas diárias inclusive por parte dos familiares, que precisam incentivar e ajudar a criança nesse processo de criar hábitos novos e saudáveis”, orienta a médica.

Jamile explica que antes de qualquer mudança na hora de decidir pela prática de exercícios, é necessária avaliação feita por um profissional habilitado, que levará em consideração a idade, o melhor tipo de exercício e também a disponibilidade da família em se adequar e essa nova rotina.

“Em paralelo, é preciso evitar uma alimentação equivocada, rica em ultraprocessados , açúcares, calorias vazias”, recomenda a nutricionista. Mariena, por sua vez, indica o consumo adequado de água, de suco natural e sem açúcar, visto que a fruta já é rica em frutose, reduzir o uso de sal, trocar os fast-foods pelo aumento de alimentos que contém fibras, como legumes”, cita.

Mariena Pedroza informa que crianças devem, com a devida orientação profissional, e podem praticar atividade física regular desde seis meses de vida. A natação costuma ser a atividade física mais indicada, porque além de causar menos impacto no corpo, auxilia na respiração, principalmente para as crianças que têm asma e é fator de defesa para riscos de acidentes como afogamento.