Dr. Responde

Pará reduz covid. Mas não pode baixar a guarda!

O uso de máscaras nas ruas e nos ambientes familiares é recomendação importante nesse período. FOTO: Ricardo Amanajás
O uso de máscaras nas ruas e nos ambientes familiares é recomendação importante nesse período. FOTO: Ricardo Amanajás

Pryscila Soares

Desde março deste ano, o Pará vem apresentando uma tendência de queda no número de casos confirmados de covid-19. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o cenário também foi de redução entre os meses de julho e agosto, quando a pasta notificou 255 e 145 casos, respectivamente. A redução observada no território paraense segue na contramão de outros estados do país, que apresentaram aumento de casos.

Segundo uma análise realizada pelo Instituto Todos pela Saúde (ITpS) , feita em algumas localidades, a taxa de positividade dos testes dobrou no mês de agosto em relação ao anterior, passando de 7% para 15,3% entre as semanas encerradas em 22 de julho e 19 de agosto. Dentre os estados estão Minas Gerais (21,4%) e Goiás (20,4%), que apresentam as maiores taxas de positividade para a doença. Em seguida, figuram no levantamento o Distrito Federal (19,5%), Paraná (15,7%), São Paulo (14,1%) e Mato Grosso (13,6%).

Os percentuais mais elevados foram observados nas faixas etárias de 49 a 59 anos (21,4%) e acima de 80 anos (20,9%). As análises são do Instituto Todos pela Saúde (ITpS) com base em dados de 1.196.275 diagnósticos moleculares feitos entre 14 de agosto de 2022 e 19 de agosto de 2023 pelos laboratórios Dasa, DB Molecular, Fleury, Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), Hilab, HLAGyn e Sabin.

SAZONALIDADE

A diretora do Departamento de Epidemiologia da Sespa, Daniele Nunes, explica que a sazonalidade dos vírus respiratórios tem relação com a redução no número de casos da doença. No Pará, a transmissão do vírus da gripe, por exemplo, ocorre com mais frequência durante o período chuvoso, que normalmente inicia no final do ano e segue até meados de março do ano seguinte.

A manutenção do esquema vacinal contra a covid-19 é outro fator importante, que contribui para a diminuição de registros da doença, conforme ressalta a porta-voz. “Este período do ano que estamos vivendo não é de sazonalidade de gripe e também entra a covid neste cenário. O clima é mais quente, com menos chuva e menos transmissibilidade do vírus. Além disso, temos um percentual de 67% da população com o esquema básico de vacinação contra a covid. E um percentual considerável da população que fez várias doses de reforço. Isso gera uma menor circulação do vírus”, pontua.

Para a diretora, é possível que haja uma subnotificação nas estatísticas. Ou seja, quando o paciente com sintomas gripais não realiza o teste para a detecção do vírus. Contudo, ela explica que os serviços de saúde dos municípios costumam emitir alertas para a Secretaria quando de fato é verificada uma elevação de casos de pacientes com sintomas, o que não está ocorrendo atualmente e confirma a redução nos registros.

“No momento temos um cenário de queda e acompanhamos para ver se o Pará entrará no cenário de elevação, igual a outros estados. Agora que finalizou agosto e, às vezes, os municípios demoram a notificar. Pode ser que daqui há 15 dias tenhamos outro número. Mas normalmente recebemos alertas e hoje não temos serviços de saúde sinalizando aumento. Se não tenho serviço de saúde alertando, então de fato não está tendo (aumento de casos)”, garante.

CEPA

Na última quinta-feira (31), a cidade do Rio de Janeiro notificou dois casos da variante EG.5, também chamada de Éris. A nova cepa da covid é associada a um possível aumento no número de casos da doença em alguns países. No Pará, não há registro de casos da nova linhagem. “Nos países acometidos, ela vem disseminando o número de casos, mas é como se fosse uma gripe simples”, disse. “A gente acredita que, caso chegue ao Pará, terá mais casos positivos, mas não com gravidade”, pondera a diretora.

A principal medida para evitar a proliferação da covid continua sendo a vacinação, que está disponível nas unidades básicas de saúde em todo o estado. “A gente tem a vacina bivalente que protege contra todos os vírus que estão circulando. Mesmo aquelas pessoas que já tomaram reforços, se tiver um intervalo de seis meses da última dose, precisa fazer a bivalente de reforço. Quanto mais imunizados, menos chance de proliferação do vírus e a tendência é cair mais ainda o número de casos”, declara Daniele Nunes, acrescentando que, em casos de sintomas gripais, é recomendável utilizar máscara e higienizar as mãos com álcool em gel.