Pará

Transplante musculoesquelético já pode ser realizado no Pará

O médico ortopedista, João Alberto Maradei, explica que esse tipo de transplante, apesar da complexidade, permite uma reabilitação mais abreviada, além do paciente não precisar tomar medicação para evitar a rejeição do enxerto. Foto: Walda Marques
O médico ortopedista, João Alberto Maradei, explica que esse tipo de transplante, apesar da complexidade, permite uma reabilitação mais abreviada, além do paciente não precisar tomar medicação para evitar a rejeição do enxerto. Foto: Walda Marques

O Estado do Pará já conta com um hospital habilitado a realizar transplante musculoesquelético para pacientes ortopédicos do SUS e do sistema privado. Trata-se do Hospital Maradei que, após passar por rigorosas etapas de certificação, envolvendo avaliação da Central Estadual de Transplantes – CET-PA e do Ministério da Saúde, obteve autorização para realizar esse tipo de cirurgia de alta complexidade. 

No transplante musculoesquelético podem ser utilizados ossos, tendões, cartilagens, meniscos e demais tecidos responsáveis pela sustentação e movimentação do corpo humano. Todo esse material, proveniente de doadores, é captado, processado, armazenado e distribuído por bancos de tecidos. No Brasil, existem apenas cinco bancos de tecidos e eles atendem hospitais habilitados para esse transplante em todo o país. 

 

Pacientes Beneficiados 

O transplante musculoesquelético beneficiará três grandes grupos de pacientes: 

1-      Os com perdas ósseas decorrentes de tumores, traumatismos, deformidades congênitas e de múltiplas trocas de próteses articulares (as chamadas revisões de artroplastias), sobretudo do quadril e joelh0;

2-     Os com lesões de vários ligamentos de uma mesma articulação que necessitem de reconstruções utilizando vários enxertos;

3-     Pacientes com lesões traumáticas de pedaços de cartilagem articular, esta considerada a nova fronteira da traumato-ortopedia (especialidade responsável por cuidar, tratar e prevenir distúrbios do sistema musculoesquelético, sejam crônicos ou agudos).

 

 

O médico ortopedista, João Alberto Maradei, explica que esse tipo de transplante, apesar da complexidade, permite uma reabilitação mais abreviada, além do paciente não precisar tomar medicação para evitar a rejeição do enxerto.

Outro ponto positivo é que, uma vez identificada a necessidade do enxerto de banco de tecidos, a compatibilidade entre doador e receptor é bem mais simples do que a do transplante de outros órgãos, o que ajuda na redução do tempo de espera pela cirurgia. 

 

Qualidade de Vida

O transplante musculoesquelético é um catalisador da qualidade de vida do paciente, pois, ao lhe proporcionar maior capacidade física, melhora também sua autoestima como indivíduo.

 

Quem pode doar tecido musculoesquelético

Estão habilitadas a doar pessoas entre 10 e 70 anos, que não tenham tido doenças infecciosas (transmitidas pelo sangue), câncer ósseo e osteoporose avançada. A doação pode vir de pessoas vivas ou de cadáveres.

 

Número de pessoas beneficiadas com a doação

Cada doador pode beneficiar cerca de 30 pacientes, ou seja, serão 30 cirurgias realizadas, um número considerado alto pelos especialistas.

 

Autorização para doação

O doador vivo é, por exemplo, aquela pessoa que necessita colocar prótese no quadril e que, para isso, precisará retirar, durante o procedimento cirúrgico, a cabeça femoral. Essa cabeça femoral poderá ser doada ao banco de tecido, mediante autorização do próprio paciente.      

No caso do doador cadáver, com óbito motivado por morte encefálica ou parada cardíaca durante a internação hospitalar, será necessária a autorização da família para a captação dos tecidos. Por isso, é importante que a pessoa que deseje ser doadora após a morte, informe isso aos familiares.

 

Corpo do cadáver após captação dos tecidos

Muitas pessoas têm dúvidas sobre a doação, principalmente quando se refere à aparência do cadáver após a retirada dos tecidos. É importante informar que o corpo não ficará mutilado, pois os profissionais, responsáveis pela captação dos tecidos, recompõem o corpo com material sintético, preservando, assim, a aparência do doador.

 

Expectativa inicial

Para realização do transplante, o hospital estima que, em princípio, sejam realizadas cerca de 30 cirurgias anualmente, ou seja, 30 pessoas voltarão a ter uma qualidade de vida melhor.

De acordo com o ortopedista João Alberto Maradei, o hospital já está realizando a triagem de pacientes para a realização do primeiro transplante. 

 

Sobre o Hospital Maradei

O Hospital Maradei foi fundado em 1966 e, deste então, é conveniado ao Sistema Público de Saúde, hoje SUS, além de ter um caráter filantrópico. A instituição também mantém parceria com a UFPA, o que permite troca de experiências na área de saúde, colaboração na formação de novos profissionais e realização de relevantes estudos científicos e pesquisas que favoreçam a reabilitação da qualidade de vida da população paraense.