Pará - O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), organização que representa o setor privado na busca por soluções de descarbonização, publicou um mapeamento que mostra que o Pará lidera investimentos sociais na Amazônia Legal. O estudo, produzido por associadas, mostra que 19 empresas executaram 113 projetos socioambientais em 98 municípios da região , e o Pará respondeu por 59% dos recursos alocados em 67 projetos de impacto positivo em 2023. As ações empresariais analisadas estão voltadas para a promoção de emancipação ou fortalecimento de comunidades locais que representaram 21,5% do total das iniciativas.
As ações para educação e capacitação aparecem em seguida, com 13% dos projetos. Proteção de direitos humanos aparece com 10,8% e desenvolvimento econômico e negócios com a mesma fração (10,8%). O estudo também identificou sobreposições territoriais e temáticas, que promovem um ambiente favorável às cooperativas.
A partir da análise de dados, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável propõe a criação de um Grupo de Impacto Social na Amazônia, com foco no intercâmbio de experiências, identificação de parcerias e articulação de estratégias coletivas, objetivando a maximização dos impactos dos investimentos.
De acordo com o estudo, o Pará disparou na frente com folga. O Amazonas aparece em segundo lugar com 28 iniciativas, seguido pelo Mato Grosso com 17. Segundo o CEBDS, a liderança ganha ainda mais relevância no contexto da Conferência de Mudanças Climáticas da ONU em Belém, em novembro, visto que a Amazônia está no centro das atenções mundiais e se destaca por apresentar soluções verdes para o combate da crise do clima.
Um dos destaques do mapeamento é que 66% das ações foram classificadas como voluntárias, ou seja, não resultam de exigências legais ou regulatórias. Para Anderson Ignácio, gerente de Natureza e Sociedade do CEBDS, o dado evidencia “um avanço expressivo do setor empresarial rumo a uma atuação mais estratégica e comprometida com o desenvolvimento sustentável do bioma”, ao mesmo tempo que o mundo enfrenta retrocessos na agenda socioambiental.
“O protagonismo voluntário revela o amadurecimento do ESG no Brasil e mostra que o setor está disposto a atuar para além da lei, contribuindo com a redução das desigualdades e a promoção da inclusão econômica na região” , destacou Ignácio.
ESG é a sigla, em inglês, para Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança). De modo geral, o ESG mostra o quanto um negócio está buscando maneiras de minimizar os seus impactos no meio ambiente que contribuem para construir um mundo mais justo e responsável e para manter os melhores processos de administração.
BIOECONOMIA NO PARÁ PODE GERAR R$ 816 MILHÕES AO PIB ESTADUAL
Em estudo divulgado ontem, 14, o World Resources Institute (WRI) em conjunto com 70 pesquisadores de nove países amazônicos, incluindo o Brasil, revelaram que a bioeconomia, modelo que alia conservação ambiental com geração de renda e oportunidades para populações locais, tem potencial bilionário se combinada com restauração florestal e pode somar R$ 45 bilhões ao PIB brasileiro e garantir a geração de mais de 830 mil empregos até 2050.
O World Resources Institute é uma organização global de pesquisa sem fins lucrativos, fundada em 1982, que trabalha para proteger a natureza e melhorar a vida das pessoas, focando em áreas como clima, energia, florestas, água, cidades, alimentos e governança. O WRI desenvolve e promove políticas e soluções baseadas em pesquisa para alcançar a sustentabilidade e o bem-estar humano.
Segundo a organização, os números revelam que o caminho para o desenvolvimento sustentável da região passa pela valorização da biodiversidade local e do conhecimento tradicional das comunidades.
Entre os produtos da floresta, estão alguns conhecidos e presentes nos lares brasileiros e são importantes fontes de alimentação da população paraense, como o açaí, a castanha, cupuaçu, camu-camu, andiroba, copaíba e mel de abelhas nativas.
De acordo com o WRI, a poucos meses da COP30 no Brasil e no coração da Amazônia, a bioeconomia emerge como solução frente à crise climática e como ferramenta para promover justiça social e proteção da biodiversidade.
Recentemente, outro estudo apontou que a bioeconomia no Pará pode gerar R$ 816 milhões ao PIB estadual e apontou para uma necessidade de investimento na casa de R$ 720 milhões em 13 cadeias da sociobiodiversidade.
Atualmente, o Pará possui entre R$ 1,7 bilhão e R$ 1,8 bilhão em recursos captados ou em negociação para ações climáticas e que poderiam ser direcionados para esse setor, apontou o WRI, em estudo publicado pela revista Exame.