Ao intensificar a imunização, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), em conjunto com gestões municipais, conseguiu controlar o avanço do sarampo no Pará. O último caso da doença foi registrado em janeiro de 2022, no município de Afuá, no Arquipélago do Marajó.
O resultado desse trabalho foi um dos 13 relatos apresentados na Mostra da Gestão Estadual do SUS: experiências exitosas para a recuperação das coberturas vacinais, realizada na última quinta-feira (19), durante reunião conjunta das Câmaras Técnicas de Epidemiologia e de Comunicação em Saúde, na sede do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), em Brasília (DF).
O objetivo do evento foi propiciar a troca de experiências entre as Secretarias Estaduais de Saúde e contribuir com o esforço para aumentar as coberturas vacinais no Brasil, considerando o complexo desafio de reconstruir o Programa Nacional de Imunização (PNI), alcançar as históricas coberturas vacinais, combater a desinformação e promover a saúde pública.
Segundo Jaíra Ataíde, coordenadora estadual de Imunizações, as ações de combate ao sarampo começaram, em 2018, no Oeste do Pará, onde foram registrados os primeiros casos da doença, até então erradicada no Brasil. Em função desse novo cenário, o País acabou perdendo a certificação internacional de eliminação do sarampo, concedida pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Jaíra Ataíde ressaltou que a volta do sarampo foi resultado da baixa cobertura da vacina tríplice viral, que protege também contra caxumba e rubéola. “Na rotina de vacinação nos postos de saúde a meta é vacinar 95% das crianças de 12 meses de idade, com reforço aos 15 meses com a vacina tetraviral”, enfatizou.
Ações
Foram necessárias ações estratégicas para conter o avanço do sarampo, uma vez que o Pará possui áreas de difícil acesso, tanto pelas diversidades geográficas e meteorológicas, quanto pelos vários modais de transporte, que são desafios para as equipes de saúde alcançarem populações mais distantes.
As principais ações realizadas nesses cinco anos foram o bloqueio vacinal (vacinação de contatos de casos confirmados e suspeitos até 72 horas); intensificação com vacinação seletiva em todos os locais por onde pacientes passaram no período de transmissibilidade da doença; varredura (ida de casa em casa para vacinar os não vacinados); campanhas seletivas; visitas técnicas periódicas e capacitações on-line e presenciais aos CRSs e municípios sobre aspectos relacionados à vacina, além da barreira sanitária em portos e aeroportos onde houve confirmação de casos, entre outras atividades.
Vacinação
Em 2020, só nas ações de varredura com apoio da Opas foram aplicadas 55.959 doses de vacina contra o sarampo na população de seis meses a 59 anos, nos dez municípios prioritários, e durante todo o período de combate ao vírus foram aplicadas 79.286 doses em ações de bloqueio e 239.131 doses em ações de intensificação. “Essa mostra é uma prova cabal de que muita coisa boa está sendo realizada no Brasil para solucionar este problema das baixas coberturas vacinais”, disse Jurandi Frutuoso, secretário executivo do Conass.