REFERÊNCIA HISTÓRICA

Paes de Carvalho celebra 184 anos como símbolo da educação pública no Pará

Fundado ainda em 1841 pelo então presidente da província do Grão-Pará, Bernardo de Souza Franco, o Colégio Estadual Paes de Carvalho (CEPC) chega aos 184 anos de história.

Fundado ainda em 1841 pelo então presidente da província do Grão-Pará, Bernardo de Souza Franco, o Colégio Estadual Paes de Carvalho (CEPC) chega aos 184 anos de história nesta segunda-feira (28).
Fundado ainda em 1841 pelo então presidente da província do Grão-Pará, Bernardo de Souza Franco, o Colégio Estadual Paes de Carvalho (CEPC) chega aos 184 anos de história nesta segunda-feira (28). Foto: Ascom/Seduc

Fundado ainda em 1841 pelo então presidente da província do Grão-Pará, Bernardo de Souza Franco, o Colégio Estadual Paes de Carvalho (CEPC) chega aos 184 anos de história nesta segunda-feira (28). Mais antiga instituição de educação pública do Estado do Pará e o segundo colégio mais antigo em atividade educacional no Brasil, o Paes de Carvalho guarda não apenas a memória de milhares de pessoas que receberam parte da formação básica em suas salas de aula, mas também um pouco da história de Belém.

Inaugurado como Liceu Paraense, o Paes de Carvalho teve suas atividades iniciadas quando o Brasil ainda era marcado pelo regime imperial. Com o decorrer do tempo, a instituição passou por algumas mudanças no nome: durante a República foi batizada de Paes de Carvalho, mas posteriormente, após a Revolução de 1930, foi nomeada como Ginásio Paraense. Assim ficou até se tornar Colégio Estadual, atual nomenclatura.

Historiador e professor do colégio centenário, Edilon Coelho destaca que, desde que foi criada, a instituição serviu à educação. “O primeiro nome do Paes de Carvalho foi Liceu Paraense e ele já foi fundado com esse princípio de melhorar o ensino público que estava sendo muito criticado aqui, na época. Então, fundaram o Liceu Paraense com o intuito de gerar um ensino público de qualidade na Província”, contextualiza. “Inclusive, por coincidência, o fundador do colégio é alguém que, mais tarde, foi homenageado também com o nome de um colégio, que é o Souza Franco”.

Ao longo dos mais de 180 anos de atividades, a instituição de ensino contribuiu com a formação de centenas de pessoas, incluindo grandes personalidades que tiveram e ainda têm atuação direta na história do Estado e de sua capital. Pelo colégio passaram personalidades como senadores, deputados estaduais e federais, grandes empresários, profissionais liberais, juízes, médicos, professores e escritores. Entre eles, é possível citar o grande romancista paraense Dalcídio Jurandir; a médica Bettina Ferro de Souza, que hoje dá nome ao Hospital Universitário da Universidade Federal do Pará (UFPA); o jornalista Lúcio Flávio Pinto; o senador da república, Jader Barbalho, entre tantos outros

Senador Jader Barbalho. Foto: Alberto Bitar/ Diário do Pará.

“O ex-intendente Lauro Sodré estudou na época do Liceu; também o Alacid Nunes, que foi governador do estado do Pará, e outras grandes personalidades”, lembra. “Nós também podemos destacar um que foi aluno e também professor no Paes de Carvalho, que foi o professor Juraci Siqueira, grande poeta da Amazônia”.

Em 1982, o prédio do Colégio Paes de Carvalho foi tombado pelo Departamento de Patrimônio do Estado do Pará.
Em 1982, o prédio do Colégio Paes de Carvalho foi tombado pelo Departamento de Patrimônio do Estado do Pará.

As personalidades formadas pelo colégio acabaram deixando um legado de tradição que, em parte, é mantido até hoje. Tendo ele mesmo sido um dos estudantes que passaram pelo Paes de Carvalho, o hoje professor da escola conta que não é difícil encontrar alunos cujos pais, tios ou avôs também estudaram no colégio.

“A memória tem essa importância muito grande de preservar, de manter os costumes e tradições. Inclusive, os alunos do Paes de Carvalho, hoje, muitos têm pais que também estudaram no Paes de Carvalho, ou os tios, ou o avô estudou. Então, vai seguindo essa tendência de gerações anteriores que vai passando de pai para filho”, considera, ao apontar que, muitas vezes, essa tradição também se mantém entre o corpo docente.

“Nós temos pelo menos 7 ou 8 ex-alunos do Paes de Carvalho que hoje são professores da instituição e que têm esse compromisso muito grande porque são fruto da escola. Eu tenho muito orgulho de ter sido aluno do Paes de Carvalho, de ser xaréu – como a gente se identifica”.

O grande romancista Dalcídio Jurandir também foi aluno do então Ginásio Paes de Carvalho, entre 1925 e 1927. Foto Divulgação
O grande romancista Dalcídio Jurandir também foi aluno do então Ginásio Paes de Carvalho, entre 1925 e 1927. Foto Divulgação

Tendo parte da própria história vivenciada no colégio e diante da possibilidade de retornar ao local como professor, Edilon Coelho não esconde a satisfação por ver a instituição ainda contribuindo com a formação de qualidade no ensino público do Estado.

“Eu devo muito ao Paes de Carvalho, que me fez ter a vontade de um dia ter como ofício ser historiador. E a gente procura levar essa profissão com muito amor, seriedade e mostrar para os alunos que quando você leva o estudo a sério você consegue dar um significado melhor à sua vida. Você consegue furar a bolha da discriminação, seja social ou econômica, e entrar em uma universidade, galgar frutos e mudar a sua vida e a da sua família. A educação tem esse papel e o Paes de Carvalho contribui muito com isso”.

PATRIMÔNIO

Em 1982, o prédio do Colégio Paes de Carvalho foi tombado pelo Departamento de Patrimônio do Estado do Pará.