O Conselho Regional de Medicina do Estado do Pará (CRM-PA) está apurando o incidente referente ao mutirão de catarata, onde aproximadamente 20 pessoas ficaram sem visão devido a uma infecção em uma clínica localizada em Icoaraci.
A presidente da entidade, Tereza Cristina de Brito Azevedo, forneceu essas informações em uma coletiva nesta quinta-feira (17). Até agora, nenhuma reclamação oficial sobre a clínica foi registrada no conselho, que tomou conhecimento do caso por meio da mídia, segundo a gestora.
Na coletiva de imprensa, a presidente explicou que o CRM não tem conhecimento da data em que o mutirão ocorreu na Clínica São Lucas, em Icoaraci, mas está investigando todos os outros aspectos do caso.
Ela também enfatizou que a situação em questão será investigada para que as circunstâncias sejam desvendadas, acrescentando que as ações do conselho começaram com uma fiscalização na clínica na tarde da última quarta-feira (16). No momento da fiscalização, a clínica estava sem paciente, mas havia funcionários.
Tereza Cristina de Brito Azevedo esclareceu a dinâmica da fiscalização.
“Diante disso, realizamos a visita técnica ontem à tarde e encontramos uma clínica vazia de pacientes, mas com a equipe de funcionários presente. Durante a inspeção, acessamos os consultórios, o centro de cirurgias e todos os outros setores onde há a movimentação tanto de pacientes quanto de médicos”, detalhou.
Clínica continua funcionando após as denúncias
Enquanto as investigações seguem seu curso, o estabelecimento permanece em funcionamento normal, visto que a fase das apurações ainda é preliminar, conforme explicou a presidente do CRM.
“Estamos em uma fase de apuração. E também sabemos que a situação já envolve o Ministério Público e, inclusive, a Polícia Civil, que está conduzindo a investigação. Durante este processo, a clínica continua a operar, pois estamos na fase de apuração e iremos verificar se houve alguma infração ética, que é o foco da investigação. Outras questões devem ser tratadas pelos órgãos competentes”, disse.
Ela ainda destacou que não houve registros de denúncias por parte dos pacientes. “Não recebemos denúncias dos pacientes. Caso surjam, serão investigadas individualmente. Todas as denúncias encaminhadas ao Conselho Regional de Medicina são rigorosamente apuradas”, ressalta a gestora.
O vice-presidente e oftalmologista Lauro Barata também esteve presente na coletiva, onde compartilhou detalhes sobre a fiscalização realizada no local.
“Chegamos por volta das 16h e nos deparamos com várias situações que levantaram nossa preocupação. Notamos a presença de formol em gases espalhados pelo chão, uma máquina de lavar em pleno leito cirúrgico, além da falta de preenchimento adequado dos prontuários dos pacientes que haviam sido operados naquele dia. O autoclave não apresentava informações sobre o tempo de esterilização. Diante disso, algumas circunstâncias nos deixaram alarmados. A partir daí, estamos organizando todo o relatório e vamos encaminhar aos órgãos competentes”, finalizou.
Durante a coletiva, foi esclarecido que a Clínica São Lucas está registrada no Conselho Regional de Medicina. As vítimas impactadas têm a possibilidade de formalizar suas denúncias junto ao CRM.