Pará

ONG doa cabelos naturais para vítimas de escalpelamento no Pará

Organização Não Governamental Amigos Voluntários do Pará (AVP) realizou a entrega de cabelos naturais para confecção de perucas para pacientes
Organização Não Governamental Amigos Voluntários do Pará (AVP) realizou a entrega de cabelos naturais para confecção de perucas para pacientes

A Organização Não Governamental Amigos Voluntários do Pará (AVP) realizou, nesta sexta-feira (24), a entrega de 50 doações de cabelos naturais recolhidos na ilha do Marajó e em Belém. O material doado será utilizado para a confecção de perucas para as pacientes atendidas pelo Espaço Acolher da Santa Casa, vítimas de escalpelamento.

O Espaço Acolher abriga as vítimas de acidentes com escalpelamento em tratamento, que perderam parcialmente ou totalmente seus cabelos no acidente com motor de barcos.

“A partir do momento que elas sofrem um acidente, elas perdem a identidade delas. Em primeiro lugar está a saúde dessa mulher, mas também a sua autoestima. Porque a saúde vem quando você está bem e o cabelo natural em uma peruca representa um ganho e eu procuro ver um cabelo que se aproxime do que elas perderam. E a arrecadação de cabelo é uma das ações que a gente realiza para sensibilizar as pessoas para uma causa humanitária”, afirma Olinda Guedes, da ONG Amigos Voluntários do Pará.

Olinda Guedes, disse, ainda: “montamos essa ONG há cinco anos pensando em educar e proteger vidas ribeirinhas. A gente faz parte da Comissão Estadual de Erradicação dos Acidentes de Motor com vítimas por escalpelamento. A Comissão é coordenada pela SESPA, tem a Marinha, tem a Companhia de Portos, além de outros órgãos e parceiros. Todos lutando para erradicar essa situação em nossos rios”.

Luzia Matos, assistente social da Santa Casa, coordenadora do espaço acolher, destaca que essas ações de parceria tem um impacto muito positivo, levando em conta a extensão dos acidentes. “Quando o escalpelamento é total, essas meninas nunca mais vão ter cabelo. A única forma de fazer um tratamento estético é através das perucas. E perucas, cabelos, não são feitos em laboratórios, né? A gente depende da solidariedade das pessoas, da empatia para a doação de cabelo”.

“Toda campanha que é feita ajuda muito a gente no recebimento dessas doações. Então todos esses cabelos vão para a confecção de perucas naturais, que são entregues de graça para nossas meninas ano após ano. E esse gesto é fundamental para a autoestima. O cabelo é tudo na vida da gente, tanto para homens quanto para mulheres. Mas as mulheres têm esse empoderamento do cabelo longo, comprido, cortado, e melhora muito e ajuda no tratamento, na ressignificação desse acidente, que é um acidente muito grave, muito triste. É um acidente para a vida toda”, informa Luzia Matos.

Tratamento e apoio às vítimas – A Fundação Santa Casa é referência no atendimento às vítimas do acidente de escalpelamento com o motor de barcos, desde o ano de 2005. O Hospital criou inclusive o Programa de Atenção Integral às Vítimas de Acidentes com Escalpelamento.

A Santa Casa também conta com o Espaço Acolher para o acolhimento das vítimas em tratamento ambulatorial, quando elas não têm apoio familiar em Belém. O espaço disponibiliza Serviço Social, de Psicologia, uma equipe administrativa da Santa Casa e uma equipe de educadores da Secretaria de Educação do Pará e da Universidade do Estado do Pará (UEPA), essa última parceria, em regime de convênio com o programa ‘Classe Hospitalar’.

“O cabelo que a vítima de escalpelamento perde no acidente não cresce mais, porque ela perde a base do couro cabeludo. Nós precisamos de doações de cabelos para a produção de perucas, mas nos últimos tempos essas doações diminuíram bastante. Por isso a gente espera que esse gesto de quem faz a doação dos cabelos, possa servir de exemplo para outras pessoas também fazerem a doação”, reforça a assistente social Luzia Matos, coordenadora do Espaço Acolher.

As doações de cabelos para o Espaço Acolher da Santa Casa podem ser feitas diretamente no setor de Serviço Social, que funciona na Avenida Alcindo Cacela, 555, esquina com a Rua Diogo Moia, em Belém. O telefone para contato é o (91) 3237-9460.