CLIMA

Onda de calor que atinge a capital paraense é atípica; Entenda

Com as altas temperaturas, trabalhadores autônomos, principalmente os que atuam nas ruas de Belém têm se virado como podem para se proteger do sol e ganhar o pão de cada dia.

Dino Moraes, 49 anos, vendedor - Foto: Ricardo Amanajás / Diario do Pará.
Dino Moraes, 49 anos, vendedor - Foto: Ricardo Amanajás / Diario do Pará.

Habitualmente o mês de setembro é considerado seco, mas a onda de calor na capital paraense é atípica, detalha José Raimundo Abreu, meteorologista do 2º Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Segundo ele, as altas temperaturas predominam e a maioria dos dias registra altas entre 35°C e 36°C.

“O que está acontecendo extrapola, tivemos um trimestre atípico desde julho e as altas temperaturas vêm predominando. No dia 4 de setembro, o Inmet registrou 37°C. A última vez que a Região Metropolitana de Belém registrou essa temperatura foi em 1982, com 37°C”, afirma o meteorologista.

Ainda de acordo com Abreu, até às 16h da tarde é que ocorrem as máximas temperaturas, já que a atmosfera está mais transparente, pois não há nuvens e o comprimento de onda mais azulado predomina sem nebulosidade.

“Ao chegar à superfície, há uma troca de calor mais sensível entre a baixa e alta pressão na atmosfera, assim como a dispersão de todos os poluentes também fica concentrada na atmosfera. As altas temperaturas predominam e nem acontecem as nuvens da tarde”.

Os municípios do Sul e Sudeste do Estado devem sofrer maior impacto do calor. O agravante se deve à baixa umidade. Em algumas cidades como São Félix do Xingu e Xinguara, por exemplo, as temperaturas chegam a marca de 38°C na sombra, afirma Abreu.

“A tendência é continuar assim nos próximos 15 dias, pouca chuva e seco, mas no mês de outubro deve haver uma melhora e as primeiras chuvas, especialmente no Sul do Pará”, observa.

Sobre a ocorrência de chuva na capital paraense, Abreu comenta que a média esperada para o mês é de 120,1 milímetros. O meteorologista pontua que pela condição excepcional de rios e oceanos próximos à cidade, há probabilidade de chuva nas

próximas 72 horas. “Se mudar um pouco a circulação entre a umidade do oceano atlântico e o encontro com o ar quente, pode-se formar nuvens carregadas bem maiores para ter chuva em toda capital paraense”.

Wilson Costa, 80 anos, Vendedor – Foto: Ricardo Amanajás / Diario do Pará.

Trabalhadores

Com as altas temperaturas, trabalhadores autônomos, principalmente os que atuam nas ruas de Belém têm se virado como podem para se proteger do sol e ganhar o pão de cada dia. O vendedor de picolé Wilson Costa, 80, sai todos os dias às 7h e retorna às 18h para casa, após circular por alguns bairros da cidade. Durante o dia, ele conta com a ajuda de uma cliente que lhe dá uma garrafa de água para amenizar o calor e manter a hidratação. “Ando com essa garrafa de gelo, a moça que me dá. Não uso protetor solar, mas ando com esse chapéu e mais essas duas camisas”.

O guardador de carros Márcio Seixas, 46, utiliza protetor solar e blusa de manga comprida para se proteger do sol. “De 12h para frente, o calor já não ‘tá dando’, mas eu sempre me protegi. Desde a pandemia que senti que piorou essa questão do calor na cidade. Agora também tomo bastante água nas lojas de conhecidos e amigos”.

Márcio Seixas, 46 anos, flanelinha – Foto: Ricardo Amanajás / Diario do Pará.

Para Dino Moraes, 49, que trabalha vendendo salgados na avenida Pedro Miranda, no bairro da Pedreira, apesar do calor, que ele faz questão de amenizar tomando bastante água durante o dia, as altas temperaturas ‘ajudaram’ nas vendas. “Esse ano está

muito quente, mas está saindo bastante suco, as pessoas vêm bastante atrás mesmo, então a gente vai se virando”, conta.