Ana Laura Costa
Nessa época do ano de férias escolares, em que o movimento nas praias do Estado aumenta consideravelmente. Por isso, é preciso cuidados redobrados com acidentes, como os envolvendo animais e, também, com as crianças.
Em alguns locais é comum a ocorrência de acidentes com animais marinhos como arraias, bagres, caravelas e águas-vivas, por exemplo. De acordo com o especialista em salvamento aquático e mergulhador de resgate, major Leonardo Sarges, do Corpo de Bombeiros Militar do Pará (CBMPA), nas praias das Ilhas de Cotijuba, Mosqueiro e Outeiro há maior incidência de arraias. Já na Ilha do Marajó, nas praias de Soure e Salvaterra, a ocorrência de acidentes com arraias e bagres é frequente.
“Na região do Salgado, falando especificamente do município de Salinas, na praia do Atalaia, nós já temos as águas-vivas e caravelas, ou seja, são animais diferentes que provocam acidentes diferentes e precisam de cuidados distintos. Já estamos atendendo diversos casos de acidentes com esses animais e há como tomar alguns cuidados para evitar essas situações”, ressalta o major.
No caso das arraias, o especialista orienta que, ao resolver entrar na praia, os veranistas caminhem arrastando os pés na areia para evitar pisar sobre o animal e ser atacado. “Essa é uma dica valiosa, porque as arraias só atacam quando se sentem ameaçadas, agredidas. Ao arrastar o pé, o animal pode ser tocado lateralmente, mas não pisado. Então, arrastar o pé é uma técnica para evitar ser ferroado”, afirma.
O autônomo Lindomar Campos, 45 anos, é natural do município de Parauapebas e diz que, por preferir tomar banho de igarapé, não descuida da segurança na hora de dar um mergulho ou ficar “de molho”. “Lá a gente anda de botina por conta das pedras, que é onde as arraias ficam, então não pode vacilar”, brinca. Além disso, ele comenta que depois que começa a ingerir bebida alcoólica, não entra mais na água, outro cuidado importante. “Quando começo a beber não entro mais na água, até porque isso é danado para causar acidentes, já que a gente perde um pouco a noção. Então essa também é uma atitude que procuro ter para me resguardar”, destaca.
A publicitária Isabella Guimarães, de 22 anos, revela que costuma visitar as praias da Ilha de Cotijuba, e se preocupa na hora de encarar um mergulho. “Nunca me ocorreu qualquer tipo de acidente com esses animais porque tenho muito cuidado”, conta. A caminho do município de Tailândia, para passar o restante das férias com o sobrinho de 8 anos, a publicitária comenta que por lá, os cuidados são outros.
As águas-vivas e caravelas, são animais aquáticos mais difíceis de se identificar. Dessa forma, o major Leonardo Sarges ressalta que os banhistas precisam adotar o hábito de procurar a equipe de guarda-vidas assim que chegam à praia para receber orientações. “É importante não procurar os bombeiros somente em casos de emergências, mas receber informações acerca daquele local específico, sobre corrente de retorno, locais com incidência de pedras, troncos submersos que a pessoa não consegue observar, é essencial para evitar acidentes. Vale buscar informações com os próprios nativos também, eles têm conhecimentos da área que podem ajudar os banhistas”, esclarece.
CRIANÇAS
Depois de um recente susto com o sobrinho de apenas 10 anos, que pulou no rio e machucou o rosto num tronco submerso de uma árvore, no município de Moju, a professora Odiléia Nery, de 36 anos, conta que agora sabe da importância de pegar informações sobre o local com as pessoas que vivem nas proximidades. “Foi um susto muito grande, então agora a gente sempre tenta procurar saber mais sobre o espaço com as pessoas que vivem ali, para evitar situações como essa”, disse.
Para evitar o risco de afogamento, o major Sarges orienta que os responsáveis entrem na água junto com as crianças, mantendo a distância segura de um braço esticado entre elas, explica. “Como a maioria das águas das praias aqui são turvas, não se consegue observar a profundidade, diferentes das praias com águas mais claras. Por essa característica, se acontecer um rápido risco de afundar, o responsável pode puxar a criança para si, garantindo a sua segurança”. O especialista também ressalta que os adultos precisam ter consciência de que, ao levar os menores para um ambiente praial, eles são responsáveis por garantir a segurança da sua criança.
A orientadora social, Evelen Araújo, 39, destaca que, quando vai à praia com seus quatro filhos, a atenção toda é voltada apenas para as crianças. A diversão dela fica em segundo plano. “Nunca aconteceu de eu perder eles, graças a Deus. Até porque quando saio com eles para esses locais, não bebo, não tem nada de bebida, tem que ficar alerta o tempo todo, de olho. Quando entro na água com eles, a gente vai devagar, com todo o cuidado para não bater em pedras, garrafas de vidro… Então não deixo eles sozinhos, jamais”, enfatiza.
O major Sarges ainda ressalta a importância dos pais procurarem os guarda-vidas para garantir a pulseirinha de identificação nas crianças, para facilitar a localização dos pequenos caso eles se percam na praia. “Nessa hora a gente identifica a criança e ainda dá orientações sobre o local e serviços de pronto-atendimento. Fazendo essa identificação, o responsável colabora para que, caso perca a criança, encontre-a segura e finalize o dia de passeio da melhor maneira”.
Para finalizar, ele diz que o único equipamento seguro é o colete salva-vidas, desse modo, não se deve confiar em objetos que provocam a sensação de segurança como boias, colchões infláveis ou flutuantes. “Esses não são os equipamentos corretos, no caso das boias, por exemplo, para uma criança de até 4 anos de idade, a anatomia faz com que se ela tombar para frente, não consiga voltar para a posição correta. As boias de braço também podem furar, então, colete guarda-vidas sempre”, completa.