SAÚDE

O segredo de uma velhice saudável: não ficar parado!

Com o envelhecimento da população, os cuidados com a saúde física e mental devem ser uma das prioridades. Se inspire em quem já pratica atividades!

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Nos últimos 12 anos, o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4% no Brasil, de acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Belém, Pará, Brasil. Cidade. A prática regular de atividades físicas pode ser uma poderosa ferramenta para garantir qualidade de vida aos idosos. Além de melhorar a saúde física, os exercícios contribuem para o bem-estar emocional, a socialização e a manutenção da independência nas atividades cotidianas. 12/03/2025. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará

Nos últimos 12 anos, o número de pessoas com 65 anos ou mais cresceu 57,4% no Brasil, de acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E para chegar a essa faixa etária com qualidade de vida, a prática regular de atividades físicas pode ser uma poderosa ferramenta. Mais do que os benefícios para a saúde física, os exercícios podem contribuir com a manutenção da independência em atividades do dia a dia e, ainda, promover a socialização e o bem-estar emocional.

Flávia Oliveira, professora de educação física. A prática regular de atividades físicas pode ser uma poderosa ferramenta para garantir qualidade de vida aos idosos. Além de melhorar a saúde física, os exercícios contribuem para o bem-estar emocional, a socialização e a manutenção da independência nas atividades cotidianas. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará

A médica geriatra, professora do curso de medicina e coordenadora do Núcleo de Atenção ao Idoso da Universidade do Estado do Pará (Uepa), Niele Silva de Moraes, avalia que a prática regular de atividade física é não apenas importante, mas fundamental para a saúde da pessoa idosa. Isso porque o exercício físico é capaz de contribuir com a melhora de vários aspectos da saúde.

“O exercício físico auxilia na manutenção de bons níveis de pressão arterial e do perfil lipídico (níveis de colesterol e triglicerídeos); contribui para manutenção de um bom sistema imunológico, aumentando a resistência a infecções; auxilia no controle do peso; aumenta massa muscular e massa óssea, reduzindo o risco de sarcopenia e osteoporose; melhora a mobilidade, reduz o risco de quedas e de fraturas”, enumera. “E há evidências de que a prática regular de exercícios físicos reduz o risco de declínio cognitivo e de Doença de Alzheimer”.

A professora relata, ainda, que alguns estudos mostram que um hormônio produzido pelos músculos durante a prática de exercício físico, chamado de irisina, já foi associado à melhora da função cerebral e ao estímulo do crescimento de novos neurônios no hipocampo, região importante para a memória e aprendizado. Além disso, a prática regular de atividade física é capaz de melhorar o humor e a disposição, reduzir sintomas de depressão e ansiedade e melhorar o sono.

Mas, para que esses benefícios possam ser aproveitados da melhor maneira pela pessoa idosa, é fundamental que alguns cuidados sejam tomados antes de iniciar a prática de atividade física regular. “Antes de iniciar a prática de exercício físico, é importante que a pessoa idosa passe por uma avaliação médica, especialmente se tiver doenças crônicas, como hipertensão, diabetes ou problemas cardíacos. Essa avaliação ajuda a determinar quais atividades são mais seguras e adequadas para sua condição”, orienta a médica geriatra. “Além disso, é muito importante respeitar os limites individuais, iniciar com intensidade leve a moderada e progredir de forma gradual, com o acompanhamento de um profissional qualificado, como um profissional de educação física ou fisioterapeuta, para evitar lesões e garantir a execução correta dos exercícios”.

Além de melhorar a saúde física, os exercícios contribuem para o bem-estar emocional, a socialização e a manutenção da independência nas atividades cotidianas. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará

O acompanhamento de um profissional de educação física é importante para garantir as adaptações necessárias aos exercícios praticados pelas pessoas idosas. Atuando há 17 anos com esse público, a professora de educação física, pós-graduada em educação física do movimento, Flávia Oliveira, destaca que esses ajustes são necessários justamente em função da idade.

Atuando no Programa Vida Ativa na Terceira Idade, desenvolvido pela Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel), a professora destaca os benefícios das atividades que mesclam o exercício físico com música, como é o caso das aulas de ritmos.

“Proporciona a melhora da coordenação, da força, da atenção, da agilidade e hoje em dia, mais do que nunca, do bem-estar emocional que esse idoso precisa muito. A música é um meio para trazer elas para mais próximo da gente para que elas possam fazer essas atividades físicas e, assim, melhorar o seu dia. Sentir mais segurança para carregar uma sacola de supermercado, subir e descer escada, sentar e levantar sem ajuda”, relaciona Flávia. “Uma das melhoras que eles mais relatam, no pós-pandemia, é o bem-estar emocional. Muitas chegaram aqui com depressão pela perda de entes queridos na Covid e isso traz para elas um bem-estar porque aqui elas encontram, justamente, esse abraço, essas músicas com algumas letras que fazem a gente sorrir. Então, elas saem daqui muito mais leves do que elas chegaram”.

DISPOSIÇÃO

Aos 84 anos de idade, a aposentada Verônica Jesus dos Santos é só disposição durante as aulas de ritmos. Ela conta que essa relação próxima com a prática de atividades físicas iniciou quando ela tinha ainda 50 anos, e foi o que possibilitou que ela chegasse aos 80 com a disposição que tem. “Eu conheci o projeto através de uma vizinha. Ela me convidou e eu decidi ir. Ela que me inscreveu aqui e eu tive que ir fazer os exames. E quando eu fui fazer os exames é que eu descobri que era hipertensa. Eu tinha 50 anos e desde aí eu fiquei”.

Apesar dos problemas de saúde que acabou apresentando neste período e que a fizeram se afastar temporariamente, ela conta que nunca abandonou a atividade física, seguindo sempre a orientação médica. “Em 2022 eu tive que fazer um cateterismo porque eu tive três veias entupidas. Mas quando o meu médico me liberou, em 2023, eu retornei. Se não fossem esses exercícios, eu acho que eu já não estava mais conseguindo andar porque eu tenho muito problema no meu joelho”, considera. “Antes eu fazia só a hidro, mas no ano passado eu mudei, comecei a fazer dança”.

Por ser desenvolvida na água, o que ajuda a reduzir o impacto, a hidroginástica é outra atividade muito indicada para as pessoas idosas. O professor de educação física que também integra o Programa Vida Ativa na Terceira Idade, Marco Rabelo, destaca que a hidro apresenta vários benefícios.

“A hidroginástica tem essa característica de ter um impacto bem pequeno. Pelo fato de ser feito na água, ela já propicia um prazer maior. Mas os benefícios são vários: ela estimula o equilíbrio, a coordenação motora, fortalece a musculatura, a sua capacidade funcional aumenta, a capacidade aeróbica aumenta também”.

Esses efeitos são percebidos, na prática, pela aposentada Geraldina Barbosa, 74 anos. Ela conta que pratica hidroginástica desde 2017, além de fazer outros exercícios. “Acho que é muito bom você fazer atividade física. Eu já tinha feito hidroginástica antes e passei, mas depois eu decidi fazer de novo e, em 2017, vim pra cá. Apesar de ter problemas de saúde, eu me sinto bem fazendo atividade física. Eu faço aqui na piscina e também faço musculação. A musculação foi por recomendação médica”, conta. “E um dia que eu não venha, eu sinto falta do exercício. Não gosto de faltar, só falto por necessidade mesmo”.

Sandra Lígia de Castro, 68 anos, aposentada. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará

No caso da aposentada Sandra Lígia de Castro, 68 anos, a atividade de preferência é a natação, que ela pratica desde a época da faculdade. Assim como Geraldina, ela também sente no corpo a falta da atividade física quando fica um dia sem treinar. “Qualquer exercício na água é a melhor coisa que tem. Então, eu gosto muito de hidro, mas eu gosto mais de nadar. Desde quando eu estudava na UFPA eu já praticava natação, então, a atividade física sempre esteve presente na minha vida”, conta. “Se eu não ficar sem a minha atividade física, eu fico doente”.