Papais Noéis voltam com a agenda cheia

Irlaine Nóbrega

O bom velhinho está de volta! Este ano, a magia do Natal está completa com a retomada das visitas ao Papai Noel. A presença física e sem restrições de um dos maiores símbolos natalinos deve garantir as conversas, beijos e abraços, além da felicidade da criançada. Vestidos com tradicional roupa vermelha e sem esquecer, claro, dos presentes, é momento dos personagens que dão vida ao bom velhinho voltarem a cena.

Com a agenda quase completa, os Papais Noéis já são presença garantida em shoppings, magazines, restaurantes e eventos particulares da capital.

O casacão vermelho, gorro e a longa barba branca não enganam: é hora de voltar ao trabalho. De origem cristã, inspirado em São Nicolau, é conhecido por levar presentes para crianças comportadas do mundo todo. Montado em um trenó puxado por renas, ele sai do Polo Norte, vai de casa em casa e desce pela chaminé para entregar os agrados na noite de Natal. A lenda ganhou notoriedade e é mantida até hoje durante o mês de dezembro, quando senhores de vestem do velho Nicolau.

O encantamento pelo ofício de distribuidor de presentes foi o que fez Luiz Guilherme Adrião, 61 anos, aderir a tradição do Noel. Quando pequeno, observava um vizinho se vestir e entregar bombons às crianças do bairro, motivo de admiração. Por isso, decidiu dar prosseguimento a tradição, que já segue durante 27 anos. No início, a barba branca era sintética e as roupas menos elaboradas. Com o tempo, ele se profissionalizou. A barba, agora, é natural e as vestes ganham um novo modelo todo ano.

A preparação inicia em maio, quando Luiz e a esposa, Maxilene Lobo, participam de dois eventos em São Paulo para conhecer as tendências natalinas do ano. De volta a Belém, os dois trazem os tecidos e os adereços escolhidos durante o evento. A produção das peças começa em agosto, quando o material é enviado ao costureiro para que prepare o casaco, as calças, o gorro e a ombreira. Depois de pronta, a roupa é bordada pela esposa com detalhes dourados que imprimem a identidade do espírito natalino.

Com tudo em mãos, a transformação em Noel dura 40 minutos

Após dois anos de restrições, Luiz retoma ao ofício de forma plena, dessa vez, no restaurante Famiglia Sicilia, onde faz apresentações desde último dia 08 até o dia 23 de dezembro. Para ele, o momento marca a união das famílias. “Nesse período faltou muito a presença do Papai Noel. Foram dois anos difíceis de muita restrição, muito medo, mas a gente viu que o momento maior da pandemia já passou e a sociedade está aprendendo a conviver com o vírus. Nessa volta é um sentimento de alegria por rever as famílias unidas, com alegria, na comemoração do Natal, do nascimento de Jesus. O que mais inspira nesse momento é a união dos pais e filhos que transborda o nosso coração com alegria”, disse o corretor de imóveis e gestor de segurança.

Nesse encontro próximo ao público, o Noel pretende chamar atenção sobre a importância de acreditar na mensagem do Natal. “O Papai Noel não é o ápice do Natal.

O momento maior é louvar o nascimento de Jesus, o Cristo Salvador. Nós, como Papais Noéis, somos meros mensageiros desta novidade maior, o nascimento de Jesus que renasce no coração da gente. Eu espero passar a mensagem do Natal e, também, a alegria. Fazer com que as pessoas voltem a acreditar mais na magia do Natal depois desses dois anos. Foram anos complicados, mas agora surge essa esperança de dias melhores”, reflete Luiz Adrião.

PEDIDOS

Um dos mais antigos Papais Noéis de Belém, Willys Bastos ainda segue a tradição de se vestir de Papai Noel, atividade iniciada pela irmã Isabela, conhecida como Mamãe Noel do Lixão. A prática, fruto de uma brincadeira familiar, logo se tornou a “profissão” do corretor de imóveis durante os meses de novembro e dezembro, período em que se dedica ao bom velhinho. Hoje, aos 64 anos, Willys ainda espera pelos meses de maior contato com as crianças, que simboliza, para ele, o encontro com os sentimentos essencialmente bons.

“A simbologia da fantasia do Papai Noel, que não desbota, ultrapassa os séculos e está no imaginário das crianças sempre renovando a esperança de dias melhores. Tenho a esperança de ver, no sorriso da criança, uma renovação de buscar dias melhores. Essa ingenuidade da criança, essa esperança que ela traz é o que motiva a me vestir. Às vezes, o Papai Noel é aquela imagem de dar o presente e a criança nutre isso. É a imaginação, o sonhar da criança que é fruto de esperança. O Papai Noel é o que tem de melhor para que venha lembrar Jesus porque Ele sempre está à frente”, disse Willys Bastos.

Pelo segundo ano, Willys vai trabalha em um shopping da Batista Campos. Dessa vez, com a volta plena das visitações, ele já espera pelo retorno das conversas cheias de pedidos entre o Noel e a criançada. “É um momento de trocas. Naqueles minutos preciosos de contato com as crianças a gente troca informações de uma magnitude tão bonita. O Papai Noel simboliza essa confiança para a criança. Essa época nutre todas as coisas consubstanciadas no bem e no amor e se renova. O mundo está precisando de mais amor. Quando eu estou em contato com as crianças sinto esse amor puro. É uma carga de emoções da natureza do bem”, relembra.

 

“Hoje estamos vivendo de novo o Natal”

De barba naturalmente branca e olhos azuis, Milton Boger faz a alegria da criançada há 20 anos como Papai Noel. A ideia de se transformar no bom velhinho veio após a sugestão de um amigo, que o considerava muito parecido com a imagem do Noel. Por isso, todo ano ele investe em um modelo de roupa diferente com direito a tecido especial, tudo para agradar ao público, que gosta de ver a figura natalina bem enfeitada.

Atualmente com 75 anos, Milton se prepara desde outubro para receber as crianças no próximo dia 19, em um shopping de Ananindeua. Com as roupas já customizadas, ele deixou o trabalho de comerciante de lado para dar espaço a chegada do bondoso Noel.