ANANINDEUA EM 'OUTRO PATAMAR'

Novo vice de Daniel foi preso por envolvimento em grupo de extermínio

O novo candidato a vice-prefeito na chapa do atual prefeito de Ananindeua, Daniel Santos (PSB), já foi preso pela polícia por envolvimento em milícias e grupos de extermínio.

Daniel e seu novo candidato a vice.
Daniel e seu novo candidato a vice.

O novo candidato a vice-prefeito na chapa do atual prefeito de Ananindeua, Daniel Santos (PSB), já foi preso pela polícia por envolvimento em milícias e grupos de extermínio.

Hugo Atayde, que é advogado e foi vereador de Ananindeua pelo PSB, foi alvo da operação Anonymus II, deflagrada pela Polícia Civil do estado em 2019. Na época, o vereador chegou a fugir para não ser preso. Seis policiais militares foram presos na operação, que cumpriu nove mandados de prisão. Hugo estava na condição de foragido, mas foi preso depois. O candidato a vice-prefeito na coligação de Daniel acabou beneficiado com um alvará de soltura e ficou em prisão domiciliar com monitoramento eletrônico.

Hugo chegou a exercer o cargo de diretor da Secretaria Municipal de Transporte (Semutran). Hoje, ele se apresenta como chefe de gabinete de Daniel Santos.

Segundo a Polícia Civil na época, a atuação dos grupos de extermínio era formado na maioria por agentes de segurança pública e seria responsável por um elevado número de homicídios ocorridos nas periferias de Belém, Ananindeua e Marituba.

Uma delegada foi presa na ocasião por ter avisado Hugo Atayde sobre a operação, a tempo do vereador fugir para não ser preso.

ANTIGO VICE COM PASSADO NEBULOSO
O advogado entra na vaga de Ed Wilson, que renunciou à candidatura. Ele é do Solidariedade e também tem um passado nebuloso. Braço direito de Daniel Santos, ele foi condenado a devolver mais de R$ 10 milhões aos cofres públicos, em valores atualizados pelo IPCA do mês passado.

Daniel e seu candidato a vice na chapa, Ed Wilson, que continua na lista de contas julgadas irregulares pelo TCM FOTO: DIVULGAÇÃO
Daniel e seu candidato a vice na chapa, Ed Wilson, que continua na lista de contas julgadas irregulares pelo TCM FOTO: DIVULGAÇÃO

Durante dois anos, Ed Wilson Dias e Silva não prestou contas de recursos do Fundo Municipal de Saúde (FMS) do município de Muaná, na Ilha do Marajó. O que significa que ninguém sabe exatamente o paradeiro desse dinheiro. As condenações ocorreram em dois processos do Tribunal de Contas dos Municípios do Pará (TCMPA). Por causa delas, Ed Wilson ficou inelegível durante pelo menos cinco eleições, só voltando a poder concorrer a um cargo eletivo a partir do ano passado. Mesmo assim, ele permanece na lista das contas julgadas irregulares pelo TCM. E, segundo o tribunal, não há sinais de entrada desses recursos na contabilidade do município de Muaná. Em outras palavras: provavelmente, ele não devolveu esse dinheiro. E é possível que essa dívida tenha até prescrevido.

Ed Wilson é homem de confiança do prefeito de Ananindeua. Ele foi chefe de Gabinete da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), em 2019 e 2020, quando ela foi presidida por Daniel Santos. Também foi chefe de gabinete e diretor de Planejamento Estratégico da Prefeitura de Ananindeua, de 2021 até 5 de abril deste ano. Hoje, ele e Daniel são investigados pelo Ministério Público do Pará (MPPA) por suspeita de envolvimento com uma suposta quadrilha que teria desviado mais de R$ 261 milhões do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Pará (Iasep) para o Hospital Santa Maria de Ananindeua