Pará

Nosso tacacá de todas as tardes conquistou o Brasil

Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.
Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Ana Laura Costa

“Eu vou tomar um tacacá!”, o refrão que caiu no gosto da galera fora do eixo norte-nordeste e viralizou nas redes sociais atualmente, faz parte da música “Voando Pro Pará”, lançada em 2016 pela cantora paraense Joelma, após o fim da banda Calypso.

Mas a iguaria típica da Amazônia que algumas pessoas podem estar conhecendo agora, faz parte da dieta nas tardes calorosas de belenenses há tempos! A aposentada Edilena Amaral, 62, que o diga. “Estava fazendo umas comprinhas aqui pelo comércio e, toda vez que venho aqui, tenho que parar na barraca da Fafá, é o melhor tacacá do comércio”, conta.

Mesmo no calorão que brea a cidade, dificilmente há pessoas que resistam a um bom tacacá. Apesar de existirem, definitivamente Edilena não é uma delas. “Paraense tem disso, né? Está no calor e quer tomar tacacá, não dá pra explicar! Ninguém consegue explicar. E o meu tem que ser completo, fervendo”, ressaltou.

A vendedora Vera Lúcia também não consegue explicar o motivo de insistir em se banhar, ainda mais de suor, após uma boa cuia de tacacá, mas arrisca. “Porque é gostoso! E eu gosto de bastante tucupi e pouca goma, viu? Quando venho pra cá, na Fafá, chega já venho babando!”, brincou.

Na rua 13 de Maio, centro comercial de Belém, onde fica situada a barraca de Maria de Fátima Araújo, mais conhecida como Fafá, as cadeiras nunca ficam vazias. Ela conta que o segredo está no tucupi, tanto no tempo de fervura quanto no tempero especial. No dela, por exemplo, não pode faltar os seguintes ingredientes: alho, chicória e alfavaca. Mas a receita mesmo, não dá pra espalhar.

“Se eu revelar o segredo não é mais segredo, né? Mas olha, o meu está no tucupi mesmo, no cozimento. Tem um ponto, sabe? Para não ficar nem muito doce nem muito azedo, tem que ser no ponto mesmo pra ficar gostoso”, contou.

SEGREDO

No bairro de Canudos, em Belém, os moradores da área e do entorno também não passam vontade, não. O conhecido Tacacá do Nilson, faz a alegria do “paraense raiz”, como o próprio Nilson Cardoso, de 68 anos, diz. “Um bom paraense não dispensa o tacacá, principalmente no horário de três às cinco horas da tarde, o paraense raiz gosta de tomar tacacá nesse horário, é o ideal”, afirmou.

Ele também conta que o segredo da iguaria servida por ele está no tucupi que, por sua vez, precisa de bastante alho e chicória para ficar gostoso.

“Todo mundo sabe que o tucupi, mal cozido, dá problema de saúde, entendeu? Então, eu cozinho de uma hora e meia às duas horas. Já na goma, uma boa goma, eu coloco alho, chicória, e um pouco de Ajinomoto para ter um sabor, porque todo mundo sabe que a goma não tem muito gosto”, completa.

Receita

Ingredientes

4 xícaras (chá) de água;

1/2 xícara (chá) de goma de mandioca;

1 colher (chá) de sal;

500 g de camarão salgado;

4 folhas de chicória;

4 dentes de alho amassados ou inteiros;

3 pimentas-de-cheiro;

2 maços de jambu;

2 litros de tucupi.

Modo de preparo

Coloque o tucupi em uma panela com o alho bem amassado ou inteiro, o sal, a chicória e as pimentas.

Leve ao fogo.

Quando começar a ferver, abaixe o fogo, tampe a panela e deixe cozinhar a gosto.

Simultaneamente em outra panela, cozinhe o jambu até ficar tenro.

Retire do fogo, escorra e reserve.

Lave bem os camarões e leve-os ao fogo em uma panela com 4 xícaras de água.

Deixe ferver por aproximadamente 5 minutos.

Retire a cabeça e a casca.

Em uma panela, misture a goma de tapioca com a água dos camarões, leve ao fogo e mexa até obter um mingau.