Pará

Nem a onda de calor afasta o paraense de um bom tacacá

O paraense não abre mão de um delicioso tacacá. FOTO: RICARDO AMANAJÁS
O paraense não abre mão de um delicioso tacacá. FOTO: RICARDO AMANAJÁS

Ana Laura Costa

Assim como as altas temperaturas, a chuva da tarde e a umidade elevada do ar são características climáticas de Belém. Os costumes e a cultura da população também são elementos que agregam particularidades e diferenciam a capital paraense.

Uma mostra disso são as barracas de lanches e comidas que podem ser encontradas facilmente nas esquinas das cidades, em uma ida às feiras ou ao centro comercial, com os vendedores dispondo de café da manhã à comidas regionais como maniçoba, pato no tucupi e o tacacá que, mesmo com o calor intenso, é servido ‘fervendo’, do jeito que o paraense gosta.

Tradicionalmente servido em uma cuia, com tucupi, goma de mandioca e camarões, a iguaria é a marca registrada do ‘Tacacá do Nilson’, no bairro de Canudos, o point da culinária paraense para moradores ou não da área. De acordo com o proprietário, Nilson Cardoso, 68, o calorão não atrapalha as vendas dos pratos quentes, muito pelo contrário.

“O paraense tem o costume de tomar o tacacá no final da tarde, entre 16h e 17h, e não tem dessa de calor. Tenho clientes, por exemplo, que não tomam tacacá de noite, tem que ser à tarde, no sol quente, bem apimentado, é uma tradição paraense mesmo”, explica.

Ainda segundo Nilson, esse cenário melhora ainda mais com a aproximação do Círio de Nazaré, já que a procura por pratos quentes que compõem a mesa da maior festa religiosa do Brasil tem se intensificado desde o último mês.

No último domingo (3), o proprietário contou que recebeu turistas de fora do Estado que estão em Belém para assistir o jogo da Seleção Brasileira e aproveitaram para apreciar o famoso tacacá. “Aí eles já experimentaram o calor e o tacacá, tudo junto, num jeitinho bem paraense!”, disse.

Cliente assídua do Tacacá do Nilson, Aline Ferreira, de 36 anos, afirma que ao menos 3 vezes na semana precisa tomar tacacá e não importa o calor, apenas o horário, já que não pode passar de 17h30 da tarde. Acompanhada do esposo, que também a acompanha na tradição, ela conta que não abre mão da iguaria. “É um costume de infância e não tomo tacacá a noite, tem que ser de tarde ainda. Tá quente? Mas quero um tacacá mais quente ainda”, conta enquanto toma e enxuga o suor do rosto.

A assessora de comunicação, Carmem Silva, de 51 anos, também parou com a família para fazer um lanche da tarde tipicamente paraense. Apreciando um bolo de macaxeira, ela revela sua paixão pelo café, passada de geração em geração.

“O paraense não tem isso com calor. Em casa é café de manhã, à tarde e à noite. É um hábito familiar. Minha avó passou para a minha mãe que passou para mim e agora minha filha também adquiriu o costume”, ressalta.

A filha, Camille Lage, 15, admite a paixão por café que herdou da mãe enquanto se delicia com uma bela cuia de tacacá bem quente. “Qualquer oportunidade eu estou tomando, amo tacacá e pode estar marcando até 33 ° C! Café também é minha paixão, tomo pela manhã, de tarde e de noite. Mas, viemos de uma consulta agora e a médica disse que tenho que parar de tomar tanto. Vou reduzir, o calor não impediu, mas a médica orientou”.