Pará

Naufrágios já deixaram 8 mortos no Pará em 2023

Na manhã desta terça-feira, 11 o Corpo de Bombeiros localizou as últimas duas vítimas do naufrágio da embarcação do tipo rabeta, que ocorreu durante a noite do último domingo, 9, na travessia da ilha do Combu para Belém. Foto: Ricardo Amanajás / Diario do Pará
Na manhã desta terça-feira, 11 o Corpo de Bombeiros localizou as últimas duas vítimas do naufrágio da embarcação do tipo rabeta, que ocorreu durante a noite do último domingo, 9, na travessia da ilha do Combu para Belém. Foto: Ricardo Amanajás / Diario do Pará

Diego Monteiro

Na manhã desta terça-feira, 11 o Corpo de Bombeiros localizou as últimas duas vítimas do naufrágio da embarcação do tipo rabeta, que ocorreu durante a noite do último domingo, 9, na travessia da ilha do Combu para Belém. As vítimas foram identificadas como Paulo Bittencourt, 31 anos, amigo da família, e Natalino Pantoja, 77 anos, avô do bebê que também faleceu e proprietário do barco que afundou.

O acidente náutico resultou em quatro mortes e seis sobreviventes. A maioria dos passageiros, que totalizavam dez pessoas, pertencia à mesma família e estava na ilha para comemorar o “mêsversário” de Marcos João, que havia completado seis meses de vida. De acordo com a Marinha do Brasil, o bebê chegou a ser levado para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no Jurunas, mas não resistiu.

Durante coletiva à imprensa realizada ontem à tarde, a Marinha do Brasil informou que há fortes indícios de que a rabeta tenha naufragado devido às intensas marés do rio Guamá. No entanto, essas informações serão investigadas durante o inquérito sobre acidentes e fatos de navegação. Testemunhas relataram que, no momento do acidente, uma forte chuva atingiu a região.

Esse caso, que ficou conhecido como “Naufrágio Combu”, levantou discussões intensas sobre a segurança na navegação, uma vez que os rios na Amazônia possuem intenso tráfego de turistas, moradores e mercadorias, e as embarcações regionais se tornam uma alternativa mais econômica e eficaz para atender às necessidades das comunidades e cidades situadas às margens dos rios.

A redação do DIÁRIO recebeu dados enviados pela Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, que revelam informações preocupantes sobre naufrágios na região. Nos seis primeiros meses de 2023, já ocorreram cinco acidentes do tipo, resultando na trágica perda de oito vidas. No ano completo de 2022, foram registrados 12 naufrágios, com um total de 33 vítimas fatais.

Segurança

Mizael Rocha Rodrigues, 30, presidente da Cooperativa Mista da Ilha do Combu (Copemic), responsável pela travessia de centenas de pessoas por meio do Terminal Hidroviário da praça Princesa Isabel, no bairro da Condor, destacou que acidentes como o ocorrido no último domingo poderiam ter sido evitados se as orientações de segurança tivessem sido seguidas.

A primeira observação feita por Mizael diz respeito à habilitação de navegação, tanto do comandante quanto dos tripulantes. “A travessia pela praça Princesa Isabel até a Ilha do Combu é a única com profissionais devidamente cadastrados na Capitania dos Portos. Existem embarcações que fazem esse trajeto a partir de outros pontos da cidade, mas certamente são transportes clandestinos”, afirmou.

O presidente da Copemic ressaltou a importância de respeitar a lotação de cada embarcação. “Não adianta colocar 20 pessoas em um barco com capacidade apenas para 15 passageiros. A superlotação oferece riscos devido ao peso, e nós, que trabalhamos há muito tempo nessa profissão, sabemos que a dinâmica dos rios vai além das habilidades do comandante”, pontuou.

Apesar das exigências mencionadas, alguns itens são cruciais para evitar tragédias marítimas, como a quantidade correta de coletes salva-vidas para passageiros e tripulação. Além disso, é imprescindível a presença de extintores de incêndio para o controle de possíveis chamas de pequeno porte, além de garantir que a embarcação esteja em boas condições de uso.

“Representantes da Capitania dos Portos regulamentam e fazem visitas ao Terminal para acompanhar nosso trabalho, mas, como seguimos rigorosamente todas as exigências de segurança, nunca tivemos nenhum problema. Se percebermos que algum dos nossos barqueiros não está seguindo as normas, ele é imediatamente afastado da prestação de serviços até que se regularize”, completou Rodrigues.

Mizael aproveitou para cobrar fiscalizações em todos os portos de Belém, onde saem muitas embarcações sem registro adequado e com profissionais não habilitados. Porém, a Marinha do Brasil informou que realiza o acompanhamento do tráfego aquaviário 24 horas por dia, sete dias por semana, principalmente durante esse período de férias esc