Pará

Natal é tempo também de esperança no futuro

Nesse período, quando as mensagens de esperança se multiplicam, é preciso refletir sobre o meio ambiente e o que deixaremos para as próximas gerações Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Nesse período, quando as mensagens de esperança se multiplicam, é preciso refletir sobre o meio ambiente e o que deixaremos para as próximas gerações Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

 

Ana Laura Costa

Em 2023, os impactos das mudanças climáticas refletem em ondas de calor, tempestades e incêndios florestais que causaram devastação e sofrimento humano. Portanto, a relação humana com o meio ambiente ganhou ainda mais notoriedade nas conversas entre amigos, em painéis de debates, e na própria Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-28), realizada este ano em Dubai, nos

Emirados Árabes Unidos. Assim, mais do que nunca, neste Natal, para alguns cristãos, nasce a esperança de que ainda há tempo de preservar a natureza e viver em perfeita harmonia.

O diretor teatral, do grupo experimental de teatro ‘Aldeato’, Aluizio Freitas, faz uma relação entre a simbologia do nascimento de Jesus, com os tempos atuais. Há 40 anos, o grupo encena a peça de Natal “Pastorinhas, as filhas de Santana”, no bairro de Canudos. A produção musical é de Douglas Maldonado. Neste ano, Gabriel Cruz do Nascimento, 27 anos, e Maria Eduarda Lima, 16, interpretam José e Maria, pais de Jesus, respectivamente.

“A história do menino Jesus continua viva, é a esperança de que ainda podemos consertar o mundo. Àquela época, José e Maria pegaram sol e chuva para chegarem até o local do nascimento de Cristo, onde foram acolhidos desses fenômenos. E o nascimento de Jesus representa as boas novas, hoje, em relação ao meio ambiente, na Amazônia, para que possamos tocar as autoridades e no futuro não soframos tanto. Jesus é a figura que nos faz acreditar na possibilidade de contemplar a natureza viva, na preservação dela”, pontua.

Neste período de renovação de votos, desejos e esperança em dias melhores, proposições não faltam para que o progresso seja acelerado e acompanhe os crescentes impactos das mudanças do clima e seus riscos para as pessoas e os seres da natureza. Mas, para alguns, o básico continua sendo mais importante do que o avançado neste Natal.

Aproveitando uma manhã de sol no Parque Estadual do Utinga (Peut), em Belém, a pedagoga Glaucia Adriana Souza, refletiu que a coleta seletiva de resíduos sólidos é fundamental para a preservação do meio ambiente e promoção da sustentabilidade. “A coleta seletiva de lixo é o básico do básico. Se nós tivermos isso em alguns lugares, para destinar até mesmo os biodegradáveis, por exemplo, já seria muito interessante. Então, para 2024, eu destaco isso”, disse.

Com ela, o amigo Weberth Almeida, de 36 anos, natural da cidade de Imperatriz, no Maranhão, também destaca outro ponto: o investimento em áreas de conservação ambiental. Visitando Belém pela primeira vez, o gestor de processos afirmou estar encantado com a unidade de conservação no bairro do Curió-Utinga e toda a sua riqueza natural.

“Em Imperatriz, seria muito bom se tivéssemos investimentos dessa ordem, porque há lugares para onde direcionar isto. Investir em parques como esse, é uma forma das pessoas aprenderem a cuidar mais do meio ambiente. Andando por aqui, vi que as pessoas têm um cuidado a mais, não é mesmo? Então, é algo que faz com que o cuidado com a natureza seja disseminado entre a população”, pontua.

Há pouco tempo residindo na capital paraense, o estadunidense Elder Nelson, 19, também demonstra encantamento pela diversidade de riquezas naturais no espaço ecológico e, de acordo com o jovem norte-americano, tudo depende de ações concretas, individuais e coletivas, para que as futuras gerações também possam contemplar a mesmas paisagem desfrutada por ele, em dezembro de 2023.

“Sabemos que Deus criou essa terra e temos que cuidar dela. Hoje estamos aqui, no Parque do Utinga, e estou contemplando esse rio bonito. Estou vendo coisas que Ele criou e o que Ele quer, é que outras pessoas, assim como eu, cuidem dessas coisas. Assim, o que estou podendo aproveitar neste momento, futuramente outras pessoas também poderão. Tudo depende do nosso cuidado agora”, ressalta.

De acordo com ele, para evitar a poluição do solo e lençóis freáticos, lixeiras públicas são passos importantes para ajudar o planeta. “É muito bom porque você não vê lixo na rua, então, seria muito bom que houvesse uma maior quantidade de lixeiros públicos pela cidade, já ajudaria muito”, afirma.

Já o bacharel em letras Gabriel Cruz do Nascimento, destaca que a educação ambiental é um instrumento necessário para melhorar a relação do homem com o meio ambiente. Segundo ele, para capacitar uma nova geração consciente da importância de atitudes individuais para necessidades ecológicas, a educação ambiental deve ser ministrada em salas de aula.

“Moro na periferia de Belém, de frente para um canal. Então, precisamos de educação ambiental, inclusive, acho que deveria ser matéria nas escolas. Vivemos de frente para vários rios, então educação ambiental deveria ser uma prioridade, mais do que nunca. Seria um estímulo para a população aprender a como descartar o seu lixo de forma adequada, por exemplo ”, justifica.

O diretor teatral Aluizio Freitas, também destaca a responsabilidade da população no cuidado com o meio ambiente, mas bate na tecla da coleta seletiva de resíduos como um princípio básico para que o comportamento das pessoas seja moldado. “Num cenário macro, a coleta seletiva seria um ponto de destaque. A coleta seletiva precisa de pontos estratégicos, junto às cooperativas de reciclagem. Mas a conscientização, a educação da população também é importante”.

ATITUDES

Nas pautas ambientais contemporâneas, sem dúvida a quantidade de lixo produzida no planeta é uma das principais. Sendo assim, o consumo desenfreado, o desperdício e até o descarte incorreto de lixo, são reflexões necessárias para mudar o âmbito ecológico.

Neste ponto, o descarte correto de lixo e a redução do consumo de sacolas e embalagens plásticas, são algumas das atitudes mais comuns entre as pessoas como forma de mitigar os prejuízos ao meio ambiente. “Procuro me atentar à questão da embalagem. Sempre levo as sacolas ao supermercado, não jogo nada, nada por aí. Se for biodegradável, ainda deixo cair. Mas se for plástico, sempre procuro dar um destino final”, disse Glaucia Adriana.

O maranhense Weberth Almeida também pontua que sempre procura pontos para descarte correto de materiais. “Então, em todos os locais em que estou, sempre tenho muito cuidado com essa questão do descarte, né? Às vezes vejo o pessoal passando na rua e jogando uma garrafinha de plástico para fora do carro, fico horrorizado com aquilo”, conta.

Elder Nelson, comenta. “É muito fácil jogar esse plástico na rua, em algum lugar, mas sempre me esforço para jogar numa lixeira. Caso eu não encontre, costumo guardar no bolso”. O diretor teatral já tenta fazer o dever de casa, como ele mesmo diz, que é separar lixo orgânico, de lixo reciclável. “Eu vejo como um trabalho que a gente tem que fazer na nossa casa”, pontua.

Já Gabriel, afirma que também não consegue jogar nada fora do local correto de descarte. “Me sinto diretamente culpado”, revela. A estudante Maria Eduarda Lima, chega a comentar que, de tanto guardar as embalagens de produtos que consome na rua, a mochila às vezes fica até cheia. “É um dos maiores cuidados que tenho, não jogo lixo na rua, prefiro encher minha mochila mesmo e descartar quando chegar em casa”.