Pará

Museu retrata a memória da pesca em Cametá

Em meio a uma identidade intimamente ligada à pesca artesanal, Cametá abriga o Museu da Pesca do Estado do Pará, mantido pela Colônia de Pescadores Z-16, e que se prepara para iniciar uma rota turística do pescado
Em meio a uma identidade intimamente ligada à pesca artesanal, Cametá abriga o Museu da Pesca do Estado do Pará, mantido pela Colônia de Pescadores Z-16, e que se prepara para iniciar uma rota turística do pescado

Cintia Magno

Para além da importância para a economia local e segurança alimentar, a atividade pesqueira faz parte também da cultura do município de Cametá, onde em março acontece o tradicional ato de abertura da pesca do Mapará, pescado típico e muito popular na região do Baixo Tocantins. Em meio a uma identidade intimamente ligada à pesca artesanal, o município abriga o Museu da Pesca do Estado do Pará, mantido pela Colônia de Pescadores Z-16 de Cametá, e que se prepara para iniciar uma rota turística do pescado ligada à atividade.

Docente da Universidade Federal do Pará, do Campus de Cametá, o professor José Domingos costuma desenvolver atividades na colônia de pescadores ligadas a um projeto de extensão chamado “Sobre Pesca e Pescadores na Amazônia Tocantina” e explica que a ideia do Museu é resgatar um pouco da cultura, do trabalho e da formação da história de luta dos pescadores na Amazônia.

“A colônia, hoje, tem 20 mil pescadores associados, é a maior colônia de pescadores do Brasil. E a partir daí a gente consegue pensar a partir de diversas lógicas. Por exemplo, nós temos o cursinho pré-vestibular para filhos de pescadores, tem o projeto de informática para filhos de pescadores e no ano passado nós inauguramos o Museu da Pesca, o primeiro museu da pesca artesanal no Estado do Pará”, aponta.

“O museu retrata a memória da pesca, a memória de luta, a memória dos movimentos sociais, a memória daqueles que contribuíram e contribuem com a pesca trazendo não só as práticas dos pescadores artesanais, mas também trazendo os apetrechos de pesca, as lutas sociais, a história das mulheres, os tipos de pescado, então, ele nasce para retratar um pouco do que é a pesca artesanal na Amazônia e é impossível falar da pesca artesanal sem ter os pescadores como protagonistas desse processo”.

Já em funcionamento, o museu costuma receber visitantes às sextas-feiras, a partir do agendamento de visita por parte das escolas da região. Nas visitas, as crianças podem entender melhor o processo e a importância da pesca artesanal e, não raro, se identificam com aquela cultura porque, muitas vezes, já tiveram contato com histórias de pesca em suas próprias famílias.

“O museu, inclusive, retrata os diversos tipos de pescado que têm no município de Cametá e na Amazônia, mais precisamente na microrregião tocantina. São vários tipos de pescado, mas em especial temos o Mapará, que é o peixe símbolo do nosso município”, explica o professor, ao adiantar a iniciativa de se criar uma rota turística a partir do museu. “Agora, para dinamizar essa atividade do museu, a gente está criando uma rota turística em que vamos levar pessoas de fora que queiram conhecer a atividade”.

A ideia é que, pela manhã, os visitantes possam conhecer o museu e, já por volta de 10h ou 11h, tenham a oportunidade de embarcar em uma lancha que os levará para conhecer, na prática, o processo do borqueio, técnica desenvolvida pelos pescadores da região para a pesca do Mapará. Com sorte, após a pesca, os visitantes poderão saborear o pescado em uma praia próxima, retornando para a cidade no final da tarde.

“Então, o museu vai estar nessa condição de fazer essa rota turística que está programada para ocorrer justamente na abertura da pesca, que se dá em 1º de março”, adianta o professor José Domingos, ao explicar que, quando estiver fechada, a programação será amplamente divulgada.