Pará

Mulheres indígenas do Pará marcham em Brasília contra violência

Essa nova publicação sobre o Censo 2022 revela que o Pará tem 23.278 pessoas indígenas de 15 anos ou mais de idade residentes em terras indígenas, sendo 11.987 homens e 11.291 mulheres. 
 Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Essa nova publicação sobre o Censo 2022 revela que o Pará tem 23.278 pessoas indígenas de 15 anos ou mais de idade residentes em terras indígenas, sendo 11.987 homens e 11.291 mulheres. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A capital federal é palco, até 13 de setembro, da III Marcha das Mulheres Indígenas, uma grande assembleia que ocorre a cada dois anos e reúne milhares de guerreiras, de todos os biomas e representantes de diversas etnias. Do Estado do Pará, saiu uma delegação com cerca de 500 mulheres indígenas, apoiadas pela Secretaria de Estado dos Povos Indígenas (Sepi) e Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa), em articulação com o Instituto Floresta Protegida e o Instituto Kabu.

Na concentração da Marcha, a secretária de Estado dos Povos Indígenas, Puyr Tembé, faz um chamado para reflorestar as mentes do mundo, ou seja, para a sociedade descolonizar o imaginário criado sobre povos indígenas e adotar uma relação de equilíbrio com a Mãe Terra, sem violência, exploração e destruição. “Nós estamos aqui para reconstruir e reflorestar as mentes do mundo. O poder da transformação da sociedade está em nossas mãos. Mas, para isso, precisamos estar todos e todas conscientes”, conclama Puyr Tembé.

Organizada pela Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (Anmiga), a Marcha consiste em três dias de debates, rodas de conversa, expressão cultural e um grande ato com mais de 6 mil mulheres indígenas, amplificando suas vozes, em defesa dos seus corpos-territórios e da Mãe Terra. A programação conta também com grupos de trabalho, divididos por biomas: Cerrado, Mata Atlântica, Amazônia, Pantanal, Caatinga e Pampas.

Concita Sompré, presidente da Fepipa, destaca as temáticas debatidas ao longo do primeiro dia de Marcha. “A programação nos faz refletir sobre o nosso lugar e o que queremos enquanto mulheres indígenas. No primeiro dia da Marcha tivemos várias atividades, com grupos de trabalho que debateram sobre violência de gênero, biodiversidade e reflorestar mentes. À tarde, foi implementado o Tribunal do Júri das mulheres em defesa da resistência, onde tivemos relatos fortes de violência contra mulheres em seus territórios”, destaca.

Uma das atividades da Marcha foi protocolar de forma inédita, na Câmara dos Deputados, Projeto de Lei em duas línguas indígenas, Akwen e Guarani. O projeto trata sobre o combate à violência contra mulheres indígenas, uma iniciativa da deputada federal Célia Xakriabá (MG) que se somou às mais de 500 mulheres indígenas em ato simbólico no parlamento. Outra iniciativa foi o lançamento da cartilha das Originárias da Terra, que será distribuída para as mulheres responsáveis pelas 27 delegações presentes na Marcha, uma representando cada Estado brasileiro.