
Um dos casos mais notórios de feminicídio no Estado entrou numa nova fase com a decisão da 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que decidiu ontem negar o agravo regimental da defesa de Hélio Gueiros Neto, neto do ex-governador do Pará Hélio Gueiros, mantendo a decisão que leva o acusado a júri popular pela morte da advogada Renata Cardim, ocorrida em 2015, na capital.
A advogada Renata Cardim faleceu em 27 de maio de 2015. Inicialmente, a certidão de óbito indicava como causa da morte um aneurisma abdominal. Inicialmente, a morte foi registrada como causa natural, mas a exumação do corpo apontou indícios de assassinato. Para o MPPA, o crime teria sido cometido de forma consciente, como forma de encerrar a relação.
Por suspeitas da família de Renata, o corpo dela foi exumado. A nova perícia apontou que a morte, na verdade, foi causada por asfixia mecânica, possivelmente por ação violenta.
Com base no novo laudo, Hélio Gueiros Neto foi acusado pelo Ministério Público do Pará (MPPA) de feminicídio qualificado (crime motivado por violência doméstica, asfixia e traição), combinado com fraude processual.
A Justiça paraense determinou que Hélio Gueiros Neto fosse levado a júri popular. A decisão foi confirmada pelo Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, em setembro de 2025, negou mais um recurso da defesa para anular o júri popular.
Acompanhamento e Repercussão do Caso
A família de Renata Cardim tem acompanhado o caso de perto ao longo de uma década, buscando justiça. O processo tem sido marcado por sucessivos recursos da defesa. A tia de Renata, Railene Cardim, mantém um perfil no Instagram (@casorenatacardim) para manter viva a memória da sobrinha e clamar por justiça.
Defesa afirma que irá recorrer
A defesa de Hélio Gueiros Neto, que responde ao processo em liberdade enquanto aguarda a realização do júri popular, afirma que irá recorrer da decisão do STJ, reafirmando “sua convicção na solidez das provas apresentadas, em especial os cinco laudos oficiais elaborados pelo Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, que atestam de forma clara e inequívoca a causa natural da morte de Renata Cardim”
Ainda segundo a defesa “não há conflito real de provas, mas a prevalência de cinco laudos técnicos, produzidos por peritos oficiais que realizaram diretamente o exame cadavérico, frente a um único parecer de caráter meramente teórico, emitido oito meses após os fatos e sem contato com o corpo” e que “reitera sua confiança de que a força dos laudos oficiais prevalecerá e que Hélio Gueiros Neto será finalmente inocentado”.