Belém e Pará - No último sábado, dia 30, através do projeto Flying Classroom, criado e coordenado mundialmente pela arquiteta suíça Myrian Gautschi, envolvendo professores e alunos da Fakultät Architektur und Gestaltung, da Alemanha, da Ècole Nacionale Supérieure ‘Architecture, da França e da Faculdade Ideal, de Belém, foi entregue à Dona Nazaré, moradora da ilha do Combu, uma sua edificação ribeirinha, em forma de palafita, com melhoria de adequação ambiental e estruturação para as atividades econômicas. Sob, coordenação local do arquiteto José de Andrade Raiol, foram implementadas, para adequação ao clima amazônica, brises articulados em madeira e quadros compostos por resíduos de madeira selecionados (remos quebrados, braçames e cavernames de canoas abandonadas, entre outros) às margens do rio Guamá, que protegerão da insolação e chuvas, porém permitindo a ventilação cruzada .Igualmente foram executados quadros para hortas verticais, em que foram utilizadas garrafas pet para plantação de coentro, cebolinha, chicória, alface entre outras hortaliças que serão vendidas aos restaurantes.
Tendo em vista que os restaurantes do Combu compram as hortaliças em Belém, porque o solo do combu, às margens do rio Guamá não permite o plantio dessas hortaliças diretamente no próprio solo, anualmente inundado ,nos meses de maior incidência pluviométrica, em cerca de 60 centímetros, o que destruiria a plantação. Utilizando estrutura de madeira, de forma sustentável, com tecnologia contemporânea, os arquitetos franceses Christophe Gonne e Julie Cattant orientaram 18 alunos, entre alemães, franceses e brasileiros, a trabalharem em equipes, estimulando a tomada de decisão num contexto real. Prateleiras móveis para secagem de semente de cacau foram executadas , assim como foram recuperados mobiliários, como cadeiras e bancos e construída uma mesa que composta área de uso para pratos e área para conchas de garrafas pet, incentivando o uso do espaço – denominado de Maloca pelos moradores- para atividades de lazer social.
A bioarquiteta Iêda Melgueiro implantou um sistema de compostagem pelo qual todo resíduo orgânico vegetal oriundo dos restaurantes será encaminhado a uma composteira, que produzirá adubo e fertilizante, os quais, juntados à terra local, formarão um composto que será colocado nas conchas de garrafas pet, sustentados nos já referidos quadros de madeira, onde serão semeadas ou plantadas mudas das hortaliças., cujo produto final será vendido aos restaurantes, fechando o ciclo produtivo. Também o arqutieto Rodrigo Lima, da Faculdade Ideal – FACI – e a arquiteta Anna Karina Rodrigues, da Universidade Federal do Amapá participaram com orientações técnicas aos grupos formados, buscando conciliar a obra com o ecossistema e com a geração de renda local.
Segundo o professor e arquiteto José de Andrade Raiol, a metodologia alemã utilizada,, retirando “o aluno da sua zona de conforto – sala de aula- proporciona condições pedagógicas de olhar o mundo com outros olhos, além de permitir a interdisciplinaridade entre diversas áreas de conhecimento como, sistema construtivo, sistema de conforto ambiental, sistema de compostagem entre outros sistemas, contribuindo para o desenvolvimento local da ilha do Combu.”