Pará

Monkeypox: cresce número de amostras enviadas para análise

Instituto Evandro Chagas, em Ananindeua.
Instituto Evandro Chagas, em Ananindeua.

Por Cintia Magno

No período de menos de 30 dias, o Brasil registrou um aumento de mais de 2.700 casos confirmados de Monkeypox, doença popularmente chamada de ‘varíola dos macacos’. De acordo com dados levantados pela Plataforma ‘Our World in Data’ da Universidade de Oxford, o país saltou de 1.475 casos em 01 de agosto, para 4.216 casos no último dia 25 do mesmo mês. No Estado do Pará, o número de confirmações da doença chegou a 12 na última sexta-feira (26), de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).

Referência para o diagnóstico laboratorial de Monkeypox na Região Norte, o Instituto Evandro Chagas (IEC), órgão ligado à Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE) do Ministério da Saúde (MS), recebe as amostras encaminhadas pelos laboratórios centrais dos Estados do Pará, Amapá, Maranhão e Piauí para a confirmação ou não da doença.

Sobre o trabalho de análise que vem sendo desenvolvido pelo instituto, a pesquisadora da Seção de Virologia do IEC, dra. Mônica Silva, explica que os exames são realizados por meio da técnica q-PCR. “Temos notado um aumento no número de amostras encaminhadas para análise laboratorial. À medida que aumenta a demanda institucional, também aumentamos o corpo técnico responsável pela realização dos testes para podermos cumprir com o prazo de liberação dos resultados que é de até 24h, prazo estipulado pelo IEC”.

Assim como no caso de outras doenças, a pesquisadora considera que pode haver uma subnotificação de casos de Monkeypox, sobretudo se considerada a possibilidade de algumas pessoas não procurarem atendimento médico em caso de suspeita ou, ainda, por desconhecimento. “Algumas pessoas podem confundir os sintomas da Monkeypox com os da catapora, negligenciando a doença e deixando de procurar os serviços de saúde. Além disso, a doença vem sendo estigmatizada devido sua maior frequência em determinados grupo de indivíduos, fazendo com que o paciente evite procurar os serviços de saúde para não se expor”.

ALERTA

Independente disso, a pesquisadora reforça a importância de se buscar o devido atendimento médico mesmo em casos mais leves. Mônica explica que, nos primeiros dias da doença, as principais manifestações clínicas são febre, dor de cabeça e muscular e adenomegalias. “Um a três dias após início da febre aparecem as lesões na pele e mucosas, que podem ser dolorosas”, explica. “As lesões iniciam na forma de mácula e pápulas, evoluem para vesículas (contêm um líquido claro) e, posteriormente, para pústulas (lesões arredondadas e firmes, contêm um líquido opaco). As pústulas evoluem para úlceras, surgindo as crostas que tendem a cair. Na maioria das vezes, a doença é autolimitada, com duração dos sintomas de 14 a 21 dias”.

SINTOMAS LEVES? PROCURE ATENDIMENTO!

O primeiro sinal de alerta é se atentar para os sintomas (lesões), mas a pesquisadora Mônica Silva chama a atenção para a possibilidade de o indivíduo estar infectado, porém não apresentar as lesões. “Temos que salientar, que a transmissão da Monkeypox ocorre principalmente através da secreção das lesões. E, portanto, devemos ficar alertas para o aparecimento das lesões de pele e mucosas”, orienta. “Em casos de aparecimento dos sintomas, principalmente as lesões, o indivíduo deve procurar imediatamente o serviço de saúde, para confirmação do caso e devidas orientações médicas. Essa busca de atendimento independe se os sintomas são leves ou graves”.

Além disso, o paciente precisará adotar medidas de isolamento de outras pessoas e, inclusive, de animais domésticos como cães e gatos para evitar a transmissão da doença. No caso dos animais, a dra Mônica Silva lembra que eles também podem se infectar e passar para os demais membros do domicílio. “Mesmo que o resultado do exame de qPCR seja negativo para Monkeypox, o indivíduo deve ficar em isolamento e realizar um novo teste. Importante que se mantenha o isolamento até o desaparecimento das lesões. O paciente também deve evitar o compartilhamento de objetos pessoais (roupas, tolhas), adotar o uso de máscaras e a lavagem constante das mãos”. O uso de máscaras e a lavagem das mãos têm sido recomendados não apenas para os pacientes com quadros confirmados ou suspeitos da doença, mas para todos.

 

SITUAÇÃO NO PARÁ

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), dos 12 casos de Monkeypox confirmados no Pará até 26 de agosto, 07 são residentes de Belém; 02 de Ananindeua e 03 de Santarém. Outros 22 casos foram descartados;

Ainda 18 casos suspeitos seguem em investigação, notificados por: Santarém (01), Ananindeua (04), Belém (08), Marituba (04) e Benevides (01). O acompanhamento e monitoramento dos pacientes são feitos pelas secretarias de saúde municipais.

 

FIQUE ATENTO

A pesquisadora da Seção de Virologia do Instituto Evandro Chagas (IEC), dra. Mônica Silva, explica que a transmissão da Monkeypox ocorre de pessoa para pessoa por contato com gotículas respiratórias ou lesões cutâneas de uma pessoa infectada, ou por meio de objetos contaminados principalmente com a secreção das lesões, como, por exemplo, lençóis de cama, roupas, toalhas, etc.

Ela alerta, ainda, que a doença apresenta maior gravidade em recém-nascidos, crianças pequenas e pacientes imunocomprometidos, devido à fragilidade da resposta imune.

 

A DOENÇA

A pesquisadora da Seção de Virologia do Instituto Evandro Chagas (IEC), dra. Mônica Silva, explica que a Monkeypox é um tipo de varíola, semelhante à varíola humana, porém com sintomas mais brandos. “É uma zoonose de ambiente silvestre, sendo a infecção no homem considerada acidental. A doença era considerada limitada a alguns países do continente africano, e os casos que ocorriam em outros países tinham relação epidemiológica com a África, como, por exemplo, pessoas que haviam viajado para esse continente ou que tiveram contato com animais procedentes da África. O que se observa, atualmente, é o espalhamento da doença para outros continentes e com transmissão comunitária da doença”.