COMPORTAMENTO

Minimercados autônomos ganham força em condomínios de Belém

Conheça as lojas autônomas em Belém: um novo conceito de comércio que vem ganhando popularidade pela sua conveniência e praticidade.

Quando a empreendedora Virna Lobato decidiu abrir uma franquia da Minha Quitandinha em Belém, há quase quatro anos, ela ainda buscou conciliar a loja com a carreira como advogada. Em pouco tempo, porém, o negócio de minimercado autônomo cresceu tanto que ela precisou fazer uma escolha.  Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Quando a empreendedora Virna Lobato decidiu abrir uma franquia da Minha Quitandinha em Belém, há quase quatro anos, ela ainda buscou conciliar a loja com a carreira como advogada. Em pouco tempo, porém, o negócio de minimercado autônomo cresceu tanto que ela precisou fazer uma escolha. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

A combinação entre autoatendimento e tecnologia tem potencializado um novo cenário para o varejo em Belém, as lojas autônomas. Concentradas, na maioria das vezes, em condomínios residenciais, as conveniências que funcionam com a ausência parcial ou completa de funcionários para mediar as transações vêm enfrentando uma boa aceitação dos clientes.

Quando a empreendedora Virna Lobato decidiu abrir uma franquia da Minha Quitandinha em Belém, há quase quatro anos, ela ainda buscou conciliar a loja com a carreira como advogada. Em pouco tempo, porém, o negócio de minimercado autônomo cresceu tanto que ela precisou fazer uma escolha.

“O início foi há quase quatro anos e para mim foi um processo de transição também de profissões. Eu sou advogada e por um tempo eu ainda tentei conciliar, mas chegou um momento que o negócio foi crescendo e eu tive que fazer uma escolha. Então eu decidi ficar no ramo do empreendedorismo”, lembra.

“A aceitação da loja se deu de forma muito tranquila porque a pandemia fez com que a aceitação fosse melhor ainda. As pessoas se viam nessa necessidade de evitar sair de casa para poder ter oportunidade de comprar no ‘quintal de casa’. Então, as pessoas amam esse tipo de negócio, por isso que tem crescido tanto cada vez mais”.

Foto: Irene Almeida/Diário do Pará
Foto: Irene Almeida/Diário do Pará

A primeira loja de Virna foi inaugurada em um edifício localizado no bairro da Pedreira e, quatro anos depois, hoje ela já mantém seis unidades e caminha para inaugurar a sétima. “O foco é condomínio, mas a gente não dispensa essa possibilidade de abrir em outros lugares como, por exemplo, hotéis, academias, então, é um ramo que pode expandir de diversas maneiras de acordo com a necessidade”, considera, ao informar que a última loja inaugurada por ela fica em um sindicato localizado no bairro do Reduto.

Ainda que a autonomia no atendimento seja a marca do modelo, Virna conta que sempre busca fazer um serviço personalizado, procurando entender a necessidade de cada condomínio.

“A gente não quer simplesmente colocar uma loja dentro do condomínio e que as pessoas não saibam quem é o dono, com quem falar, a quem recorrer. O processo autônomo não está isento de acontecer um erro. A internet pode cair, por exemplo, mas a gente procura trazer essa personificação para o condomínio. O nosso próprio toten tem um QR Code que vai direto para o meu WhatsApp, então, se o cliente tem um problema, ele sabe a quem recorrer”.

Como funciona

No modelo autônomo, os produtos são disponibilizados nas prateleiras ou geladeiras da loja e, ao chegar, o cliente pode escolher os itens que deseja, registrá-los no toten através da leitura do código de barras e efetuar o pagamento com cartão de crédito, débito ou pix. Há ainda a possibilidade de utilizar o aplicativo, escolher as compras, pagar e apenas descer para pegar os itens comprados. Dessa forma, sem que seja necessário um vendedor para mediar o serviço, a loja fica aberta 24 horas por dia, sem que haja o risco de o condômino descer e encontrar a conveniência fechada.

A presença física do proprietário da loja ou de seus funcionários se dá apenas para fazer a manutenção e limpeza do espaço, e para reabastecer o estoque.

“O nosso sistema acusa a necessidade de reposição daquele produto, mas com o tempo a gente também começa a entender a dinâmica daquele condomínio, como é o fluxo de mercadoria, o que vende mais. Tem lojas que vendem mais, então, a gente buscar fazer um abastecimento em uma frequência maior, mas, no geral, a gente faz o reabastecimento no mínimo duas vezes por semana: na segunda feira para repor as mercadorias que foram consumidas no final de semana, e na sexta-feira para preparar a loja para o final de semana, que é quando a gente tem o maior fluxo de vendas”, conta Virna.

Cuidado com o monitoramento

Em alguns condomínios em Belém já é possível ver conveniências que funcionam no conceito de lojas autônomas, estabelecimentos comerciais onde há ausência parcial ou completa de funcionários para mediar as transações. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

O cuidado com o monitoramento para manter a loja sempre abastecida também é uma preocupação da Michele Queiroz, responsável pelo relacionamento com o cliente da MV My Market. A loja de minimercado autônomo nasceu em Belém e em cerca de um ano já expandiu para cinco lojas espalhadas por condomínios na capital paraense. “Essa tendência surgiu em meados de 2020, quando chegou a pandemia. Já era muito comum no Sul do Brasil e vem ganhando força também em Belém”.

Nascida em Manaus, Michele morou por algum empo em São Paulo, onde já convivia com esse modelo de minimercado. Ao se mudar para Belém, ela viu a oportunidade de investir neste tipo de inovação. “Em Belém essa inovação vem ganhando força no cenário porque hoje há essa necessidade grande da liberdade, da autonomia, de você ter a praticidade e a comodidade de atender as suas necessidades sem precisar sair do seu condomínio. Então, esse modelo de negócio foi pensado justamente para a comodidade dos condôminos, para facilitar a vida”.

Para garantir essa praticidade, Michele explica que as lojas são inauguradas com um mix de produtos básicos, que são necessários em uma situação emergencial. Com o tempo, porém, o próprio modelo de negócio permite compreender o perfil de consumo daquele condomínio e, a partir daí, é possível planejar o reabastecimento das mercadorias com mais assertividade. “A gente procura atender os moradores com todos os alimentos básicos e com o tempo a gente passa compreender essa leitura do que eles mais precisam no cotidiano, do que não pode faltar e do que é o emergencial”, explica.

Outro fator que ajuda na gestão das mercadorias é um elemento que, inicialmente, serve ao monitoramento da loja, as câmeras. A partir delas, Michele conta que a equipe consegue verificar à distância se o estoque de algum produto está baixando e até mesmo conversar com os clientes que estão na loja e auxiliá-los caso tenham alguma dificuldade em operar o sistema de pagamento.

Michele Queiroz, responsável pelo relacionamento com o cliente da MV My Market. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Michele Queiroz, responsável pelo relacionamento com o cliente da MV My Market. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

“O nosso monitoramento é por câmeras, a gente fala com morador pela câmera e se a gente perceber que acabou qualquer produto que é rotina, gente tenta não deixar faltar. O nosso desafio maior é não deixar faltar o produto para o cliente, ter as bebidas geladas, os frios, toda a parte de categorias de produto que a gente sabe que tem uma demanda muito grande”, considera Michele.

“Então, tem momentos que a gente abastece três vezes na semana. Às vezes eu venho no domingo organizar a loja porque eu já vi pelas câmeras que baixou o estoque de algum produto que não pode faltar no final de semana. Então, esse monitoramento também é muito importante enquanto gestão porque você tem que conhecer o modelo do seu negócio. A loja autônoma não tem ninguém, mas ela é toda monitorada, a gente tem um fluxo de sistema, a gente sabe quais são os produtos que estão faltando”.

No caso da MV My Market, o acesso à loja é feito a partir de um código de acesso vinculado à cada unidade do condomínio. Portanto, para entrar, o condômino precisa digitar a sua senha e liberar a porta.

“Com isso, a gente sabe quem entrou, quem comprou e se tiver algum equívoco e não conseguiu pagar, a gente pode orientar os moradores. A gente não quer ser robô, a gente quer ser relacionamento e fazer com que o cliente não se sinta totalmente sozinho, apesar de não ter um vendedor na loja”.