Pará

Metade dos jovens paraenses está fora do mercado de trabalho

Diego Monteiro

Um estudo produzido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA) concluiu que a metade da população jovem do Pará, com idades entre 15 e 29 anos, encontra-se fora do mercado de trabalho. Divulgados ontem, os dados revelam ainda que mesmo entre os empregados desse público, uma significativa parcela não possui registro em carteira assinada.

Com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE (PNAD/Contínua), referentes ao último trimestre de 2023, o Pará conta com aproximadamente 2,3 milhão de pessoas dentro da faixa etária mencionada, com uma distribuição equilibrada entre os gêneros: cerca de 1.167.346 milhão são homens, enquanto 1.150.595 milhões são mulheres.

O supervisor técnico do Departamento, Everson Costa, ressalta que, dentro desse contingente, pouco mais de 50,59% estão trabalhando, enquanto a outra parcela enfrenta escassez de oportunidades. Além disso, há um número considerável dos que trabalham sem o devido registro profissional regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que resulta em ocupações precárias e sem direitos trabalhistas.

Para chegar a essa conclusão, o Dieese/PA identificou que a maioria dos trabalhadores estão empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada, totalizando 346.266 pessoas (29,53%). Já os trabalhadores com carteira assinada representam 298.205 jovens (25,43%). Por fim, outros 280.850 trabalhavam por conta própria no mercado informal.

Everson enfatiza ainda a expressiva porcentagem de jovens que se encontra empregado de forma informal, sendo muitas das vezes estão sujeitos a jornadas exaustivas e baixos salários. “A melhoria da educação regular, aliada à oferta de educação profissional e práticas de proteção ao trabalho dos jovens, pode fazer toda a diferença na construção econômica e social de nosso país”, destaca.

No Pará, a instituição de pesquisa distribuiu o número de jovens segundo as faixas etárias. Tinha no período do levantamento entre 15 a 17 anos de idade um total de 462.812 (19,97% da população). Além disso, 309.382 tinham entre 18 a 19 anos (13,35%). Outros 788.591 jovens estavam com 20 a 24 anos de idade. Por fim, 757.156 jovens tinham entre 25 a 29 anos de idade (32,67%).

Carlos Murilo, 17 anos, trabalha com vendas de guarda-chuvas na Presidente Vargas, bairro da Campina. “Tem dificuldades pois estou vulnerável em todos os aspectos, como chuva e sol, que colocam a minha saúde em risco. Apesar de tudo, não posso reclamar, pois daqui que eu tiro o meu ganha pão”, afirma o autônomo.

Daivid Félix, 25, compartilha experiência semelhante, inclusive, os dois trabalhadores garantem que se aparecer uma oportunidade boa de carteira assinada aceitariam. “Apesar dos contras de trabalhar na rua, aqui consigo ter um retorno melhor. Porém, caso apareça uma proposta interessante eu aceitaria na mesma hora”, declara Félix.

Renan Veloso, 28, encontrou estabilidade no mercado formal. Como balconista, ele declara que desfruta da segurança proporcionada pelo emprego com carteira assinada. “Graças a Deus consegui ter boas oportunidades e nunca fiquei desempregado. Estou aqui até então, há cinco anos nesse emprego, o que me deixa mais tranquilo”.

Por fim, o vendedor Daniel Ferreira, 29, entende as dificuldades, mas procura se atualizar com cursos para enfrentar os desafios do mercado de trabalho. “O trabalho para mim é importante, principalmente para a independência financeira. Por isso que quando eu recebo, sempre separo uma parcela do salário para os estudos e assim continuar crescendo, evoluindo, para não ter problemas”, conclui.

Daivid Félix (acima) diz que espera boa oportunidade para trabalhar com carteira assinada. Daniel (abaixo) procura se atualizar para o mercado de trabalho FOTOs: wagner almeida