Pará

Mesmo com chuvas, Pará tem sensação térmica alta em março

Mesmo com maior sensação térmica, deve chover bastante até o mês de junho no Estado

FOTO: WAGNER SANTANA
Mesmo com maior sensação térmica, deve chover bastante até o mês de junho no Estado FOTO: WAGNER SANTANA

Pryscila Soares

Na região amazônica, março é tido como o mês das chuvas mais intensas. No Pará, tradicionalmente, o chamado “inverno amazônico” inicia em meados de janeiro e segue até junho. É a época em que os paraenses não podem sair de casa sem uma sombrinha. Mas, ao contrário do que a população está acostumada, o período chuvoso deste ano está sendo atípico com temperaturas chegando a 33°C, dias ensolarados e chuvas com distribuição irregular.

É o que aponta o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet-Pará). Em janeiro, por exemplo, o índice pluviométrico ficou abaixo da média histórica, calculada para o mês nos últimos 30 anos, que é de 380 milímetros, equivalente a 380 litros de chuvas para cada metro quadrado da região. Choveu somente 248.5 milímetros. As temperaturas máximas chegaram a 35°C, com predominância de dias mais ensolarados, conforme explicou o meteorologista e coordenador do Inmet, José Raimundo Abreu.

Já em fevereiro, choveu 433.3 milímetros e, com isso, o volume de chuvas ficou dentro da média histórica, calculada para o mês nos últimos 30 anos, que é de 437.8 milímetros. “Estamos sim vivenciando um inverno atípico porque tem uma nebulosidade que não está se traduzindo em volume de chuvas intensas. Desde janeiro e fevereiro estamos com uma grande variabilidade de chuvas, mesmo dentro da capital, de bairro para bairro. Estão ocorrendo muitas chuvas na Transamazônica e em áreas como Novo Progresso, Aveiro e Itaituba, enquanto que no Sudeste teve menos chuvas e em Belém as tempestades estão ocorrendo em áreas isoladas”, informou Abreu.

Mesmo com maior sensação térmica, deve chover bastante até o mês de junho no Estado
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ATÍPICO

Diferente de anos anteriores, este ano, os fenômenos meteorológicos responsáveis pela ocorrência de chuvas mais intensas e demoradas estão atuando de forma isolada. “Este ano não teve a junção de dois ou três fenômenos. Eles se formaram isolados e estão atuando de forma isolada. Embora atuantes, estão formando nuvens de tempestades severas, mas em áreas pontuais. A zona de convergência intertropical, a zona de convergência do Atlântico Sul, a Alta da Bolívia, o vórtice ciclônico de altos níveis e o sistema de brisas marítimas e terrestres são os fenômenos responsáveis pelas chuvas na região”, destaca o especialista.

Do dia 1º até anteontem (6), o mês de março registrou um volume de chuvas de 90.7 milímetros. A média histórica, calculada para o mês nos últimos 30 anos, é de 506 milímetros. A previsão do Inmet é de que as temperaturas médias observadas até o momento se mantenham ao longo deste mês. Segundo Abreu, quando o dia está ensolarado, a temperatura máxima marca uma média de 33°C. Quando chove reduz para 28°C. Ao amanhecer, as mínimas variam entre 22°C a 23°C, e quando a cobertura de nuvens permanece durante todo o dia a temperatura máxima varia entre 28°C a 30°C.

“Estamos no Inmet fazendo análise e a nossa previsão e, conforme ocorreu em fevereiro, é de que o volume de chuvas em março fique dentro da média histórica. Está obedecendo uma certa normalidade e até o dia 31 deve chegar a média. Mas é muito provável que não tenhamos chuvas extremas”, disse o meteorologista.

Apesar do inverno atípico, Abreu lembra que não há uma redução importante do volume de chuvas. Ao contrário disso, o especialista afirma que houve uma elevação na incidência das chuvas nas últimas décadas, especialmente na capital. “Belém é a capital que mais chove no Brasil, chegando à média anual de 3.300 milímetros. De 70% a 80% das chuvas ocorrem de janeiro a junho. Antigamente, a média anual de chuvas era 2.600 milímetros, em 1930. Isso mostra que houve um aumento de 700 mm”, declarou.