MULHERES DE 50+

Maturidade feminina deixa de ser tabu e ganha novo significado

Durante décadas, chegar aos 40 ou 50 anos foi encarado como o início de um declínio: limitações físicas, perda da sexualidade e uma vida marcada por renúncias.

Reprodução/Canva
Reprodução/Canva

Durante décadas, chegar aos 40 ou 50 anos foi encarado como o início de um declínio: limitações físicas, perda da sexualidade e uma vida marcada por renúncias. Hoje, esse cenário tem se transformado. Uma nova geração de mulheres vem ressignificando e encarando a maturidade como uma fase de liberdade, saúde e potência. 

Mais do que lutar contra o tempo, elas se reinventam, ampliam horizontes e mostram que a vida pode ganhar ainda mais intensidade depois da meia-idade. A farmacêutica e empresária Ana Claudia Eluan, de 48 anos, é um exemplo dessa nova mentalidade. Ela defende que a maturidade feminina não deve ser vista como fim, mas como recomeço.

“Realmente há uma nova geração de mulheres. Elas são as grandes responsáveis por uma mudança mental e cultural. Essas mulheres, eu me enquadro nisso, estão no auge da produtividade, namorando, tendo uma vida sexual plena, trabalhando, são atletas ou praticam atividades físicas”, afirma.

Para ela, os 50 não precisam ser comparados a nenhuma outra idade. “Os 50 são os novos 30? Não, os 50 são os novos 50. Uma nova mulher de 50 anos. Quando eu via a minha mãe [nessa idade], era uma senhora, com netos, prestes a se aposentar. A mulher de 50 anos está entrando na menopausa, que é associada à finitude, o tricozinho no final do dia, mas não é bem assim”, ressalta.

Foto: Ana Mokarzel / divulgação.

Entre os pilares para viver essa fase de forma plena, Ana Claudia aponta três pontos fundamentais: atividade física, saúde emocional e informação de qualidade. “Atividade física em primeiro lugar, como um remédio que não importa se você gosta; tem que fazer. Terapia – muito importante o autoconhecimento; lidar não com o fato de ‘eu estou envelhecendo’ mas com o que vai acontecer no final, para lidar com as possíveis limitações. E informação – é poder e está de graça”, destaca.

Ainda sobre o acesso a informações, Eluan destaca que o conhecimento dá a “previsibilidade do que virá”. Perguntas como “o que é envelhecer?”, “o que é o climatério?”, “o que é a menopausa?” são sanadas e, a partir disso, adaptadas às realidades e transformam a vida, deixando-as mais leves. “O que vou precisar para ter o melhor terço da minha vida, o melhor que eu já tive até hoje? É intensificar a musculação ou suplementação? Respondendo essas perguntas, vou saber como seguir. É por isso que o autoconhecimento é tão importante”, pondera.

Ela reforça que envelhecer exige disciplina, mas também abre novas possibilidades. “Envelhecer é transgredir; e para transgredir é preciso repertório: envelheço, mas continuo mantendo o corpo jovem”, diz. E lembra o fato de as limitações estarem ligadas à maternidade. “Tenho 48 anos, mas tenho uma filha de 6 anos, ou seja, tive um bebê aos 42 anos… por aí você tira. Hoje eu faço yoga, que nunca fiz, é meu momento de equilíbrio. E, para além da questão da prática, as mulheres precisam entender que é uma prova de que você pode fazer coisas novas”, compartilha.

Segundo a farmacêutica, a menopausa precisa ser vista também sob uma perspectiva social, não apenas biológica. E, para atravessá-la com qualidade, o acompanhamento profissional é indispensável. Para garantir a maturidade, é preciso “buscar e ser acompanhada por profissionais adequados. Buscar uma equipe multidisciplinar, como médico, ginecologista, psicólogo, nutricionista, educador físico, e que te reconheçam como essa mulher que envelheceu e que a vida está só começando”.

Ao falar da própria trajetória, ela reconhece que o maior desafio da maturidade está em alinhar corpo e mente. “É inegável que pela menopausa e perimenopausa o corpo vai ficar desalinhado à mente. É necessário manter os dois alinhados para viver de forma mais plena. Sem nenhum clichê eu digo que estou na melhor fase”, afirma.

Ana Claudia utiliza seu perfil no Instagram @anaClaudia.eluan como espaço para compartilhar informações sobre saúde e maturidade, tendo um canal de informação para explicar que “não se pode relaxar. A mulher precisa se munir de várias coisas. Não ficou difícil envelhecer, ficou mais trabalhoso; requer mais cuidado comigo, com a cabeça, com o corpo, a prática de atividade física e tempo de qualidade”.

E para aquelas que ainda encaram a chegada aos 50 com medo, o conselho dela é claro: assumir a maturidade como símbolo de força. “Como liberdade. Eu não acredito no ‘esconder’ e nem no rejuvenescer. A potência do 50+ é assumir a maturidade como força para viver melhor. Tudo isso sem pedir licença”, conclui.