Pará

Matador dos irmãos Novelino morre no presídio

Cardias foi apontado como o executor do crime. Foto: Adauto Rodrigues/Diário do Pará/arquivo
Cardias foi apontado como o executor do crime. Foto: Adauto Rodrigues/Diário do Pará/arquivo

O ex-policial civil Sebastião Cardias Alves morreu nesta terça-feira, 3, no Complexo Penitenciário de Americano, onde cumpria pena por ter sido o executor dos irmãos Ubiraci e Urakitan Novelino, assassinados cruelmente em abril de 2007. Ele foi condenado a 80 anos de prisão e teria morrido após ter contraído tuberculose. O Instituto Médico Legal (IML) de Castanhal recebeu o chamado para remover o corpo no início da manhã desta terça.

Os irmãos, que eram empresários, foram atraídos para o escritório da empresa Service Brasil, no bairro de Batista Campos, em Belém. Ubiraci e Urakitan iam receber uma dívida contraída pelo também empresário João Batista Ferreira Bastos, conhecido como “Chico Ferreira”. O que eles não sabiam é que estavam caindo em uma armadilha, que custaria a vida dos dois.

Os irmãos foram assassinados brutalmente. Foto: Reprodução

Quando os irmãos não voltaram para casa naquela noite, o pai deles, Ubiratan Lessa Novelino, acionou a polícia e foi até a sede da Divisão de Investigações e Operações Especiais (Dioe). No prédio, o pai das vítimas encontrou Chico Ferreira, que, ao ser questionado pela imprensa, dizia estar na Dioe com a missão de colaborar com as investigações. Foi instaurado um inquérito policial, conduzido pela Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO).

O crime começou a ser elucidado na tarde do dia 26 de abril, quando um investigador da Delegacia de Benfica recebeu várias ligações, informando que um carro estava sendo desmontado no sítio Gueri-Gueri, pertencente ao radialista Luiz Araújo. Ao chegar ao local, o policial constatou que era um carro Corolla preto com características, que depois vieram a ser confirmadas, do carro em que os irmãos Novelino saíram na noite anterior para se encontrar com Ferreira.

CONTRATO

Preso, Luiz Araújo acabou incriminando o empresário Chico Ferreira, que também foi detido quando estava internado em uma clínica no bairro do Umarizal. Paralelamente a essa ação, a polícia prendeu também o mecânico Messias de Jesus Nunes e o barqueiro João Carlos Figueiredo, peças-chave para a elucidação do crime.

Assim, a Polícia Civil conseguiu identificar os executores como sendo o ex-policial civil Sebastião Cardias Alves, que se entregou no Fórum Criminal ao juiz Paulo Jussara, e o ex-fuzileiro naval José Augusto Marroquim de Sousa, detido em Fortaleza 5 dias depois.

Segundo o volumoso inquérito policial de mais de 5 mil páginas, Chico Ferreira tinha uma dívida com os irmãos Novelino. Com a intermediação de Luiz Araújo, ele contratou os matadores, que se esconderam dentro da empresa Service Brasil e, simulando um assalto, assassinaram os irmãos.

Os corpos foram colocados em dois camburões comprados por Luiz Araújo e transportados até um porto na Estrada Nova. De barco, foram levados para o meio da baía do Guajará e jogados no rio. Dez dias depois, em intensas buscas com mergulhadores e redes de arrasto, um pescador encontrou o primeiro corpo, a 17 metros de profundidade, que foi resgatado por homens do Corpo de Bombeiros.

No dia seguinte, o segundo corpo foi achado próximo dali. Terminava o calvário da família e começava a batalha judicial contra os acusados. Indiciados por homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e outros agravantes, os 6 homens foram a júri popular 6 meses depois.

Além de Sebastião Cardias, ouro envolvido no crime morreu há alguns anos. Ele cumpria pena na penitenciária afederal de Campo Grande (MT). Em abril de 2010, morreu após ficar 23 dias em coma na UTI de um hospital de Campo Grande. Ele também foi condenado a 80 anos.