NASCIDA EM 1900

Marajoara de Cachoeira do Arari morre aos 124 anos em Icoaraci

Teodora Maria Alcântara, natural de Cachoeira do Arari, vivia atualmente no distrito de Icoaraci,na casa de uma das filhas.

Teodora Maria Alcântara
Teodora Maria Alcântara

Nascida em 18 de agosto de 1900, na comunidade rural do Japum, no município de Cachoeira do Arari, dona Teodora viveu por mais de 12 décadas de forma simples e marcante. Até os 122 anos, residia em sua modesta casa no interior marajoara, local que tratava com carinho como se fosse um palácio. Foi levada para Icoaraci para receber cuidados de saúde após apresentar problemas de pressão arterial.

Na mudança, precisou deixar para trás o sítio onde criava patos, galinhas caipiras e porcos — localizado a cerca de 25 km da PA-154, estrada que liga Salvaterra a Cachoeira do Arari.

Teodora deixa um legado de vida extenso: 11 filhos, 38 netos, 40 bisnetos e 8 tataranetos. Estava viúva desde 1980, após o falecimento do terceiro marido.

Figura emblemática

Durante a pandemia de Covid-19, foi vacinada em casa e, com bom humor, reclamou da aplicação à enfermeira. Em 2022, enfrentou o corte de seu benefício previdenciário sob a justificativa de que estaria morta. Após ampla repercussão na imprensa paraense e com o apoio do presidente do INSS, o pagamento foi restabelecido.

Sua trajetória atravessou dois séculos e foi marcada por eventos históricos. Viveu a pandemia da gripe espanhola, em 1919, aos 19 anos, e a da Covid-19, em 2021, aos 121. Acompanhou as duas guerras mundiais pelo rádio, soube da chegada do homem à Lua e presenciou transformações políticas profundas no Brasil ao longo de um século.

Últimos Dias e Legado

Teodora faleceu por volta das 2h da manhã enquanto dormia. Segundo familiares, ela apresentava respiração ofegante e quadro de hipertensão desde o início da noite anterior. Um dos parentes percebeu sua ausência de sinais vitais ao verificá-la durante a madrugada.

O corpo foi velado durante a quarta-feira (14) e seguiu em embarcação durante a madrugada rumo ao porto Bom Jesus, na comunidade do Bacuri, na ilha do Marajó. O sepultamento será realizado no cemitério Santa Euzébia.

Apesar de possuir certidão de nascimento e documento de identidade reconhecidos, dona Teodora não chegou a ser oficialmente registrada pelo Guinness World Records como a mulher mais velha do mundo.

Em nota oficial, o prefeito de Cachoeira do Arari, Jaime Barbosa (MDB), lamentou o falecimento. “Hoje, nosso município perde uma referência em longevidade e força de viver. Dona Teodora marcou a história de nossa região para o mundo”, afirmou.