Pará

Manutenção de embargo da China preocupa mercado paraense de carne

A lista inclui desde o tradicional arroz e feijão –dois dos alimentos mais consumidos pelos brasileiros– até o coco, grãos e farinha. Mas o governo deixou de fora todos os tipos de carne.
Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.
A lista inclui desde o tradicional arroz e feijão –dois dos alimentos mais consumidos pelos brasileiros– até o coco, grãos e farinha. Mas o governo deixou de fora todos os tipos de carne. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Luiz Flávio

Mercados de países que haviam embargado a importação de carne do Brasil em razão do caso atípico de “Vaca Louca” registrado mês passado numa fazenda no Sul do Pará – como Filipinas e Jordânia – estão voltando aos poucos ao processo normal de compra. Entretanto a China, maior importador do produto do Brasil, ainda mantém a importação suspensa. A expectativa é que o volume de abates tenha reduzido no Pará entre 30% a 40% desde o embargo decretado no último dia 23 de fevereiro, calcula o Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados (Sindicarne).

“O Ministério da Agricultura já encaminhou toda a documentação para a China e até já realizaram uma conferência virtual. Não há mais nada que impeça a reabertura das negociações, apenas a decisão dos chineses e infelizmente não temos como prever quando isso vai acontecer”, lamenta Daniel Freire, presidente do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados (Sindicarne).

O Pará produz atualmente cerca de 1 milhão de toneladas de carne bovina ano/ano. Desse total, 250 mil toneladas ficam para o consumo interno e outras 100 mil toneladas são exportadas. Do total exportado, 70% é para a China.

Daniel não tem como precisar, no momento, o quanto significou de prejuízo ao segmento esses 20 dias sem exportar a carne. “Só podemos calcular isso uns 10 dias depois do fechamento de um mês. Como o bloqueio ocorreu em 23 de fevereiro, não temos ainda o número fechado de fevereiro nem temos como calcular esses primeiros 13 dias de março, já que são dados municipais, estaduais e federais que precisam ser contabilizados”, afirma

Ele lamenta que a China ainda não tenha normalizado a importação. “O que ocorre é que todas as empresas que exportam para esse país estão com as câmaras frigoríficas lotadas de carne porque não conseguem escoar a produção feita entes do dia 22 de fevereiro. Esperamos que esse bloqueio caia o quanto antes”, espera.

“Nosso país e o Estado do Pará cumpriram com todos os protocolos sanitários estipulados pelas organizações mundiais de saúde animal e detectaram a tempo o caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), registrada no interior do Pará, garantindo assim a confiabilidade do produto paraense”, completa.

PARA ENTENDER

  • O Ministério da Agricultura informou que o caso isolado de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), o “mal da vaca louca”, registrado no Pará em fevereiro foi confirmado como atípico. O laudo foi fornecido pelo laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), que fica em Alberta, no Canadá. Isso significa que a doença detectada em um animal de nove anos no município de Marabá surgiu de forma espontânea no organismo do animal, sem risco de disseminação no rebanho nem ao ser humano.
  • O caso foi identificado em 22/02, quando o ministério notificou a OMSA sobre a confirmação da doença. Em seguida as exportações de carne bovina brasileira para a China foram imediatamente suspensas pelo Ministério da Agricultura de forma voluntária, como prevê o protocolo estabelecido entre os países.