Pará

Maniçoba salgada: Maniva está 15% mais cara este ano

Feirantes estão otimistas e esperam vender bastante ingredientes para o almoço do Círio deste ano FOTO: WAGNER ALMEIDA
Feirantes estão otimistas e esperam vender bastante ingredientes para o almoço do Círio deste ano FOTO: WAGNER ALMEIDA

Diego Monteiro

Com a aproximação do Círio de Nazaré, aumenta a procura por ingredientes que compõem o tradicional almoço da quadra nazarena. Um desses itens é a maniçoba, que ocupa lugar de destaque nos lares dos paraenses, mas que, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese/PA), encareceu mais que o dobro da inflação este ano.

Basta observar o preço da maniva vendida nas feiras de Belém, que apresentou uma alta de 15% este ano em relação ao mesmo período de 2022. No caso do quilo do produto cru, está sendo oferecido no Ver-o-Peso a um valor de R$ 4 a R$ 5, enquanto a pré-cozida custa de R$ 7 a R$ 12. A pesquisa do Dieese/PA foi realizada entre os dias 16 a 21 de setembro.

Referência quando o assunto é ingredientes para o almoço do Círio de Nazaré, Dinair Barros, 62 anos, ressalta que, de fato, os preços estão mais elevados, mas garante que para o consumidor final não houve mudanças drásticas. “Com um certo jogo de cintura, dá até para negociarmos um valor interessante, mas o objetivo é não penalizar o freguês e garantir que ele leve o produto”, disse.

Dinair complementa: “Por enquanto ainda dá para segurar o reajuste, e, dessa forma, garantimos a fidelidade dos clientes, mesmo que a margem de lucro, na maioria dos casos, seja bem menor do que queríamos. Estamos de olho para que os preços possam atrair os clientes, e a expectativa é de grande movimento, principalmente porque este é o segundo ano em que o Círio de Nazaré volta às ruas”.

Nas maiores redes de supermercados, o Dieese/PA concluiu que o quilo da maniva ficou entre 10% e 15% mais caro. Nesses estabelecimentos, a maniva pré-cozida oscilou entre R$ 4,59 a R$ 9,95, dependendo do fornecedor. E analisando tanto as feiras como os supermercados, as diferenças de preços podem alcançar mais de 30%.

Elis Correia Soares, 40 anos, declarou que, no momento, não há previsão de reajuste no preço da maniva para o cliente. “Aqui no Ver-o-Peso é onde o cliente vai encontrar a melhor maniva e com preço justo. No ano passado, de janeiro a dezembro, cheguei a vender em média 10 toneladas. Este ano pretendemos superar essa marca, e o Círio é uma boa ferramenta para isso”, frisou o feirante.

Outro detalhe lembrado por Elis é que a feira dá oportunidade para a clientela obter um desconto antes de fechar o negócio. “Dependendo de como vai fluir a conversa, podemos ter um abatimento de 10% a 15% no preço. Estamos aqui para chegar a um acordo e garantir que os nossos clientes tenham um almoço especial junto com a família”, completou.

Nessa combinação não pode faltar os ingredientes, ou como os paraenses chamam, a mistura. Nesse caso, é um combo de itens que contém bacon, charque, chouriço, calabresa, toucinho salgado e toucinho defumado, lombo, além de costeleta, orelha, rabo e o pé de porco. Uma pesquisa feita pelo DIÁRIO concluiu que, para uma família de quatro pessoas, um quilo dessas iguarias custa R$ 52,50.

“Com essa quantidade dá para fazer o que chamamos de ‘maniçobão’. Mas claro, se aumenta a quantidade de pessoas para esse almoço, aumenta também o peso da mistura e por isso é bom ficar atento. Nada de fazer uma maniçoba aguada para os convidados, pois aí de nada valeu. Estamos abastecidos para os próximos dias, até após o Círio”, ressaltou o feirante Orivaldo Silva Santos, 66.

Ainda no Ver-o-Peso, uma garrafa PET de dois litros de tucupi oscila de R$ 6 a R$ 10. Já em mercados como os de São Brás, Batista Campos, Terra Firme, Jurunas, Guamá, Telégrafo, Barreiro e Icoaraci, o mesmo item pode chegar a R$ 20. Nas grandes redes de supermercados espalhados pela cidade, o mesmo item pode variar entre R$ 11,49 e R$ 23,90.

Para todos os itens para o almoço do Círio, os feirantes estão com otimismo em relação às vendas deste ano e explicam que já estão acima da expectativa. “Está começando ainda, por isso é necessário deixar a agonia de lado. Apesar de ainda estarem mornas, a expectativa de muitos é de boas vendas esse ano, superiores em 20% do que as de 2022”, afirma Edilson Henrique Moraes, 66.