Ana Laura Costa
Mais de 30 mil fiéis prestigiaram a 47ª Festividade de Corpus Christi, em Capanema, região nordeste do Estado, durante a manhã de quinta-feira (8).
Em frente à Igreja Matriz do Perpétuo Socorro, o público acompanhou a tradicional missa campal, conduzida pelo bispo Dom Carlos Verzeletti, e seguiu pelas ruas da cidade em procissão ao longo dos 1.300 metros do tapete artístico de serragem e areia colorida que abriu caminho para o Santíssimo Sacramento.
Com o tema “Eucaristia fonte de vida que gera Vocação para o Reino” e lema “A missão que faz nascer o amor”, este ano a celebração, que é reconhecida como patrimônio imaterial cultural do Pará desde 2022, superou as expectativas de fiéis e visitantes que tornam a festividade cultural tão peculiar, segundo o coordenador da solenidade, Mauro Menezes.
Desde às 18h30 de quarta-feira (7), mais de 500 jovens de comunidades paroquiais do município, deram início a confecção do clássico tapete artístico, que homenageia o sangue e corpo de Cristo. O trabalho foi concluído às 6h de ontem, uma hora antes do início da solenidade.
“Devido ao reconhecimento da festividade como patrimônio imaterial cultural do Estado no ano passado, e o período pós-pandemia em que vivemos, o alcance da solenidade este ano está muito bom. Trabalhamos desde fevereiro para que hoje pudéssemos celebrar junto não só à nossa comunidade, mas com pessoas do Pará todo. O público que está aqui hoje superou todos os outros anos”, afirma.
O governador Helder Barbalho também marcou presença na celebração e acompanhou o encerramento da procissão em frente à Igreja Matriz. Em discurso, destacou a importância do evento para a cultura paraense.
“Não poderia deixar de estar aqui para prestigiar essa tradição que é patrimônio imaterial cultural da nossa história, que tem a beleza e peculiaridade de retratar pelas ruas de Capanema a Santa Escritura. Festejo poder mais um ano prestigiar, agradecer pelas graças alcançadas e pedir proteção ao povo do Pará, para que decisões tomadas sejam acertadas. Esta não é qualquer procissão”, disse.
FIÉIS
Dos altos das sacadas, moradores enfeitaram as residências e acompanharam a missa seguida da procissão. Na praça, em frente à Igreja Matriz, fiéis emocionados contaram um pouco de suas experiências na festividade que completa 47 anos.
O pintor Reinaldo Carneiro, de 27 anos, é desses capanemenses que não deixam de participar da solenidade, mesmo não morando mais no município. “Hoje moro na Vila Iraquara, em Santarém-Novo, mas sempre participo da festividade, nasci e me criei aqui, faz parte da tradição da família mesmo. Sempre que Deus me permitir, venho à cidade, principalmente nesta época. A gente fica bem, né? Se sente tranquilo ao fazer parte disso tudo”, conta.
E por falar em tradição, a vendedora Ana Cátia Costa, 32, revela que desde criança acompanha a solenidade de Corpus Christi, uma herança cultural que continua transpassando as gerações da família. “Durante toda a minha infância participei dessa celebração, que é muito nossa, algo muito especial para nós que moramos aqui. Então, hoje trago minha família, para cultivar junto essa lembrança, esse momento, e assim vamos passando de geração para geração”, ressalta.
Mas a festividade não encanta apenas os moradores de Capanema, os tapetes de serragem são atrações turísticas que atraem pessoas de outras cidades paraenses. Assim, a convite da filha que mora há pelo menos 13 anos no município, a aposentada Francisca Miralcide, de 60 anos, saiu de Ourém, no Marajó, para prestigiar o evento pela primeira vez.
“Minha filha me fez o convite e eu aceitei. Estou encantada, tudo muito lindo, estou gostando muito! Se soubesse, teria vindo antes. Mas com certeza pretendo voltar mais vezes”, ressalta.