Mães mais tarde e em menor número: o novo retrato da mulher paraense

O Pará acompanha a tendência nacional de queda na fecundidade e adiamento da maternidade, de acordo com os dados do Censo Demográfico 2022, divulgados nesta quinta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Taxa de Fecundidade Total (TFT) do estado ficou em 1,83 filho por mulher — acima da média nacional (1,55), mas ligeiramente abaixo da média da Região Norte (1,89).

Mesmo com a redução, o Pará permanece entre os seis estados com as maiores taxas do país, ao lado de Mato Grosso do Sul. Os maiores índices foram registrados em Roraima (2,19), Amazonas (2,08), Acre (1,90), Amapá (1,89) e Mato Grosso (1,85).

Fecundidade cai com maior escolaridade

O estudo mostra que a fecundidade está diretamente ligada ao nível de instrução das mulheres. No Pará, a média de filhos entre mulheres com ensino superior completo é de apenas 1,33, enquanto entre aquelas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto a taxa sobe para 2,37 filhos.

Taxa de Fecundidade Total por nível de escolaridade no Pará:

• Sem instrução e fundamental incompleto: 2,37 filhos
• Fundamental completo e médio incompleto: 2,0 filhos
• Médio completo e superior incompleto: 1,59 filho
• Superior completo: 1,33 filho

Maternidade adiada

A idade média em que as mulheres paraenses têm filhos também aumentou. Em 2010, era de 25,4 anos. Já em 2022, subiu para 26,8 anos — a menor entre os estados brasileiros, embora ainda evidencie um movimento de adiamento da maternidade. No Brasil, a média foi de 28,1 anos.

Assim como a taxa de fecundidade, a idade média da maternidade também varia conforme o nível de instrução. No Pará, mulheres com ensino superior completo têm filhos, em média, aos 29,1 anos. Já aquelas com menor escolaridade engravidam por volta dos 25,9 anos.

Evolução da idade média ao ter filhos por escolaridade no Pará (2010 → 2022):

• Sem instrução/fundamental incompleto: 24,9 → 25,9 anos
• Fundamental completo/médio incompleto: 25,3 → 26,5 anos
• Médio completo/superior incompleto: 26,3 → 27,3 anos
• Superior completo: 27,6 → 29,1 anos

Há também distinções por raça ou cor. Em 2022, mulheres brancas no estado tinham filhos em média aos 27,4 anos, enquanto mulheres pretas e pardas registraram 26,7 anos.

Mais mulheres sem filhos

Outro dado relevante revelado pelo Censo é o crescimento no número de mulheres que encerraram o ciclo reprodutivo sem filhos. No Pará, o percentual de mulheres de 50 a 59 anos que nunca tiveram filhos passou de 8,5% em 2010 para 14,2% em 2022. No Brasil, esse índice foi ainda maior: saltou de 11,8% para 16,1%.

Também caiu o número médio de filhos entre mulheres dessa faixa etária. No Pará, a média foi de 4,3 filhos por mulher em 2010 para 3,0 em 2022 — mesmo com a redução, ainda acima da média nacional (2,2 filhos).

Comportamento reprodutivo em transformação

Essas mudanças no perfil reprodutivo refletem transformações sociais mais amplas: maior acesso à educação, métodos contraceptivos, informações sobre saúde sexual e reprodutiva, e participação das mulheres no mercado de trabalho.

Os dados fazem parte da nova divulgação do Censo Demográfico 2022: Fecundidade e Migração – Resultados Preliminares da Amostra, e estão disponíveis no portal do IBGE, na plataforma SIDRA e no Panorama do Censo, com mapas interativos e filtros por recortes como cor/raça, religião e faixa etária.